PM filmou resgate em tribunal do PCC de mulher por negar beijo a traficante
Câmeras acopladas às fardas de policiais militares registraram o resgate de Karina Martins Bezerra, 26, das mãos do "tribunal do crime" montado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) na manhã de 15 de agosto deste ano em uma favela na zona leste de São Paulo. Em depoimento à Polícia Civil, ela disse ter sido sequestrada de um bar no Itaim Paulista na noite anterior após ter se recusado a beijar um traficante.
Dez dias depois, ela foi novamente localizada e assassinada na favela de Paraisópolis, zona sul da capital paulista, segundo a Polícia Civil. A região para onde ela foi levada é apontada como um dos principais redutos da facção criminosa. O corpo dela não foi localizado.
Os seis suspeitos presos preventivamente sob a acusação de integrar o "tribunal do crime" montado pelo PCC no episódio negaram envolvimento na ação — com exceção da vítima, todas as pessoas que aparecem no vídeo da PM estão presas. O UOL Notícias teve acesso ao depoimento gravado pelos suspeitos em audiência de custódia no dia 25 de outubro.
O que mostra o vídeo. As imagens mostram quando policiais militares do 4º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) se aproximam do local, ainda dentro da viatura, após uma denúncia anônima informando sobre uma vítima que estaria em poder de criminosos ligados ao PCC.
Sigla da facção. De arma em punho, inclusive com metralhadora e fuzil, os policiais militares percorreram um trajeto a pé dentro da favela. Em uma parede, é possível ler a sigla da facção criminosa.
Vítima localizada e tentativa de fuga. Após localizar o cativeiro, encontram Karina sentada em um banco de madeira, ao ar livre. Ela estava rodeada por um grupo de pessoas. Algumas delas tentaram correr, mas foram contidas por um tenente da corporação. Seis suspeitos, já dominados pelos militares, aparecem com as mãos na cabeça.
O resgate. A vítima vestia bermuda branca e blusa preta. As imagens das câmeras nas fardas dos PMs mostram Karina se levantando do banco e caminhando, acompanhada pelos policiais militares.
Nas imagens, é possível ver que Karina relata o episódio aos agentes. Mas a reportagem não teve acesso ao áudio. A família de Karina foi procurada ela reportagem, mas não quis se manifestar.
Quem era Karina. Ela morava com os pais e usava o carro próprio para trabalhar como motorista por aplicativo. Segundo a Polícia Civil, foi morta enquanto se escondia após sair de casa para encontrar um amigo. Áudios atribuídos a suspeitos indicam o crime.
Quem são os presos
- Felipe Dias Silva - Já foi condenado por assalto e tráfico de drogas. Em depoimento, Karina disse ter ouvido uma ameaça explícita de Felipe. "Sabemos quem você é. Já era pra você aqui", teria dito o suspeito.
- Vanessa Rocha Moraes - Vanessa foi identificada pela vítima no segundo lugar onde foi mantida em cativeiro, acompanhada por Felipe. Ainda de acordo com a vítima, Felipe e Vanessa a questionaram, perguntando "de qual facção fazia parte e para quem trabalhava". Vanessa e Felipe foram citados numa denúncia anônima como envolvidos no "tribunal do crime" do PCC.
- Tarcísio Moreira Sebastião - Ele usou o nome do próprio irmão para escapar das autoridades, já que era considerado foragido pela Justiça. Foi condenado duas vezes por envolvimento com o tráfico por crimes em 2008 e em 2017. Foi identificado pela vítima como um dos homens que a amordaçou e amarrou suas pernas e braços no cativeiro, em um barraco.
- Ariel Gomes Brito - Segundo a polícia, ele acompanhava Tarcísio na ação e participou do transporte da vítima do cativeiro a outro local, quando ele e Tarcísio passaram a ser acompanhados por outros dois comparsas.
- Cinthia Alves Pinheiro - Ela disse em depoimento que só irá se manifestar em juízo.
- Igor da Silva Moreira dos Santos - Foi condenado por envolvimento em um roubo, em 2019.
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