'Em nome de Deus': o golpe de pastores que prometiam 1 octilhão de reais
Uma organização criminosa foi alvo de operação da Polícia Civil do Distrito Federal nesta quarta-feira (20) pelos crimes de estelionato contra 50 mil pessoas. O golpe aplicado pelo grupo prometia lucro de um octilhão de reais e era praticado dentro de igrejas.
Como era o golpe?
Aplicado por lideranças religiosas, o golpe consistia na conversa enganosa por meio de redes sociais, como YouTube, Telegram, Instagram e WhatsApp.
Evangélicos eram alvo principal. Eles investiam suas economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias, com promessa de retorno financeiro imediato e grande rentabilidade.
Uso da fé alheia. As vítimas eram persuadidas com o uso da fé alheia, da crença religiosa e invocando de uma teoria conspiratória apelidada de "Nesara Gesara", siglas que significam "National Economic Security and Reformation Act" e "Global Economic Security and Reformation Act" (em português, "Ato para a Reforma e Segurança Econômica Nacional/Global").
Teoria da conspiração. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, essa teoria aparece em vídeos, postagens e sites e prega que os EUA teriam aprovado no ano 2000 uma suposta lei que "faz parte do planejamento divino" e tem como objetivo "promover a libertação da humanidade", eliminando dívidas e remodelando os sistemas econômicos mundiais.
Promessas de lucros irreais. A polícia detectou a promessa de que, com um depósito de R$ 25, as pessoas poderiam receber de volta o valor de um octilhão de reais, ou mesmo "investir" R$ 2.000 para ganhar 350 bilhões de centilhões de euros.
Títulos inexistentes. Para dar aparência de veracidade e legalidade às operações financeiras, os investigados ainda celebram contratos com as vítimas, com promessas de liberação de quantias surreais provenientes de inexistentes títulos de investimento, que estariam registrados no Banco Central do Brasil e no Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
O golpe fez mais de 50 mil vítimas, que eram de "diversas camadas sociais" e localizadas em quase todos os estados. Para enganar as pessoas, os suspeitos tinham pessoas jurídicas "fantasmas" e de fachada simulando ser instituições financeiras digitais, com alto capital social declarado, por meio das quais as vítimas supostamente iriam receber suas fortunas.
A organização é composta por cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas intitulados pastores, que induzem e mantêm em erro as vítimas, normalmente fiéis que frequentam suas igrejas, para acreditar no discurso de que são pessoas escolhidas por Deus para receber a "Bênção", ou seja, as quantias milionárias. No entanto, até o momento, a Polícia Civil não divulgou os nomes dos alvos da operação.
Milhões movimentados e empresas "fantasma". Organização movimentou um valor superior a R$ 156 milhões nos últimos cinco anos, segundo a investigação. Também foram identificadas cerca de quarenta empresas "fantasmas" e de fachada, e mais de oitocentas contas bancárias suspeitas.
Quanto é um octilhão de reais?
Número existe na matemática —apesar de parecer inventado. Porém, considerando uma escala financeira, a quantia não é realista. Como comparação, o PIB mundial, que soma todos os PIBs do mundo, não passa da casa dos trilhões.
Tem 27 zeros no total: 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000. O octilhão tem três vezes mais zeros do que o bilhão, por exemplo.
As classes numéricas que levam ao octilhão são: milhão, bilhão, trilhão, quatrilhão, quintilhão, sextilhão, septilhão e, enfim, octilhão.
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