Policial youtuber, agressões à ex, 180 mil votos: quem é Delegado Da Cunha
Carlos Alberto da Cunha, 46, conhecido como Delegado da Cunha, ganhou notoriedade ao postar vídeos na internet sobre operações policiais. Fora isso, se meteu em polêmicas, como a discussão ética sobre as gravações e monetização dos vídeos de sua atuação como "policial youtuber", além de problemas da vida pessoal, como suspeita de ele ter agredido uma ex-namorada.
De onde surgiu o Da Cunha?
Da Cunha é delegado da Polícia Civil do Estado de São Paulo, mas está atualmente licenciado, pois foi eleito deputado federal em 2022 por São Paulo. Ele recebeu 181,5 mil votos. Em participação no podcast Flow, Da Cunha explica que caso não seja reeleito, poderá voltar a ser delegado.
Fama do delegado veio com postagens de vídeos de operações no YouTube em meados de 2020 — o canal dele no YouTube existe desde 2015, mas até então havia registros de entrevistas concedidas à TV. Segundo a Corregedoria de SP, o salário de Da Cunha era de cerca de R$ 10,5 mil. Com o seu canal no YouTube recebia R$ 500 mil por ano.
Foi acusado de ter encenado e gravado a prisão de um refém e de um sequestrador. Para gravar operações, ele contratou até um cineasta.
Corregedoria o indiciou por suspeita de peculato, quando um servidor usa bens públicos ou cargo para obter algo de valor. No caso do Da Cunha, ele estava usando a estrutura da polícia para postar em seu canal no YouTube, que é monetizado. Posteriormente, a Justiça de São Paulo arquivou o caso.
Delegado chegou a ser afastado pela Polícia Civil e teve sua arma retida temporariamente. Ele chegou a admitir que "cometeu" erros, mas não deu detalhes de quais.
Com fama na internet, Da Cunha surfou na onda de popularidade e abriu um curso de defesa pessoal e criou um podcast.
Caso da ex-namorada
Betina Grusiéck, que era namorada de Da Cunha, registrou um boletim de ocorrência contra ele, dizendo que tinha sido agredida. O caso foi registrado no dia 14 de outubro de 2023.
No último domingo (17), o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu um vídeo em que é possível ouvir o delegado ofendendo a companheira. "Pode parar, senão vou te matar aqui. Desmaia aí", teria dito Da Cunha, segundo a gravação.
Betina relata que perdeu a consciência após levar diversos golpes do seu ex-companheiro — ele bateu a cabeça dela na parede e a enforcou. No boletim de ocorrência, é dito que Da Cunha tinha consumido bebida alcoólica, "promoveu uma discussão e atacou a honra [de sua companheira]". Casal teve união estável por três anos.
Na época, Da Cunha negou a agressão e mencionou que sua ex-companheira lutava muay thay e ele, na verdade, é quem estava machucado.
O que diz a defesa de Da Cunha
A defesa do deputado lamentou o vazamento do material e disse que o caso corre em segredo de justiça. O advogado Eugênio Malavasi disse que Da Cunha "não nega agressões verbais", mas afirma que o cliente não teria agredido fisicamente a ex-mulher.
Defesa diz que exames não constataram lesões. "A acusação de agressão física não se sustenta, corroborado, inclusive, pelos exames do Instituto Médico Legal (IML) que não constataram lesões ou marcas em áreas sensíveis do corpo como rosto e pescoço", afirmou a defesa por meio de nota.
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Quero receberDanos patrimoniais foram causados "sob forte emoção". "Sobre os danos patrimoniais (roupas e óculos) — causados sob forte emoção -, Da Cunha se prontificou, desde o início, a ressarcir tais prejuízos, antes mesmo das medidas protetivas impostas pela Justiça."
Da Cunha não nega as agressões verbais mútuas ocorridas em 14 de outubro, fruto de uma ríspida discussão conjugal e, agora, expostas por meio de uma gravação claramente premeditada, mas reafirma que não agrediu fisicamente sua ex-companheira, agindo apenas para contê-la, sendo, ele, sim, atingido de forma violenta, causando-lhe grave ferimento na cabeça. Defesa de Da Cunha, por meio de nota.
Eugênio Malavasi, advogado
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