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Com Marina, Lula reúne apoio de quase metade dos presidenciáveis de 2018

Então candidatos à presdiência antes do debate da Rede Globo em 2018 - Thiago Ribeiro/AGIF
Então candidatos à presdiência antes do debate da Rede Globo em 2018 Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Do UOL, em São Paulo

13/09/2022 04h00

Com a declaração de apoio da ex-ministra Marina Silva (Rede), no fim de semana, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conta com seis presidenciáveis de 2018 do seu lado— quase metade dos 13 nomes que concorreram naquele ano. Além dele, Ciro Gomes (PDT) tem apoio de um ex-adversário, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) —candidato à reeleição— só tem o próprio.

Entre integração na chapa, apoio partidário ou mera declaração de voto, o petista tem a chancela de ex-ministros, aliados de longa data e até antigos opositores, como o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na mesma chapa, que concorreu na última eleição pelo PSDB.

Ao todo, quatro candidatos desta eleição presidencial concorreram em 2018 —Bolsonaro, Ciro, José Maria Eymael (DC) e Vera Lúcia (PSTU). Veja a seguir como estão distribuídos os apoios:

  • Lula: seis ex-presidenciáveis
  • Ciro: dois ex-presidenciáveis (incluindo o próprio)
  • Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe D'Ávila: 1 ex-presidenciável cada
  • Bolsonaro, Eymael e Vera Lúcia: eles mesmos

Da esquerda à direita

Depois de concorrer cinco vezes à Presidência da República (entre 1989 e 2006) e ganhar duas, Lula era pré-candidato do PT em 2018 quando foi preso pela Operação Lava Jato e impedido de disputar o pleito. Em primeiro nas pesquisas, o partido registrou, então, o ex-ministro Fernando Haddad (PT) como cabeça de chapa.

Com Lula solto no fim de 2019, o PT tem propagandeado uma "frente ampla pela democracia" em prol do nome desde o segundo semestre do ano passado, quando a aliança com Alckmin, antigo opositor, foi se consolidando. Em relação aos ex-concorrentes de 2018, conseguiu formar uma miscelânea.

Alckmin: Depois de 33 anos no PSDB, o ex-governador paulista deixou o partido em dezembro do ano passado para se filiar ao PSB e ser alçado como vice na chapa de Lula. Ele saiu da sigla que ajudou a fundar amuado.

Com apenas 4,7% dos votos em 2018 —na primeira vez em que o partido não foi para o segundo turno desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB)—, Alckmin foi deixado de lado nos planos nacionais e estaduais dos tucanos e acabou sendo bem recebido pela esquerda que tanto o havia criticado.

Haddad: Ministro da Educação de Lula, o ex-prefeito paulistano tornou-se o candidato do PT como substituto do ex-presidente em 2018. Haddad chegou a ir para o segundo turno com Bolsonaro, mas foi derrotado. Hoje, disputa o governo de São Paulo, em primeiro lugar nas pesquisas.

Henrique Meirelles (então MDB, hoje União Brasil): Presidente do Banco Central durante os oito anos de governo Lula (2003-2010), Meirelles tem se afastado do ex-chefe.

Em 2018, concorreu pelo MDB, mas obteve apenas 1,2% dos votos. Desde então, havia se aproximado do ex-governador João Doria (PSDB-SP) e migrou para o União Brasil para tentar uma vaga no Senado por Goiás.

Entre disputas internas, deixou as cobiças eleitorais e virou conselheiro de uma gigante de criptomoedas. Em entrevista à Folha de S. Paulo na semana passada, declarou voto crítico em Lula.

Marina Silva (Rede): Ministra de Meio Ambiente de Lula por seis anos, deixou o governo e o PT em 2008 em meio a divergências internas. Rompeu inteiramente com o grupo de Lula após as eleições de 2014, quando concorreu pelo PSB, e declarou apoio ao deputado Aécio Neves (PSDB-MG).

Ela não estava presente quando a Rede, que ajudou a fundar, uniu-se à coligação petista, mas, após diálogos intensos, voltou atrás e juntou-se ao grupo nesta semana. Neste ano, ela concorre a deputada federal por São Paulo.

Guilherme Boulos (PSOL): Principal entusiasta e influenciador do apoio do PSOL a Lula, fechado em abril, sem lançamento de candidatura própria ao Planalto, Boulos é um dos principais nomes da campanha lulista na cidade de São Paulo. Também deverá ser um puxador de votos para a Câmara Federal.

João Goulart Filho (antes PPL, hoje PCdoB): Último colocado na eleição de 2018, com 0,03% dos votos, o filho do ex-presidente João Goulart, deposto pelo Golpe Militar de 1964, está hoje no PCdoB, partido que forma federação com PT e PV.

Ele chegou a lançar pré-candidatura ao governo do Distrito Federal, mas a aliança optou pelo deputado distrital Fernando Grass (PV-DF).


Com Ciro

Disputando a quarta eleição neste ano, Ciro Gomes ficou em terceiro lugar em 2018, com 12,4% dos votos. Como na última eleição, neste ano o ex-governador do Ceará não conseguiu fechar uma grande aliança partidária e lançou uma chapa puro-sangue junto à vice-prefeita de Salvador Ana Paula Matos (PDT), mas ganhou o apoio de um ex-adversário.

Cabo Daciolo (antes Patriota, hoje PDT): Uma das revelações da eleição presidencial passada, por seu jeito excêntrico nos debates, Daciolo acabou em sexto lugar na corrida —à frente de nomes mais conhecidos, como Meirelles, Marina e Boulos. Neste ano, migrou para o PDT, pelo qual concorre ao Senado pelo Rio de Janeiro.

Apoio a mais

Tebet e D'Ávila não concorreram em 2018, mas têm, atualmente, o apoio de dois nomes que figuraram na disputa —e que não são, curiosamente, os nomes que eles endossavam naquela eleição.

João Amoêdo (Novo): Foi fundador do partido de D'Ávila, e, na eleição passada compunha a coordenação de campanha de Alckmin no PSDB. Crítico de Bolsonaro, o empresário não concorrerá nesta eleição.

Álvaro Dias (Podemos): Depois de chefiar o lançamento da pré-candidatura do ex-juiz Sergio Moro (hoje no União Brasil) à Presidência —e ser traído por ele—, Dias participou das negociações de apoio do partido que fundou à campanha de Tebet. Ex-tucano, ele tenta regressar ao Senado e tem como principal concorrente o ex-pupilo político no Paraná. Em 2018, Tebet estava com Meirelles.

Só eu mesmo

Dos quatro candidatos que concorreram à vaga no Planalto em 2018, três têm como único apoio entre os que disputaram a eleição o próprio nome. No pleito anterior, eles acabaram em locais distintos da disputa.

Bolsonaro, então no PSL, ganhou as eleições no segundo turno com 55,1% dos votos. Já Eymael e Vera ficaram respectivamente em penúltimo (0,04%) e antepenúltimo lugar (0,05%), sem qualquer chance de ir para a etapa seguinte.