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Schelp: Russomanno foi antiético e criou armadilha para Boulos no debate

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/11/2020 20h18

Para Diogo Schelp, colunista do UOL, o candidato à Prefeitura de São Paulo Celso Russomanno (Republicanos) usou uma "armadilha antiética" ao citar notícias falsas contra o rival Guilherme Boulos (PSOL) durante o debate promovido pelo UOL e pela Folha de S. Paulo ontem.

"O que chama atenção nessa história toda é a ação orquestrada entre Russomanno e um personagem conhecido pela disseminação de fake news, e o fato de que o vídeo foi divulgado enquanto Russomanno estava gravando o debate da Folha/UOL [quando o vídeo foi publicado]. O que eleva a questão: a campanha de Russomanno sabia que esse vídeo seria colocado no ar?", questionou Diogo Schelp, colunista do UOL. (Ouça a partir do minuto 4:50)

A declaração foi dada durante o podcast Baixo Clero #65, apresentado por Carla Bigatto, com a participação dos colunistas do UOL Diogo Schelp, Maria Carolina Trevisan e Carla Araújo.

Durante o debate, Russomanno questionou Boulos sobre supostas empresas fantasmas que teriam recebido dinheiro do psolista. Segundo Russomanno, uma "equipe de reportagem" teria divulgado nas redes sociais que procurou duas produtoras, mas não encontrou ninguém nos locais indicados. A "equipe de reportagem" era, na verdade, Oswaldo Eustáquio, que já foi preso dentro da investigação do inquérito das fake news.

Na noite de ontem, a Justiça Eleitoral determinou a retirada imediata do vídeo do ar, atendendo a pedido da equipe de Boulos.

Segundo Schelp, tanto Russomanno quanto Márcio França (PSB) estavam usando o celular durante o debate. "Curiosamente, um assessor do Russomanno que chamou a atenção da produção dizendo que o Márcio França estava usando o celular, e quando a produção foi conferir, descobriu que os dois estavam usando o celular. (...) O que é curioso é que na pergunta do Russomanno, ele lê a pergunta com muitos detalhes. De qualquer forma, mesmo que ele tenha ficado sabendo daquilo por celular, naquele momento, de qualquer forma, foi uma conduta antiética porque ele estava, de fato, se foi isso mesmo, ele estava violando uma das regras do debate", disse Schelp. (Ouça a partir do minuto 07:52)

"O Oswaldo Eustáquio, também é importante a gente lembrar, está sendo investigado se tem alguma relação com o Ministério dos Direitos Humanos, da Mulher e da Família. Por que ele estava envolvido em atos antidemocráticos e a esposa dele também era funcionária do MDH, ministério da Damares [Alves]. Então, como Russomanno também tem ligação com [o presidente Jair] Bolsonaro, já que é o candidato que ele tem feito campanha eleitoral, é importante a gente ficar atento também a esse dado, nesse episódio bizarro", afirmou a colunista Maria Carolina Trevisan. (Ouça a partir do minuto 11:20)

Para Schelp, a atitude de Russomanno o aproxima de atitudes de Bolsonaro. "É tudo montado para manipular e para colocar uma pulga atrás da orelha. Para, quem sabe, fidelizar esse público bolsonarista, já que Russomanno não tem uma aderência tão grande assim com o público bolsonarista, ele não é exatamente o candidato da direita radical", disse Schelp. (Ouça a partir do minuto 12:14)

O Baixo Clero #65 ainda abordou as manifestações de apoio de Jair Bolsonaro (sem partido) a candidatos durante a campanha da eleições municipais e a fala do presidente nesta semana, dizendo que "quando acabar a saliva, tem que ter pólvora", interpretada como uma ameaça aos Estados Unidos.

Baixo Clero está disponível no Spotify, na Apple Podcasts, no Google Podcasts, no Castbox, no Deezer e em outros distribuidores. Você também pode ouvir o programa no YouTube. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.