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Lula diz que vai 'combater milicianos' no Rio, mas nega intervenção federal

Após ataques a ônibus no Rio de Janeiro ontem (23), o presidente Lula (PT) afirmou que o governo federal vai ajudar o estado a "combater milicianos" com as Forças Armadas, mas descartou intervenção federal.

O que Lula disse

A morte de um miliciano desencadeou uma onda de ataques ao transporte público na zona oeste do Rio. A região teve pelo menos 35 ônibus e um trem incendiados ontem, além de vias interditadas.

Lula disse que a forma de como o governo deverá intervir ainda está sendo discutida junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas falou em "ação conjunta". Lula disse já ter conversado ontem com o ministro Flávio Dino (Justiça) e deverá se reunir também com o ministro da Defesa, José Múcio, responsável pelas Forças Armadas, nesta tarde.

Não queremos lavar as mãos. Vamos ver como podemos entrar e participar. Não queremos pirotecnia. Não queremos intervenção no Rio, que não ajudou em nada [em 2018]. Não queremos tirar autoridade do governador ou do prefeito. Queremos compartilhar uma saída.
Lula, na live "Conversa com o Presidente"

Ao todo, foram queimados 20 ônibus, cinco BRTs e veículos de turismo e fretamento. É o maior número de ônibus queimados em um único dia na história da capital fluminense, segundo informou a Rio Ônibus ao UOL.

Não é possível que o povo do Rio tenha que sofrer tanto com os marginais. O governo federal estará presente ajudando a combater o crime organizado para que o povo do Rio volte a ter tranquilidade, o direito de ir e vir sem ser importunado com bala perdida e ônibus queimado.
Lula, no "Conversa com o Presidente"

Ele falou ainda sobre a possibilidade de recriação do Ministério de Segurança Pública, separado da Justiça. "Estou pensando como a pasta vai interagir com os estados porque o problema da segurança é estadual e queremos compartilhar a solução", argumentou. Dino, que comanda a superpasta, é contra a separação.

Combater milicianos

Sem deixar passar um recado político, ressaltou a necessidade de combater as milícias. A zona oeste carioca, onde ocorreram os ataques, é um dos principais redutos eleitorais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio.

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O presidente não citou o adversário político, mas atribuiu a escalada de violência à flexibilização das armas, a principal bandeira de Bolsonaro na área de segurança pública durante os quatro anos de governo.

A liberação da venda de armas no país de forma atabalhoada fez com que o crime organizado se apoderasse de um arsenal que não tinha antes, ele pode comprar no mercado e viu o que aconteceu.
Lula

Sem intervenção militar

Lula também não especificou qual é o plano — ou se há algum plano— para ajudar o estado, mas negou um intervenção federal nos moldes da de 2018.

Durante o último ano do governo Michel Temer (MDB), as Forças Armadas foram responsáveis pela segurança estadual por dez meses. À época, o dispositivo foi duramente criticado pela oposição, incluindo o PT, que falava em "transferência de responsabilidade".

É preciso dar tranquilidade ao povo. Vamos discutir como podemos ajudar, mas sem passar a ideia de que as Forças Armadas foram feitas para combater o crime organizado.
Lula

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Morte de miliciano

O miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos Teteu e Faustão, morreu
O miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos Teteu e Faustão, morreu Imagem: Reprodução

O miliciano que morreu foi identificado como Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos Teteu e Faustão.

Matheus é sobrinho de Luis Antonio da Silva Braga, ou "Zinho", o número 1 da maior milícia do Rio, que atua na zona oeste. Zinho herdou o comando da organização após a morte do seu irmão, o Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 2021.

Matheus foi morto hoje em suposta troca de tiros com a Polícia Civil durante uma operação na região de Três Pontes, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio. A ação teve o apoio da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), grupo de elite da Polícia Civil do Rio, Polinter e unidades especializadas, segundo o jornal O Globo.

"Teteu" é apontado em investigações, segundo o jornal, como o principal homem de guerra de Zinho na disputa de territórios contra os rivais. Ele seria o responsável por chefiar as rondas feitas pela milícia do tio dentro da zona oeste.

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Na operação que Teteu morreu, uma criança de dez anos foi atingida de raspão na perna por uma bala perdida. Não há informações sobre o estado de saúde dela.

Matheus era considerado pela polícia como o segundo homem na atual hierarquia da maior milícia do Rio, comandada pelo seu tio.

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