Josmar Jozino

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Fugitivos de Mossoró estavam no RDD há 5 meses sem sair da cela, diz juiz

Os presos Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, estavam em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) desde setembro do ano passado e sem sair, cada um, de sua cela individual.

A informação foi dada pelo juiz-corregedor do presídio de Mossoró, Walter Nunes, em entrevista à imprensa nesta semana. Ele classificou a fuga como "o episódio mais grave da história dos presídios de segurança máxima do Brasil".

Nos presídios federais, os presos em RDD não podem sair para o pátio do banho de sol. As celas dessa ala têm o próprio solário. É praxe que os recém-chegados fiquem um período nessa situação.

Nas conversas com jornalistas, Walter Nunes disse não entender como os fugitivos tiveram acesso às barras de ferro, se estavam proibidos de deixar o xadrez.

Imagem mostra buraco em parede de unidade prisional por onde teriam saído fugitivos
Imagem mostra buraco em parede de unidade prisional por onde teriam saído fugitivos Imagem: Divulgação / Ministério da Justiça

O juiz federal afirmou que os buracos encontrados nas paredes das duas celas só puderam ser feitos com as barras de ferro. Na avaliação do corregedor, não há dúvida de que alguém entregou as ferramentas nas celas dos prisioneiros.

O RDD nos presídios federais é o castigo dos castigos. O período de internação nesse sistema pode variar até um ano. Só depois de encerrada essa internação, chamada de "tranca dura" pelos presidiários, o detento pode ir para a vivência comum e para o pátio de banho de sol.

Barras de ferro e marreta

No dia da fuga, a penitenciária passava por uma reforma em um dos pavilhões. As suspeitas são de que alguém pegou as ferramentas e levou para os presos nas celas. As investigações devem apontar se foram policiais penais ou funcionários terceirizados.

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Agentes penitenciários estaduais de Mossoró, ouvidos pela reportagem na condição de anonimato, viram as fotos dos buracos nas paredes das celas, divulgadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, e disseram acreditar que os fugitivos podem ter usado não apenas barras de ferro, mas também marretas.

Deibson e Rogério são integrantes do CV (Comando Vermelho). Uma força-tarefa com ao menos 300 policiais atua nas buscas aos foragidos. As autoridades acreditam que ambos serão recapturados nas próximas horas.

Uma fonte ligada à Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) disse à coluna que os dois faccionados do CV conseguiram escapar por um vão entre as vivências A e D e chegaram até o alambrado, onde a cerca elétrica estava desativada.

A mesma fonte afirmou que os presos cortaram o alambrado com um alicate e deixaram a unidade federal às 3h37. Há informações de que uma das câmeras de segurança da penitenciária filmou o momento em que Deibson e Rogério saíram do presídio.

Toda a diretoria do estabelecimento penal foi afastada por causa da fuga vexatória. O "estrago" só não foi maior porque Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, chefão do CV, preso na mesma cadeia e apontado como um dos criminosos mais perigosos do país, não escapou.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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