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Crivella cita turismo gay e entidade religiosa de forma pejorativa na Globo

27.nov.2020 - Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos) em debate na TV Globo - Reprodução
27.nov.2020 - Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos) em debate na TV Globo Imagem: Reprodução

Gabriel Sabóia, Felipe Oliveira e Pedro Ungheria

Do UOL, no Rio, e colaboração para o UOL, em São Paulo

28/11/2020 02h20

O último debate antes do 2º turno realizado na noite de sexta-feira (27) na TV Globo foi marcado por troca de acusações entre Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos), candidatos à Prefeitura do Rio. Em dois desses momentos, Crivella adotou tom depreciativo em referências a homossexualidade e a entidade religiosa de matriz africana.

Enquanto falava sobre a verba destinada ao Carnaval, Crivella —que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus— disse que Paes destinava dinheiro público às escolas de samba "porque queria desfilar com chapeuzinho de Zé Pelintra".

A menção pejorativa à entidade associada a religiões afroindígenas foi apontada como um ato de "intolerância religiosa" nas redes sociais.

Apoiadores de Paes e seguidores de religiões que se sentiram ofendidos compartilharam fotos de grandes sambistas usando o chapéu —acessório típico do mundo do samba e também associado à figura do "malandro" no Carnaval do Rio. A imagem de Zé Pelintra é ligada a religiões de matriz africana e também ao catimbó, de origem indígena.

"Respeito muito o samba, o Carnaval do povo. Na Intendente Magalhões [estrada onde desfilam as escolas dos grupos de acesso do Carnaval carioca], eu dobrei o que ele dava, fiz o calendário das rodas de samba. O Eduardo dava 70 milhões [reais] para o Carnaval porque ele queria desfilar no Carnaval, ia com chapeuzinho de Zé Pelintra, saía na capa do jornal, queria autopromoção. Por isso ele pegava o dinheiro das pessoas para se promover", disse Crivella.

Em outro ponto do debate, Crivella disse que Paes implantaria "ideologia de gênero" —notícia falsa criada por militantes católicos ultraconservadores e disseminada no Brasil por lideranças e políticos evangélicos— na rede municipal de ensino, caso fosse eleito.

Além de não apresentar provas do que estava dizendo, Crivella disse na ocasião que o democrata fez do Rio "a capital mundial do turismo gay". Nas redes sociais, a declaração —feita em um contexto de ataque ao adversário— foi considerada homofóbica. Internautas lembraram que homofobia é crime.

A fala foi feita enquanto Crivella associava Paes ao PSOL —o partido liberou integrantes para manifestar voto no ex-prefeito e prega "Crivella nunca mais". Tanto o PSOL como Paes negam que o ato seja um apoio à candidatura do democrata.

Ao associar de maneira falsa o PSOL, Paes e a chamada "ideologia de gênero" em escolas, Crivella disse que o adversário havia fugido dessa discussão e adiado a votação do Plano Municipal de Educação em sua gestão. "Ele covardemente não enfrentou o assunto. Porque ele fez do Rio de Janeiro a capital mundial do turismo gay. Ora Eduardo, por favor seja pelo menos honesto neste tema", desafiou.

Até a publicação desta reportagem, Crivella não havia se posicionado sobre a repercussão das declarações.

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