Fugitivos podem ter repetido em Mossoró tática que originou rebelião no AC
Os dois fugitivos do presídio de Mossoró (RN) podem ter usado a mesma tática na unidade federal e quando deram início a uma rebelião com cinco mortes em julho de 2023, no Acre. Segundo informações preliminares da investigação, em ambos os casos, aproveitaram a estrutura da própria cela.
O que aconteceu
No presídio Antônio Amaro Alves, em Rio Branco (AC), serraram as celas para render um policial penal, dando início ao motim. Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento estavam isolados depois que cometeram atos de indisciplina intencionalmente — o que, segundo as investigações, mostra que houve premeditação.
Na fuga de Mossoró, uma linha de investigação indica que retiraram uma barra de ferro da estrutura da cela para escavar um buraco na parede e escapar. Os dois foram transferidos para a unidade federal, de segurança máxima, após o motim no Acre. Além deles, outros 12 envolvidos na rebelião foram identificados em áudios, vídeos e imagens de drone.
Cinco meses em cela isolada. Rogério e Deibson estavam isolados no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) de Mossoró desde setembro de 2023, quando foram transferidos do presídio do Acre para Mossoró. Lá, não tinham direito a saídas para o banho de sol e permaneciam apenas nas suas celas individuais.
Defeito em câmeras. O ministro Ricardo Lewandowski respondeu ontem em Mossoró a questionamentos sobre o defeito constatado em um relatório sobre as câmeras do presídio de Mossoró. "Na minha gestão, nenhuma informação oficial veio a tempo. Se tivesse vindo, teria sido corrigido, obviamente", disse.
Segundo reportagem do Fantástico, apenas uma imagem da fuga foi registrada — e a qualidade é ruim. Agentes podem ter ficado impossibilitados de monitorar a situação devido à falha no sistema. O caso está sendo investigado.
O ministro afirmou que o episódio não afeta a segurança dos outros presídios federais. Durante viagem à Etiópia, o presidente Lula (PT) disse, sem provas, que "parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro". "Só faltou contratarem uma escavadeira."
Eles foram os responsáveis por desencadear a rebelião [no Acre]. São criminosos de alta periculosidade com histórico de crimes violentos, apontados como lideranças de um núcleo da organização mais operacional, responsável pela execução de crimes.
Bernardo Albano, coordenador do Gaeco do MP do Acre
O que se sabe sobre o caso
Rogério e Deibson lideram o núcleo operacional do CV no Acre, responsável por assassinatos e execuções de crimes. A informação é do Gaeco (Grupo de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Acre.
Essa foi a primeira fuga em um presídio de segurança máxima no país. Segundo o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, houve falha em uma série de protocolos.
Uma camiseta de uniforme de presídio foi encontrada na sexta à tarde (16) em região de mata. A peça foi localizada na zona rural de Mossoró e pode ter sido usada por um dos detentos que fugiu do presídio.
À noite, os fugitivos fizeram uma família refém, segundo informações de investigadores. A dupla teria feito ligações para o Rio de Janeiro com um dos dois aparelhos levados das vítimas e se alimentado no local.
O trabalho de buscas está concentrado em um perímetro de 15 km no entorno do presídio. Participam policiais federais, policiais rodoviários federais, policiais civis e policiais militares. Há ainda agentes da Polícia Penal Federal e da Polícia Penal do Rio Grande do Norte, que atuam com os grupos de operações especiais e de cães.
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Quero receberDetentos abriram um buraco no local em que estava instalada a luminária. As celas onde eles estavam passam por perícia. Pertences dos dois, como lençóis e objetos pessoais, também são examinados.
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