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Bolsonaristas proibem candidatos de pedirem votos em ato na Paulista

Ato em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista, região central de São Paulo - Denys Volpe/UOL
Ato em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista, região central de São Paulo Imagem: Denys Volpe/UOL

Do UOL, em São Paulo

07/09/2022 16h30

Os organizadores da manifestação convocada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista, região central de São Paulo, neste 7 de Setembro proibiram os candidatos de pedirem voto. Embora o pedido tenha sido respeitado durante os discursos no carro de som, diversos candidatos distribuíram santinhos por toda a avenida.

O ato reuniu apoiadores que tietaram candidatos bolsonaristas —alguns deles empunhando faixas golpistas, com críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e a favor do voto impresso.

Ato cívico ou político? Sobre um carro de som, um dos organizadores afirmou ao microfone que o "movimento de hoje" não era "um movimento político, e sim um movimento civil".

"Nenhum político que está aqui em cima está autorizado a falar número de candidatura", disse o militante ao alertar que "não faremos manifestações contra as nossas instituições".

Pouco depois, ele anunciou a presença de três ex-ministros do governo Bolsonaro: Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato a governador de São Paulo; Marcos Pontes (PL), candidato ao Senado; e Ricardo Salles (PL), que disputa uma vaga na Câmara.

Apareceram ainda os candidatos a deputado federal Sérgio Camargo (PL-SP), ex-presidente da Fundação Palmares, e Carla Zambelli (PL-SP), que tenta a reeleição.

Cartazes criticam o STF e pedem voto impresso - Caê Vasconcelos/UOL - Caê Vasconcelos/UOL
Cartazes criticam o STF e pedem voto impresso
Imagem: Caê Vasconcelos/UOL

Pelo menos um candidato à Presidência apareceu na manifestação: Padre Kelmon (PTB) estava no trio estacionado em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), com apoiadores de seu partido. Ele foi oficializado na vaga há três dias, após Roberto Jefferson ter a candidatura barrada pela Justiça.

Os postulantes seguiram a recomendação e não pediram voto durante os discursos no carro de som, mas ninguém deixou de distribuir santinho e pedir voto ao longo da avenida.

Tarcísio distribui adesivos. Sem a presença de Bolsonaro na Paulista, a expectativa dos manifestantes era pela presença de Tarcísio, que chegou por volta das 12h30. Tietado pelos manifestantes, levou mais de 20 minutos para conseguir subir no carro de som.

"Pena que não é paulista", lamentou um dos apoiadores de Tarcísio a um colega que o auxiliava a distribuir adesivos do candidato.

O candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas participa de manifestação bolsonarista na avenida Paulista - José Dacau/UOL - José Dacau/UOL
O candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas participa de manifestação bolsonarista na avenida Paulista
Imagem: José Dacau/UOL

Tarcísio minimiza cartazes golpistas. Apesar dos alertas no carro de som, muitos manifestantes apareceram com cartazes golpistas, pedindo intervenção militar, com criticas ao STF e defendendo o voto impresso.

Questionado a respeito, Tarcísio minimizou as mensagens antidemocráticas ao afirmar haver "zero risco" à democracia.

"A gente não tem como controlar isso, mas não é o espírito do movimento, não é o espírito da celebração", afirmou. "Não tem nada a ver, a gente tá aqui para celebrar a prosperidade, para celebrar o futuro."

O ex-ministro do Meio Ambiente e candidato a deputado federal, Ricardo Salles (PL) discursou na Paulista em um carro militar  - André Porto/UOL - André Porto/UOL
Ex-ministro do Meio Ambiente e candidato a deputado federal, Ricardo Salles (PL) discursou na Paulista em um carro militar
Imagem: André Porto/UOL
Tarcísio também contrariou Bolsonaro, que mais cedo, em Brasília, afirmou que a história pode se repetir, em referência à ditadura.

"Não, não vi o contexto, mas temos uma democracia sólida, segura, [que] vai nos dar grandes alegrias", disse o candidato.

Denuncia contra o STF. Zambelli aproveitou o ato para ameaçar o STF ao criticar a busca e apreensão na casa de empresários bolsonaristas que em um grupo de WhatsApp defenderam um golpe em eventual eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Vamos entrar com uma denúncia na Corte Internacional contra os ministros do STF."
Carla Zambelli, deputada federal

Mais críticas ao STF. Uma carta escrita pelo jurista Ives Gandra e lida em outro carro de som afirmou que o STF parece "colocar em risco a democracia".

"O STF ultimamente parece estar atuando para suprir derrotas da oposição no Congresso Nacional. E isso sim parece colocar em risco a nossa democracia", diz um trecho.

O jurista também mencionou o caso dos empresários bolsonaristas como exemplo de que o Supremo estaria atropelando outros Poderes.

Bolsonaristas enchem a Paulista. Apesar da Polícia Militar não divulgar estimativa de manifestações, muitos bolsonaristas se reuniram na Paulista. A movimentação era tímida pela manhã em razão da chuva, mas no início da tarde os apoiadores do presidente começaram a chegar em maior número.

Manifestantes na altura do número 900 da avenida Paulista - José Dacau/UOL - José Dacau/UOL
Manifestantes na altura do número 900 da avenida Paulista
Imagem: José Dacau/UOL
As maiores concentrações ocorreram em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ao Masp e à rua Peixoto Gomide. Durante toda a manifestação, a Paulista ficou fechada desde o Shopping Pátio Paulista.

Homenagens à Polícia Militar. Em diversos pontos do ato, manifestantes tiravam fotos com policiais militares. Nos carros falas como "viva a Polícia Militar" eram repetidas pelo público. Os veteranos da Rota (Rondas Ofensivas Tobias Aguiar) marcaram presença.

Críticas à imprensa. A imprensa foi atacada durante a manifestação em muitos momentos e pontos diferentes da avenida. Alguns veículos foram mencionados nominalmente, como a Rede Globo, o UOL e a Folha de S.Paulo. Faixas com os rostos de William Bonner e Renata Vasconcellos, que conduziram a sabatina com Bolsonaro, ganharam destaque.

Por diversas vezes ao longo da manifestação, a emissora Jovem Pan foi celebrada. Alguns de seus comentaristas, como Marco Antonio Costa, estavam no principal carro de som ao lado de Tarcísio, Zambelli e Salles. Um dos organizadores chegou a chamar a Jovem Pan de "parceira" no evento. Apenas jornalistas da Jovem Pan e da Record foram autorizados a entrar na área destinada aos jornalistas; os demais, incluindo o UOL, foram vetados.

Verde e amarelo. A camiseta verde e amarela da CBF foi a roupa mais usada pelos manifestantes, que também usavam camisetas com frases como "meu partido é o Brasil" e "Bolsonaro 22". Camisetas e bandeiras dos quatro grandes clubes paulistas também marcaram presença.

Crianças vestidas de PM. Muitas famílias com crianças vestidas de verde e amarelo e gritando "Lula ladrão, seu lugar é na prisão" e "nossa bandeira jamais será vermelha" estiveram no ato, além de crianças vestidas como policiais militares.

Bolsonaro é retratado em bonecos infláveis na avenida Paulista   - José Dacau/UOL - José Dacau/UOL
Bolsonaro é retratado em bonecos infláveis na avenida Paulista
Imagem: José Dacau/UOL