Silvio Almeida pede apuração sobre mortes no Guarujá: 'É preciso limite'
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, se manifestou hoje sobre a operação ocorrida no Guarujá (SP) na qual ao menos 8 pessoas morreram desde sexta-feira (28).
O que aconteceu:
O ministro afirma que "as denúncias são graves e merecem ser apuradas com rigor". "Foi cometido um crime bárbaro contra um trabalhador que precisa ser apurado, mas nós não podemos usar isso como uma forma de agredir e violar os direitos humanos de outras pessoas", disse em nota oficial.
A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos foram acionadas para "acompanhar as investigações e fiscalizar as providências" adotadas pelo estado. Os órgãos vão, ainda, "dialogar com outras autoridades" para compreender o incidente.
O ministério afirma em nota que "ao menos 10 pessoas" foram mortas na operação. Tarcísio de Freiras, governador de São Paulo, contudo, contrariou a ouvidoria da PM, de onde partiu a informação, e disse terem sido 8 mortes. O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, alegou que o órgão cometeu um erro de "interpretação de texto".
É preciso um limite para as coisas. Então, eu acho que o limite para isso é o respeito aos direitos humanos, seja para os agentes da segurança pública, seja para a população dos territórios onde a polícia atua.
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania
Morte de PM e retaliação violenta
Na noite de quinta (27), o soldado Patrick Bastos Reis foi assassinado durante um patrulhamento na comunidade Vila Zilda. Ele trabalhava com colegas do 1º Batalhão de Choque quando o grupo foi "atacado por criminosos armados que efetuaram disparos de arma de fogo", segundo a SSP.
Uma operação para identificar os suspeitos do crime foi iniciada ainda na quinta, e equipes da Segurança Pública seguiram para o litoral na sexta (28), na Operação Escudo. Além de Patrick, um cabo também foi atingido por um tiro e levado a uma UPA da região. Ele não corre risco de morte.
O suspeito de atirar contra o policial foi preso ontem, segundo Tarcísio de Freitas. Antes de se entregar, ele usou as redes sociais para pedir que "parassem a matança".
Moradores relataram abuso policial
O UOL teve acesso a áudios em que moradores do Guarujá afirmam que agentes da Rota encapuzados invadiram casas nas comunidades.
Segundo os relatos, os policiais também teriam torturado um dos mortos, que estaria com marcas de queimaduras de cigarro no corpo.
Moradores acusam ainda os policiais de terem forjado flagrantes. Outro relato é de que uma das vítimas mortas seria uma pessoa com esquizofrenia.
As denúncias são acompanhadas pela Ouvidoria das polícias, pela Comissão de Direitos Humanos da Alesp e pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP.
Ouvidoria diz olhar com "preocupação" para operação
A Ouvidoria da PM sustenta que houve 10 mortos com base nos boletins de ocorrência. Em nota divulgada no início da tarde de hoje, o órgão afirma que recebeu "relatos de uma atuação violenta por parte das forças de segurança no local, que contabiliza até este momento uma dezena de mortes".
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Quero receberTambém há relatos de "execução, tortura e outros ilícitos nas ações policiais na região" após a operação, segundo denunciado por moradores a órgãos de direitos humanos e movimentos sociais, diz a Ouvidoria.
A morte violenta do soldado PM e dos civis são inaceitáveis. Nada, nem nenhuma assimetria se justifica quando se clama por justiça e segurança para todos. Oportuno salientar que, a responsabilização dos envolvidos é necessária, como medida de justiça, nos termos da legislação brasileira.
Trecho de nota da Ouvidoria sobre a operação no Guarujá
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