Debate no UOL: Janones e Ricardo Salles batem boca, e segurança é chamada
O deputado André Janones (Avante-MG) e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, candidato à Câmara dos Deputados por São Paulo, discutiram e quase trocaram socos na noite de ontem (28), na sala onde ficaram os convidados dos presidenciáveis que participaram do debate da noite. Foi preciso a intervenção de assessores e seguranças para afastar os dois, que estavam aos gritos de "miliciano" e "corrupto".
O motivo da briga foi a reação da comitiva que acompanha o presidente e candidato a reeleição, Jair Bolsonaro (PL), em uma de suas falas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A confusão aconteceu logo na primeira pergunta do debate.
Quase às vias de fato: Enquanto Lula respondia à pergunta de Bolsonaro sobre corrupção, o grupo de bolsonaristas vaiava e gritava palavras como "ladrão", encobrindo a fala do concorrente do PT.
O deputado e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas, levantou-se para pedir silêncio ao grupo de Bolsonaro. Ele declarou que podiam vaiar, mas depois que a resposta terminasse.
Na sequência, Janones também levantou e começou a discussão com Salles. A troca de insultos durou mais de um minuto. Em meio à confusão, membros da comitiva da candidata Soraya Thronike (União Brasil), sentada entre os dois grupos, começaram a gritar que eram "farinha do mesmo saco".
A confusão acabou depois de algumas tentativas de assessores e seguranças afastarem os dois envolvidos.
Sem intervalo: A discussão foi retomada durante o primeiro intervalo. O vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL) foi até o grupo petista filmar Janones, que falava com a imprensa, e a discussão recomeçou.
"Vai chorar, Janones?", provocou Ferreira, filmando com o celular. "Seu vagabundo", respondeu o deputado. Sérgio Camargo, ex-presidente da Fundação Palmares, também entrou na briga.
"Ele é um vagabundo, um vereador falso cristão de Minas", disse Janones à imprensa depois da confusão.
Versão de Salles: O ex-ministro confirmou que o advogado Marco Aurélio pediu a espera da fala do presidente Lula terminar para vaiar. Ele concordou com a postura e disse que se exaltou porque precisou responder a Janones. "Ele levantou com o celular na mão para filmar. Só queria causar na internet", disse ao UOL.
Versão de Marco Aurélio: Marco Aurélio, o primeiro a se levantar para pedir silêncio, disse que o que incomodou foram as ofensas e a falta de respeito. Segundo ele, o grupo lulista tem feito campanha respeitando as diferenças e pediu ao Salles que, se quisesse vaiar, deveria esperar o fim da fala do petista.
"Não quero briga. Quando o Janones se exaltou fui lá retirá-lo porque não queria confusão", disse o advogado, um dos coordenadores jurídicos da campanha de Lula.
Versão de André Janones: após o fim do debate, Janones publicou vídeo nas redes sociais no qual disse que foi ele quem puxou a briga.
"Eu confesso para vocês que tive minha parcela de culpa, uma vez que cheguei nele cara a cara e disse ao pé do ouvido que eu iria plantar uma árvore na porta da casa dele. Foi isso que gerou toda a confusão", afirmou.
Clima de quinta série: A paz no lounge onde os convidados dos candidatos assistiram ao debate durou somente a primeira referência a Bolsonaro. Tebet afirmou que era preciso mudar o presidente. Houve aplausos até mesmo de equipe que não eram da candidata.
A primeira intervenção de Bolsonaro gerou ainda mais frisson. Antes mesmo de ele falar, os apoiadores gritavam "mito". Logo, havia gritos de "assassino" dos adversários. Os apoiadores do presidente responderam a provocação declarando que "assassino é quem rouba milhões da saúde".
Grupo mais animado, os bolsonaristas passaram a repetir "ladrão" quando Lula falou pela primeira vez e aplaudem Bolsonaro como se estivessem em estádio de futebol.
Garoto propaganda? Salles foi a pessoa que mais aplaudiu quando Lula citou "o ministro que passou a boiada", em referência a ele, quando falada de meio ambiente com o candidato Luis Felipe D'Ávila (Novo). Rindo, ele falou às pessoas próximas: "Acabei de ganhar uns 10 mil votos!".
Sem citá-lo nominalmente, Lula fez referência a uma fala de Salles em abril de 2020, então Ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro. Durante uma reunião ministerial, ele foi filmado sugerindo que o governo aproveitasse a crise sanitária causada pelo covid-19 para "passar a boiada".
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