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Com apoio de Bolsonaro, PM virou disputa sobre PT em 2ª maior cidade do RJ

Capitão Nelson, prefeito eleito de São Gonçalo, com placa que defende "eliminar o PT" - Reprodução/ Facebook
Capitão Nelson, prefeito eleito de São Gonçalo, com placa que defende "eliminar o PT" Imagem: Reprodução/ Facebook

Igor Mello

Do UOL, no Rio

29/11/2020 22h44

Contando com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última semana da campanha, o deputado estadual e ex-policial militar Capitão Nelson (Avante) virou a disputa na segunda maior cidade do Rio e derrotou o PT em São Gonçalo, na região metropolitana.

O município com mais de 1 milhão de habitantes é marcado pelo papel de "cidade dormitório" e pelo grande contingente de evangélicos —que já chegava a 32,5% da população, de acordo com o Censo de 2010. No primeiro turno, Dimas Gadelha (PT) liderou com folga a disputa —com 31,3% dos votos, contra 22,8% de Capitão Nelson.

Em vídeo de 33 segundos, Bolsonaro adotou um tom ameno ao pedir votos para Capitão Nelson, mas alfinetou o PT. "Do outro lado, você sabe, é o PT, que dispensa comentários". Bolsonaro ainda prometeu visitar a cidade no ano que vem.

Na campanha, o candidato do PT apostou no apoio das principais figuras políticas das vizinhas Maricá e Niterói, governadas por PT e PDT, respectivamente.

O ex-prefeito de Maricá Washington Quaquá, vice-presidente nacional da legenda; o atual prefeito da cidade, Fabiano Horta (PT); e o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), participaram de diversos atos de campanha de Dimas Gadelha.

Além disso, o candidato petista centrou sua campanha em projetos implantados nas duas cidades vizinhas, que recebem recursos bilionários de royalties do petróleo.

É o caso de uma moeda social —mecanismo de transferência de renda que privilegia o comércio local— criada em Maricá e do sistema de ônibus gratuitos da cidade, além da instalação de câmeras para auxiliar as polícias, como feito em Niterói.

Já Capitão Nelson investiu no discurso da segurança pública, sua área de atuação, e no antipetismo.

Usando uma logomarca que lembra um distintivo de polícia, ele prometeu auxiliar no policiamento da cidade, criar um centro de comando e controle municipal e expandir o programa Segurança Presente —criado no governo Luiz Fernando Pezão e ampliado por Wilson Witzel (PSC)— por todos os distritos da cidade.

Em carreatas pela cidade, o candidato —que usava o número 70 nas urnas— era acompanhado por placas com a inscrição: "Álcool 70 para eliminar o vírus do PT de São Gonçalo", em referência aos cuidados para prevenir o novo coronavírus.

Ele também contou com o apoio de bolsonaristas influentes na região, caso dos deputados estaduais Coronel Salema (PSD) e Filippe Poubbel (PSL), e do deputado federal Carlos Jordy (PSL).