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Aracruz: Professor diz ter impedido atirador de recarregar arma em atentado

Adolescente de 16 anos foi apreendido na tarde de hoje suspeito de ser autor dos disparos - PCES/divulgação
Adolescente de 16 anos foi apreendido na tarde de hoje suspeito de ser autor dos disparos Imagem: PCES/divulgação

Do UOL, em São Paulo

25/11/2022 19h01Atualizada em 25/11/2022 20h04

Um professor de 37 anos, presente na sala dos docentes invadida pelo adolescente de 16 anos que promoveu um atentado contra duas escolas de Aracruz (ES), na manhã de hoje, disse ter entrado em confronto com o ex-aluno da instituição e conseguido impedir que ele recarregasse a arma de fogo usada na ação. Em entrevista ao UOL, o homem, que pediu para não ser identificado, disse que ele e os colegas foram surpreendidos enquanto estavam tomando café, pouco antes das 10h.

"Assim que vi ele entrando armado e atirando, tentei me abrigar e achei uma barra de ferro", contou o profissional de ensino. Na primeira investida durante o crime, seis pessoas foram baleadas.

"Quando percebi que ele estava recarregando a pistola, bati na mão dele para tentar evitar que ele recarregasse e ele fugiu". No local, ele atingiu 11 pessoas, duas delas, professoras que morreram ainda no local - a professora de matemática Cybelle Passos Bezerra Lara, 45, e a docente de artes Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, 48.

"Só vi ele entrando no carro e indo embora", completou o professor.

Depois de desistir da ação na sala dos professores, no entanto, o garoto teria deixado a unidade de ensino, mas resolveu investir contra uma segunda escola, o Centro Educacional Praia de Coqueiral, na mesma avenida. No local, uma aluna foi morta.

De acordo com o capitão da PM Sérgio Alexandre, o atirador estava munido de uma pistola e carregadores quando invadiu a primeira unidade de ensino. Ele teria ido diretamente à sala dos professores, onde teria ameaçado profissionais no local e deu início aos disparos.

Um adolescente de 16 anos foi apreendido no início da tarde de hoje suspeito de ser o autor dos disparos. De acordo a Polícia Militar, ele seria filho de um PM, teria usado a arma do pai e, no momento da detenção, não ofereceu resistência e se entregou.

Imagens feitas por câmeras de segurança registraram a ação do atirador no Centro Educacional Praia do Coqueiral, a segunda unidade invadida. Os vídeos mostram a entrada do suspeito — ele usa um macacão e um chapéu camuflados, uma máscara com sorriso de caveira e um cinto preto em volta da cintura, aparentemente preparado para guardar munições.

Levando uma arma nas mãos, o infrator atravessou o portão do colégio, após arrebentar um cadeado, e correu em direção à porta de acesso ao prédio onde ficam as salas de aula. Ele então começa uma "caçada" pelos corredores da escola, correndo por diversas áreas do edifício e esticando a arma com frequência, ficando em posição para atirar.

Um dos trechos mostra dois alunos e uma funcionária caminhando por um corredor quando, de repente, ouvem a ação do atirador. Eles então começam a correr e se separam em busca de refúgio, sendo seguidos. Uma outra câmera capturou um aluno correndo para dentro de uma sala de aula vazia, com a mão na barriga. Logo em seguida, o garoto cai no chão, ensanguentado na região do abdômen.

Toda a ação no colégio durou pouco menos de 2 minutos. Segundo informações da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Espírito Santo, três pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas nos dois atentados.

Na escola municipal que registrou o primeiro ataque, a morte de duas professoras foi confirmada - a professora de matemática Cybelle Passos Bezerra Lara, 45, e a docente da área das artes Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, 48.

Os tiros foram ouvidos por vizinhos dos colégios. A polícia investiga se houve algum outro envolvido no crime que poderia ter ajudado na condução do veículo usado na ação, um Renault Duster de cor dourada.

No Twitter, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse ter tomado conhecimento do caso "com tristeza". "Minha solidariedade aos familiares das vítimas dessa tragédia absurda", escreveu, e prestou apoio ao governador Renato Casagrande (PSB) "na apuração do caso e amparo para as comunidades das duas escolas atingidas".

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), classificou a ação de "covarde" e decretou luto oficial de três dias.