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Salvador: escudeiros do PT e franco-atiradores isolam escolhido de ACM Neto

Candidatos à prefeitura de Salvador participam de debate na Band - Band Bahia
Candidatos à prefeitura de Salvador participam de debate na Band Imagem: Band Bahia

Aurelio Nunes

Colaboração para o UOL, em Salvador

02/10/2020 01h19

Mesmo ausentes da disputa à prefeitura de Salvador, o governador da Bahia, Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), foram os protagonistas do primeiro debate entre os candidatos à sucessão municipal soteropolitana.

Líder nas pesquisas de intenção de votos, o vice-prefeito Bruno Reis, da coligação "Salvador não pode parar", passou a maior parte do tempo defendendo a atual gestão dos ataques ora proferidos pelos aliados do governador — Major Denice (PT), Olívia Santana (PCdoB), Bacelar (Podemos) e Pastor Sargento Isidório (Avante) —, ora por nomes como Hilton Coelho (PSOL) e Celsinho Cotrim (PROS).

A disposição de Bruno Reis em defender a atual gestão municipal ficou evidente desde sua primeira participação no debate, ao dedicar mais de dois terços do tempo destinado a uma pergunta sobre a sua proposta para a retomada do turismo e da cultura no pós-pandemia às realizações de seu líder político.

"Promovemos a requalificação de trechos de orla para recuperar o turismo de sol e praia e o Centro Histórico; investimos Caminho da Fé, no turismo esportivo, na Casa de Jorge Amado, criamos o Museu do Carnaval", elencou.

Única estreante em disputas eleitorais, a candidata do PT apresentou-se ao telespectador como a candidata que irá promover "uma inversão de prioridades" em Salvador.

Uma estratégia que ficou evidenciada nas perguntas direcionadas a Bacelar e Olívia Santana: ao representante do Podemos, indagou porque "tanto descaso" da administração municipal com o transporte público, que administra uma frota de ônibus "suja e sem ar condicionado", em contraposição ao Metrô de última geração implantado pelo governo estadual; à comunista, questionou sobre "a ausência de uma política de creches" para a população pobre da capital baiana.

As respostas deram o tom do alinhamento pró Rui e contrário a Neto. "Realmente as obras estruturantes de Salvador foram feitas pelo governo do estado, principalmente na administração Rui Costa, que pegou uma obra de metrô que não saia do lugar há 12 anos e hoje tem uma das maiores extensões do Brasil. Já o BRT da prefeitura é um sistema atrasado, transformou uma das avenidas mais bonitas da cidade numa nova Bonocô. Eles não gostam de gente, gostam de concreto", disparou Bacelar.

"Já fui faxineira, merendeira e até secretária de educação. Creche é uma prioridade, não é justo que uma mãe saia para cuidar dos filhos de seus patrões no Itaigara e não tenha uma política regionalizada de implantação de creches, a prefeitura nada faz", criticou Olívia. "É incrível quando duas mulheres que são mães se encontram e sabem da importância da educação para o povo", retribuiu Denice.

Embora também esteja entre os aliados do governador, o candidato Pastor Sargento Isidório ficou de fora da composição com os colegas, mas não se fez de rogado: sua dobradinha foi com Celsinho Cotrim, que oficialmente não apoia nenhum dos lados da polarização DEM-PT.

Eles trocaram elogios e sempre que puderam preferiram debater entre si. Isidório, por exemplo, questionou Cotrim sobre uma das suas especialidades, o turismo promovido pelo Carnaval, enquanto Cotrim deu a Isidório a oportunidade de falar sobre seu trabalho à frente da Fundação Dr. Jesus, indagando-o sobre a importância do esporte para a juventude.

Além de Bruno Reis, o único candidato que não protagonizou dobradinhas foi Hilton Coelho, mas o psolista pareceu à vontade em seu papel de franco-atirador, distribuindo rajadas de críticas de igual calibre tanto para a administração de ACM Neto em Salvador quanto para a de Rui Costa no governo do estado da Bahia.

"Eles dizem que só existem dois polos nessa eleição, mas essa é uma falsa polêmica, porque esses dois lados pouco se diferenciam: um é extremamente agressivo, o outro, não resiste e vai na onda do conservadorismo", afirmou.