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SP: Haddad mira Rodrigo; Tarcísio é acusado de apoiar quem bate em mulher

Debate com governadores de SP no SBT - Divulgação/SBT
Debate com governadores de SP no SBT Imagem: Divulgação/SBT

Gabryella Garcia, Stella Borges e Juliana Arreguy

Colaboração para o UOL, em São Paulo, e do UOL, em São Paulo

17/09/2022 19h14Atualizada em 17/09/2022 21h51

O segundo confronto entre candidatos ao governo de São Paulo manteve as farpas e estratégias mostradas no debate do UOL, em parceria com Folha de S.Paulo e TV Cultura, ocorrido no último dia 13.

O atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), mirou no petista Fernando Haddad, a quem acusou de aumentar impostos. "Só não aumentou mais porque o STF [Supremo Tribunal Federal] barrou", afirmou, recuperando a participação dele enquanto Marta Suplicy esteve à frente da prefeitura, quando foi apelidada de "Martaxa". Ele foi seu subsecretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico.

Já Haddad rebateu, criticando a gestão dele, dizendo que ele fez parte do governo de "Celso Pitta, Gilberto Kassab e João Doria, certamente os piores das gestões de São Paulo".

"Não tenho complexo. A caneta está comigo. Sou senhor dos destinos de São Paulo. Não vou perguntar para nenhum padrinho político ou para candidato à Presidência. Vou governar para vocês, para olhar para o futuro e fazer São Paulo prosperar", criticou Rodrigo, enfatizando a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele tentou se colocar a todo momento apenas como um gestor que cumpre a responsabilidade fiscal.

Haddad disse que ele quer "varrer o passado, quando lhe interessa" e "inventa dados". "Fala, fala e não explica", rebateu Rodrigo. Os dois escondem informação, porque o histórico de trabalho de Rodrigo é com ex-governadores —muitos deles tucanos, sigla à qual ele recém se filiou— e Haddad também não comenta números ruins de gestões petistas, como na segurança pública.

Já Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiado por Bolsonaro, sentiu as críticas da intimidação do deputado estadual Douglas Garcia, também filiado a seu partido, contra a jornalista Vera Magalhães. Foi acusado por mais de uma vez de apoiar "quem bate em mulher".

"Repudio qualquer ataque às mulheres, repudiei veementemente o que aconteceu no debate da TV Cultura. Vou ter uma plataforma de governo, um plano de governo vivo para as mulheres e vou começar com a criação de uma secretaria de política para as mulheres, dedicada às mulheres", afirmou.

Como estratégia, mirou no atual governador, com quem disputa o lugar no segundo turno. Principalmente ao ser confrontado com o tema das câmeras nas fardas policiais, que ele já disse que "tem de ser revista". "Parece que estamos desconfiando do policial."

Rodrigo disse que só havia convidado mulheres para o debate. "Aqui nós não toleramos agressão à mulher, aqui a gente valoriza a mulher com apoio, com crédito, com formação profissional."

Tarcísio tentou responder que a defesa da mulher "tem a ver com os filhos sem escola, com as Santas Casas indo mal", problemas da gestão do atual tucano no comando do estado. Mas visivelmente se viu em dificuldades para relacionar esses temas com a atuação violenta bolsonarista.

É contra Rodrigo que Tarcísio tenta estar no segundo turno das eleições. Haddad lidera as pesquisas de intenções de voto e deve ter vaga cativa nessa disputa, segundo os mais recentes levantamentos.

A estratégia do Haddad também contou com a participação de Elvis Cezar, do PDT, que tem o presidenciável Ciro Gomes contra Lula. Mas foi uma boa "escada" para criticar Rodrigo Garcia, tanto contra a reindustrialização como contra os impostos, a inércia do estado e a modernização na criação dos empregos.

Elvis não atacou o petista na pergunta e deixou que ele falasse sobre a redução de impostos em itens da cesta básica. "Especialidade para cuidar de pessoas, só prefeito tem", disse Elvis, num autoelogio, dizendo que entre os dois "não há comparação".

Metralhadora giratória. Elvis Cezar (PDT) ainda partiu para o ataque contra Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL), que disse que, quando este era ministro da Infraestrutura, destinou menos investimento ao estado do que para Acre e Roraima, e até menos do que "para a cidade que nasci, Carapicuíba".

"Anda com candidato que bate em mulher, com candidato que fala mal do papa e com candidato corrupto, Eduardo Cunha, e ainda elogia o Fernando Collor de Mello [que sofreu impeachment quando foi presidente]", disparou na sequência, fazendo referência ao ataque do deputado estadual Douglas Garcia e também a Frederico d'Ávila, que foi associado pela campanha de Rodrigo a Tarcísio. "Estuda mais", foi a resposta de Tarcísio.

"Durante o tempo, todo tinha dinheiro em caixa e nada foi feito", disse Tarcísio sobre a gestão de Garcia. Ele também criticou o tucano pelo número de crianças fora das escolas. Rodrigo rebateu dizendo que Tarcísio não conhece a realidade de São Paulo.

"Ninguém ama o que não conhece. Duvido que você conheça algumas escolas do estado de São Paulo, você chegou agora aqui. Está decorando tudo e estudando para se dar bem em debate", disse, se referindo à origem do candidato de Bolsonaro, que morou a maior parte de sua vida política no Rio e em Brasília, embora tenha conseguido configurar na Justiça Eleitoral seu domicílio eleitoral atual como sendo em São Paulo.

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Rodrigo Garcia (PSDB) cumprimenta Fernando Haddad (PT) antes de iniciar o debate no SBT
Imagem: SBT/Divulgação

Foi mal. O candidato do Republicanos disse ter avaliado mal a decisão de fazer um vídeo de apoio ao ex-presidente Fernando Collor, candidato ao governo de Alagoas. Na gravação, explorada pela campanha de Rodrigo, Tarcísio elogia Collor, dizendo que ele é "um dos maiores políticos que já tivemos". "A gente faz de boa-fé, estava querendo ajudar um candidato que está alinhado com o presidente. Tinha [um risco] e eu não avaliei direito, sem dúvida."

Haddad fala de corrupção. Questionado sobre corrupção, o ex-prefeito Haddad disse que defende "que todo homem público seja investigado". "Não tem essa de sigilo de cem anos, não tem essa de esconder patrimônio, tudo tem que ser transparente", respondeu, citando medidas tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Gafe. No terceiro bloco, o mediador Carlos Nascimento se adiantou e quase não deixou Tarcísio de Freitas fazer sua tréplica. Ele ficou com o dedo levantado até ter sua chance de falar. "Sorry", disse o mediador, se desculpando em inglês, "estávamos avançando o tempo e me adiantei", dando a palavra ao candidato.

Poit cita Dirceu e ataca Haddad. O candidato do Novo disse que "fica na dúvida" quem vai ser o controlador-geral do estado, que fiscaliza as ações do governador, se os ex-ministros José Dirceu ou Antonio Palocci, acusados de corrupção durante o escândalo do mensalão. Poit falou que outros sempre utilizaram compras de votos, já ele não usou o orçamento secreto, que não tem transparência nas emendas de parlamentares liberadas aos estados.

Saldo positivo. A equipe de Haddad considerou o debate positivo para o líder das pesquisas. Interlocutores da campanha disseram ao UOL que o petista conseguiu apresentar melhor as propostas e que Rodrigo teve exposta sua trajetória política após declarar diversas vezes que não tem padrinho político.

Segundo turno. Na saída do debate, Elvis Cezar foi questionado quem apoiaria num eventual segundo turno, se Haddad, Tarcísio ou Rodrigo. Ele respondeu: "Elvis Cezar avançará ao segundo turno. Mais alguma pergunta?". Após a resposta, não houve novas perguntas por parte da imprensa.

Oportunidade. Poit agradeceu a imprensa pela cobertura do debate e alfinetou os adversários mais bem colocados nas pesquisas: "Quando só há espaço para dois ou três, ninguém se lembra que existem o Poit e o Elvis".

Os candidatos ao governo do estado de São Paulo participaram hoje (17) do evento realizado pelo SBT, Veja, O Estado de S.Paulo, rádio Nova Brasil FM e o portal Terra, com mediação do jornalista Carlos Nascimento.