Topo

Esse conteúdo é antigo

Mãe de escrivã morta implora que apuração seja por BH: 'Aqui será abafado'

Do UOL, em São Paulo

20/06/2023 22h23Atualizada em 20/06/2023 22h23

A mãe da escrivã Rafaela Drumond, encontrada morta no dia 9, implorou a Rosa Weber, ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), que a investigação e o julgamento da morte da filha sejam retirados de Carandaí (MG).

O que aconteceu:

A família teme que o caso seja esquecido e "abafado" no local e pede que a condução seja feita na capital, Belo Horizonte.

Zuraide Drummond, mãe da escrivã, afirmou ter certeza que "aqui [na promotoria de Carandaí] não vai dar em nada". A declaração em vídeo foi compartilhada hoje pelo jornalista André Rocha no TikTok.

Ela fez o pedido a Weber "nome de todas as mães e pela filha, que sofreu demais" e "pela memória" de Rafaela. A escrivã de 31 anos trabalhava na cidade de Carandaí (MG) e protocolou uma série de denúncias de assédio moral, sexual, pressão psicológica e sobrecarga no ambiente de trabalho ao Sindep-MG (Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais).

"Ela tem que ter justiça. Os que fizeram isso com ela têm que pagar. A minha filha não pode ser esquecida", desabafou a mãe, que disse estar "com o coração estraçalhado de tanta dor pela perda da filha".

Procurado pelo UOL, a Polícia Civil de Minas Gerais disse que "não comentará o pedido da família de Rafaela Drumond, pois a fonte a ser acionada para falar sobre o procedimento instaurado pela promotoria em Carandaí é o Ministério Público do município". A reportagem também tenta contato com o MP. Este espaço será atualizado assim que houver retorno.

Eu estou sofrendo, estou sem palavras. Eu não consigo nem falar direito, eu não consigo pronunciar as palavras direito. Eu estou muito abalada. Eu não quero que esse caso fique aqui. Não quero que isso fique impune. Eu quero justiça pela minha filha. Todos aqui estão desamparados. Eu não quero que isso fique em esquecimento. Eu não sei mais o que eu faço para pedir justiça pela minha filha."
Zuraide, mãe da escrivã Rafaela Drumond

Entenda o caso:

Dias antes de sua morte, Rafaela protocolou uma série de denúncias de assédio moral, sexual, pressão psicológica e sobrecarga no ambiente de trabalho ao Sindep-MG (Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais).

Além das denúncias, áudios em que a vítima detalha episódios de perseguição dentro da instituição, vazados nas redes sociais, motivaram abertura de inquérito para a apuração do caso.

O Sindep-MG confirmou que recebeu as denúncias. No entanto, mantém o conteúdo sob sigilo. O órgão afirmou que cobra da polícia um esclarecimento sobre as denúncias.

A PCMG informou que instaurou procedimento disciplinar e inquérito policial, e destacou que disponibiliza suporte aos servidores no Centro de Psicologia do Hospital da Polícia Civil, por meio de sessões presenciais e teleconsulta. A investigação busca saber se alguém influenciou na morte de Rafaela ou a induziu ao suicídio.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais é possível ouvir um homem que chamando Rafaela de "piranha", e a escrivã afirmando que vai denunciar o caso. Ela afirma que não vai "esquecer" do xingamento e ele rebate: "De tudo que eu falei, ela tá preocupada com piranha. É muita cabecinha fraca".

O homem diz ainda que, caso Rafaela fosse um homem, "uma hora dessa, eu ou você já tava com olho roxo". "Grava e leva no Ministério Público, na Corregedoria, leva para quem você quiser", responde o homem quando Rafaela ameaça denunciá-lo.

Centro de Valorização da Vida

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.

O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente.

São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.