Campanha de Boulos vê PT "imprescindível" e minimiza antipetismo na eleição
Um resumo da vida política brasileira nas últimas eleições aparece em dois termos: petistas e antipetistas. A rejeição ao partido esteve presente em 2016 e em 2018, na esteira da crise política que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e das investigações da Operação Lava Jato.
Um cenário que fez o partido perder eleitores, apesar de ainda ser um dos mais votados. O PT também caiu das 256 prefeituras no país conquistadas em 2016 para, até agora, 174 —sem considerar os resultados das 15 que disputa no segundo turno.
Mesmo nesse contexto, a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) não acredita que sofrerá com o sentimento contra o partido na disputa de segundo turno pela prefeitura da capital paulista com Bruno Covas (PSDB). O candidato do PSOL recebeu o apoio formal do partido. Militantes do PT, inclusive, já participam de agendas de rua da chapa de Boulos.
PT imprescindível
"Todo partido tem algum nível de rejeição e todo partido tem também apoio na cidade, simpatizantes, eleitores. Nós não podemos prescindir desses apoios para chegar à vitória", disse ao UOL o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, que também atua na campanha de Boulos.
Para Medeiros, nos últimos anos, mais do que o antipetismo, foi "construído um sentimento antiesquerda muito forte, que se traduziu particularmente numa rejeição eleitoral ao PT".
Mas isso não faz com que o PT deixe de ser uma força partidária relevante, com militância na cidade, e que é imprescindível para chegar à vitória.
Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL
Boulos também prefere avaliar que o PT mais ajuda que atrapalha na campanha. "Todos esses apoios agregam, fazem a nossa campanha crescer ainda mais", disse. "O PT tem uma militância enraizada, espalhada em movimentos sociais, em associações de moradores na periferia da cidade."
A campanha do candidato do PSOL, inclusive, já utilizou um depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no programa do horário eleitoral exibido no último sábado.
Presidente do diretório paulistano do PT, Laércio Ribeiro acredita que o antipetismo já diminuiu em relação a eleições passadas.
"Eu me lembro de 2016 e 2018, que eram campanhas difíceis para a gente. A gente encontrava uma resistência em vários ambientes onde a gente passava. Militantes nossos foram agredidos nas ruas. Não só do PT, mas do campo de centro-esquerda. Isso a gente não viu nas ruas neste momento."
"Antipetismo já é anti-Boulos"
Para Carlos Melo, cientista político e professor do Insper, o "antipetismo já é anti-Boulos". "O Boulos já é identificado com a esquerda, com o Lula e com o PT. Acho que quem não vota no PT já não vota no Boulos, independentemente do apoio do PT."
Ele afirma que a associação com o PT, porém, poderá ser utilizada, ainda mais sendo o adversário do PSDB, que protagonizou uma guerra de polos com os petistas nas últimas décadas. "Mas eu não vejo nada disso sendo determinante para a vitória ou a derrota do Guilherme Boulos."
Melo avalia que a situação mudou já que "agora o PSOL pretende ser protagonista". "Se será ou não, é outra história. Pelo menos, quando sentar na mesa de negociação da esquerda, terá um cacife muito maior com que negociar."
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