Palavrão, jardim da infância, batom laranja: os bastidores do debate em SP
Apesar da proximidade das eleições, o debate entre os candidatos ao governo do Estado de São Paulo realizado na noite desta terça-feira (14), pelo UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo e TV Cultura, foi marcado por um clima amistoso entre os adversários, com direito a piadas, selfies e abraços. A cordialidade, contudo, não se estendeu à plateia.
Auxiliares e apoiadores dos postulantes trocaram farpas e foi necessária a intervenção de seguranças do Memorial da América Latina, onde ocorreu o evento, para conter os ânimos. Participaram do debate: Fernando Haddad (PT), Rodrigo Garcia (PSDB), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Vinícius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT).
Laranja até no batom. Selma Cezar, mulher do andidato a governador pelo PDT, Elvis Cezar, chegou "vestida de Novo" para o evento. O Partido Novo tem o laranja como identidade visual e foi justamente esta cor que Selma escolheu para acompanhar o marido. Até a cor do batom era laranja. Ela ficou ao lado do marido durante toda a entrevista na entrada e fez cara de aprovação para as respostas do marido.
Jardim de infância. Mesmo antes do clima de euforia, o apresentador Leão Serva, da Cultura, que mediou o debate junto a Fabíola Cidral, do UOL, mandou um recado ao público presente. Ele lembrou que, durante o debate da Band as manifestações dos candidatos fizeram com que o debate fosse interrompido. "Aqui não é o jardim de infância", repreendeu ele. "[As manifestações] podem atrapalhar, inclusive, o seu candidato."
Bronca. O vice de Tarcísio, Felicio Ramuth (PSD) foi advertido por um segurança da TV Cultura após assobiar alto em apoio ao candidato do Republicanos. Ramuth está acompanhado de Frederico d'Ávila (PL), candidato a deputado federal; Filipe Sabará (Republicanos), e o deputado federal e candidato à reeleição Capitão Derrite (PL).
A reportagem estava perto do grupo e presenciou conversas e barulho. No entanto, após a publicação desta reportagem, na quarta-feira (14), a assessoria de Ramuth negou que ele tenha assobiado. "Quem conhece Felicio Ramuth sabe que esse tipo de conduta não condiz com a sua personalidade e sua forma de agir", diz a nota enviada ao UOL.
Para maiores. O clima na plateia pesou quando Garcia e Haddad debatiam sobre o caso de corrupção envolvendo o irmão do tucano, Marco Aurélio Garcia. Os convidados do PSDB aplaudiram aos gritos quando o governador paulista rebateu o petista sobre escândalos de corrupção durante o governo Lula.
Os petistas também se alteraram, pedindo silêncio, mas a reação efusiva veio mais ao fundo, de um convidado do PDT. "Vai tomar no c*, para de pedir silêncio", gritou Everton Roberto, secretario adjunto do partido em São Paulo.
Os seguranças intervieram e disseram ao homem que ele seria retirado se repetisse o palavreado. O bate-boca também gerou reação no apresentador Leão Serra, que pediu silêncio ao vivo.
Torcida no auditório. O debate nem havia começado, e os apoiadores e convidados já estavam com torcidas efusivas enquanto os candidatos se posicionavam atrás de seus púlpitos.
Quando o governador Rodrigo Garcia entrou, recebeu aplausos por parte dos tucanos — grupo mais entusiasmado durante o último debate estadual — e foi vaiado pelo grupo de Elvis Cesar (PDT), que gritou "filhote de Doria" e "vice é sempre vice", lembrando do ex-governador João Doria (PSDB), antecessor de Garcia e escondido por ele em seus discursos.
"Assim não!", reagiu o lado tucano, um pouco à frente na plateia. "Já já rola um Ricardo Salles", brincou um dos convidados entre os grupos, em referência à briga do ex-ministro com o deputado André Janones (AV-MG) durante o debate presidencial, no dia 28 de agosto.
Onde? Elvis Cezar (PDT) arrancou risadas da plateia ao perguntar se os impostos aplicados pelo governo paulista durante a pandemia de covid-19 eram "só no nosso". A provocação trouxe também o primeiro sorriso de Fernando Haddad (PT) fora das câmeras —até o alvo, o governador Rodrigo Garcia (PSDB), riu.
Gargalhada. Pouco antes do início do debate, Haddad e Tarcísio se cumprimentaram cordialmente e o petista foi flagrado dando uma gargalhada com o adversário. Ambos foram ministros governo da ex-presidente Dilma Rousseff —Tarcísio foi diretor-geral do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e Haddad foi ministro da Educação.
"Não vou ficar fazendo confidências", disse Haddad ao ser questionado sobre o que conversava com Tarcísio antes do debate e que provocou risadas entre os dois. "É meu amigo de governo, estivemos no mesmo governo. Não é pessoal, política é política. Ele estava interessado em conversar", afirmou, em referência ao período em que Tarcísio foi diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
Cola. Haddad também mencionou uma ajudinha ao adversário nos intervalos, quando Tarcísio o procurou em seu púlpito. "Ele não trouxe o roteiro, ficou colando de mim a ordem, as regras", brincou o petista.
Tarcísio confirmou — "Eu tava perguntando a ordem de fala" — e disse que Haddad é "gente boa".
Os dois candidatos, que figuram nos dois primeiros lugares das pesquisas e refletem a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) no estado, foram colocados lado a lado na disposição dos candidatos.
Vidraça. Atacado por seus adversários durante o debate, o tucano Rodrigo Garcia disse ter sido "vidraça" por ser o atual governador. Mesmo em terceiro nas pesquisas, Rodrigo se tornou o principal alvo de seus adversários, que tentaram colar sua imagem a do ex-governador João Doria (PSDB), de quem Rodrigo foi vice.
A campanha de Rodrigo tem buscado esconder Doria, que deixou o comando do estado com alta taxa de rejeição. O candidato à reeleição não escondeu a risada quando o pedetista perguntou se os impostos estaduais eram "só no nosso".
Questionado sobre Elvis Cezar (PDT) sobre o aumento de impostos aplicados pelo governo paulista durante a pandemia de covid-19, promovido pela gestão de João Doria (PSDB), Rodrigo deixou o antecessor de lado e disse que assumiu o governo há cinco meses.
Na cola de Bolsonaro. Tarcísio afirmou antes do debate que vai colar em Jair Bolsonaro (PL) na reta final da campanha. "Vamos fazer evento junto, sim. É importante. A massa de eleitores de Bolsonaro aqui em São Paulo precisa perceber quem é o candidato aqui em São Paulo."
Na esportiva. Adversários na candidatura ao Senado, o ex-governador Márcio França (PSB) e o ex-ministro Marcos Pontes (PL) se cumprimentam antes do evento. Tido entre os adversários como um oponente bem-humorado, França pediu para tirar uma foto com Pontes. O ex-governador chegou com a esposa Lúcia França, vice de Haddad na chapa. E o ex-ministro acompanhou Tarcísio.
Atrasado. Edson Aparecido (MDB), candidato a senador na chapa de Rodrigo, chegou ao local cerca de 15 minutos antes do início do debate. Nos bastidores, tucanos reclamaram da demora para chegada do candidato e brincaram se haviam passado o endereço errado do evento para ele.
Contraindicação. Haddad foi orientado pela campanha a focar em propostas e não partir para o embate direto com outros candidatos, apenas caso fosse provocado. No entanto, em sua primeira chance de fazer uma pergunta a um candidato, ele questionou Tarcísio de Freitas a respeito do governo federal, e não a respeito de propostas locais.
Marina Silva. Candidata a deputada federal pela Rede, Marina Silva chegou ao Memorial da América Latina a poucos minutos do início do debate. Ela tem apoiado a candidatura de Haddad e na última semana anunciou apoio formal à candidatura de Lula à Presidência da República após anos de rompimento com o PT. O UOL apurou que a ida de Marina serve também para materializar a costura de apoio ao ex-presidente.
Participaram desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Caê Vasconcelos, Isabela Aleixo, Felipe Pereira, Gabriela Vinhal, Gilvan Marques, Herculano Barreto Filho, Juliana Arreguy, Leonardo Martins, Lucas Borges Teixeira, Mariana Durães, Rafael Neves, Stella Borges, Wanderley Preite Sobrinho.
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