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'Ele não pensa igual à gente', diz mãe de jovem que jogou bomba em escola

Do UOL, em São Paulo

13/02/2023 17h32Atualizada em 14/02/2023 09h06

A mãe do adolescente de 17 anos que exibia uma suástica no braço enquanto atirava bombas caseiras num prédio em que funcionam duas escolas em Monte Mor (SP) disse que o garoto não tinha intenção de "matar ninguém". Em entrevista ao UOL, ela conta que o garoto é "bom" e que queria "provocar uma situação" que o levasse à morte.

A mulher contou que acionou a Polícia Militar no momento em que percebeu que o filho saiu de casa usando o carro dela, por volta das 8h30 dessa segunda-feira (13).

"Para mim, ele estava no banheiro, porque eu ouvi a porta fechar e fiquei tranquila. Daqui a pouco, ouvi o barulho do carro, saí correndo. Falei: 'para'. No que eu gritei para ele parar, ele já saiu arrancando o carro com tudo. Coisa que ele nunca fez, porque ele não conseguia tirar o carro da garagem", afirma.

Segundo ela, o adolescente passou dois dias trancado no quarto antes do ataque e tinha mencionado que queria comprar gasolina para fazer um vídeo para o YouTube. Ela não acreditou que ele conseguiria acesso ao material, porque ele supostamente teria medo de sair da própria residência.

"Ele é medroso. Tem medo de tudo. Não saía para a rua para nada, de tanto medo que ele tinha. Nós até demos um cachorro para ele, para ver se ele conseguia sair de casa, porque ele queria um cachorro para se proteger", afirma.

A mãe também contou que nunca teve conhecimento do significado do símbolo da suástica e disse que o adolescente alegava fazer coleção de imagens.

Eu não conhecia essas coisas. Na minha cabeça, nem passava isso. Depois, fiquei sabendo que outras pessoas que têm esse símbolo aí são procuradas.
Mãe do adolescente

Ao UOL, a mulher contou que o adolescente já estudou na unidade de ensino atacada, mas desistiu de ir à escola desde os dez anos, quando começou a mudar de comportamento e a se isolar dentro do próprio quarto. Ela o classificou como alguém introvertido, que tinha medo de sair de casa e comportamentos peculiares. Nos últimos anos, segundo ela, o suspeito não comia a comida que ela cozinhava nem bebia água que não fosse engarrafada, ele também "contradizia tudo que era falado" para ele.

Muitas pessoas já falaram que ele sofria muito bullying. Eu não sabia, que ele não me contava. Ele dizia que não queria ir para a escola mais e se trancava aqui dentro. Ele não pensa igual à gente, falar de Deus dá briga, porque ele não aceita. Ele nunca se vestiu de preto, ele nem gostava de roupa preta. As roupinhas dele eram bem branquinhas, bonitinhas. Do nada, ficou destruído o quarto. Tudo escuro.
Mãe do adolescente

A polícia encontrou, na manhã de segunda, um caderno com anotações diárias que faziam alusões nazistas, no quarto do adolescente apreendido. Ele relatava sentimentos e se dizia excluído. O material e um notebook que ele usava foram recolhidos para perícia.

Apelo nas redes

Em vídeo publicado nas redes sociais, a mulher afirmou que o filho não é nazista. Ela disse acreditar que ele tenha sido influenciado por terceiros.

É meu menino, mas vamos pesquisar, não tem nada de mau, ninguém se machucou. Eu não sei o que aconteceu. Foi tudo por influência da internet. Ele tava falando com alguém. Eu creio que ele fez isso a mando de alguém, alguma conversa, mas assim ninguém se machucou.

Ela também fez um apelo para que as imagens do filho não sejam compartilhadas na internet. "Eu peço para parar de postar foto dele. Ele não é uma má pessoa. Quem me conhece sabe. Eu imploro, não coloque a foto dele mais. Não pense que ele é uma pessoa má porque ele não é", conta.

A mãe acredita que o filho tenha comprado os armamentos e itens com símbolos nazistas há cerca de dois meses. "Ele comprou essas coisas, mas eu não sei, não tem muito tempo. Ele não é nazista. Eu creio que ele não é. Eu teria visto isso antes. Mas isso começou não tem um mês, dois meses mais ou menos", defende.

O rapaz tentou invadir o imóvel das escolas Municipal Vista Alegre e Estadual Professor Antônio Sproesser, no bairro Jardim Vista Alegre, mas acabou apreendido e tendo o atentado frustrado após atirar bombas caseiras na lateral do prédio e uma delas detonar num banheiro da unidade de ensino.

Segundo a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), o adolescente chegou a atirar o explosivo por uma janela, que detonou em um vaso sanitário. Ele foi visto com artefatos diversos, enquanto trafegava em um carro nas imediações das escolas, por moradores que acionaram a polícia. Ninguém ficou ferido.