Cariani é indiciado por associação para o tráfico e lavagem de dinheiro

A Polícia Federal indiciou o influenciador fitness Renato Cariani por tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. As informações foram divulgadas pela TV Globo e confirmadas pelo UOL.

O que aconteceu

Apesar do indiciamento, o influenciador continua em liberdade após a Justiça negar o pedido de prisão feito pelo MP (Ministério Público).

O indiciamento por tráfico equiparado ocorreu, pois, supostamente, o influenciador não teria se envolvido diretamente com drogas ilícitas, mas com os produtos químicos usados para a fabricação e adulteração de entorpecentes.

O influenciador passou a tarde desta segunda-feira (18) depondo na sede da PF em São Paulo sobre o suposto esquema de desvio de produtos químicos para a produção de drogas, como o crack e a cocaína.

Ao chegar, acompanhado por um advogado, Cariani falou rapidamente com a imprensa: "Não é um inquérito criminal ainda, é só um inquérito administrativo. Não tem réu. Vou esclarecer tudo para vocês logo depois da minha oitiva".

'Estou muito aliviado', diz Cariani

Horas após prestar depoimento, o influenciador disse nas redes sociais que se sentia aliviado após a oitiva. "Estou muito aliviado, muito tranquilo. Porque eu pude fazer o meu depoimento. Meu depoimento foi muito detalhado. Eu tive a oportunidade de fazer o meu depoimento escrito e também gravado. Essa foi uma opção que eu quis. Por quê? Porque, com o depoimento gravado, eu tenho tudo ali na íntegra. Afinal de contas, eu não tenho absolutamente nada a ver com isso. Estou totalmente certo do que estou falando. Então, eu me submeti a um depoimento também gravado para que tudo o que eu falei fique registrado nos autos", afirmou.

"Eu já sabia, eu já fui ciente que seria assim. Mas eu sofri um indiciamento. Não serei eu, vão ser todas as pessoas envolvidas que sofrerão indiciamento. Afinal de contas, fizeram busca e apreensão na minha casa. Em todas as casas. E o que é o indiciamento, para você entender: é quando a polícia entende que há indícios de algo errado. Há indícios de algo que pode ser criminoso. Não significa que eu fiz algo errado ou que minha sócia fez algo errado. Significa que alguém ali fez algo errado. Há indícios e eu sou uma das pessoas envolvidas. Afinal de contas, eu sou sócio da empresa", acrescentou.

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"Agora eu começo uma outra batalha. Prestei meus esclarecimentos, fiz todos os meus esclarecimentos para a polícia. Permito agora que a polícia continue a sua investigação e apure todas as responsabilidades. Mas agora começa uma batalha de recuperação da minha reputação, que foi literalmente assassinada. Minha reputação foi totalmente assassinada através, principalmente, da imprensa e dos canais abertos. Eu entendo que eles estão fazendo o trabalho deles. Eu entendo que a capa e o título é o que vende. Mas era eu. Quem fica com as consequências sou eu", concluiu.

Entenda a operação

Segundo a PF, o esquema abrangia a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas a vender produtos químicos em São Paulo, usando "laranjas" para depósitos em espécie, como se fossem funcionários de grandes multinacionais.

A Anidrol, empresa em que Renato Cariani é sócio, foi alvo de busca e apreensão de policiais federais na última semana. A indústria farmacêutica é sediada em Diadema, na região metropolitana de São Paulo.

No total, foram identificadas 60 transações dissimuladas vinculadas à atuação da organização criminosa. São aproximadamente 12 toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila), o que corresponde a mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo, segundo a PF.

Após a operação, Renato Cariani se posicionou e se disse "surpreso". "Para mim, para a minha sócia e para todas as pessoas, foi uma surpresa", afirmou Cariani em um vídeo publicado no Instagram.

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Depósito iniciou investigação

Dois depósitos que somam R$ 212 mil em uma conta da Anidrol fundamentaram o início das investigações da PF. Documento obtido pelo UOL mostra que a empresa biofarmacêutica AstraZeneca pediu à PF, em julho de 2019, a instauração de um inquérito policial sobre notificações que havia recebido da Polícia e da Receita Federal referentes a supostos depósitos e movimentações financeiras que teria feito para a Anidrol.

A primeira notificação ocorreu em 17 de abril de 2017, sobre supostas infrações administrativas cometidas pela AstraZeneca ao fazer movimentações não informadas, referentes a três notas fiscais emitidas pela empresa da qual o influenciador é sócio.

Já a segunda intimação foi enviada pela Receita à empresa biofarmacêutica em meados de fevereiro de 2018. O órgão questionava dois depósitos realizados em 2015 e 2016, nos valores de R$ 103,5 mil e R$ 108, 5 mil, à Anidrol.

A empresa do influenciador, ainda segundo o pedido de abertura de inquérito, teria informado à Receita Federal que havia vendido cloreto de lidocaína para a AstraZeneca. A biofarmacêutica nega.

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"A AstraZeneca nunca manteve qualquer relação comercial com a empresa Anidrol, a qual não está cadastrada na relação de fornecedores da AstraZeneca, o que impede que qualquer pagamento tenha sido realizado em seu benefício", disse a biofarmacêutica.

Quem é Renato Cariani

Renato Cariani é fisiculturista e influencer fitness, com mais de 4 milhões de inscritos em seu canal no YouTube. Graduado em Química pela Universidade Metropolitana de Santos, ele exibe em suas biografias nas redes sociais que é professor de química, além de professor de educação física, empresário e youtuber.

Somadas todas as redes sociais, Renato Cariani tem mais de 13,6 milhões de seguidores. Ele se apresenta como coach e instrutor de condicionamento físico.

Atleta profissional de fisiculturismo, Cariani também participa de competições nacionais e internacionais.

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