Após Bolsonaro duvidar novamente do TSE, Tarcísio diz confiar nas urnas
Dois dias depois de o candidato à reeleição presidencial, Jair Bolsonaro (PL),voltar a contestar o sistema eleitoral dizendo que só não ganha se "algo de anormal" acontecer, o aliado e candidato a governador em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou hoje (20) que confia nas urnas eletrônicas. O posicionamento contrário ao do presidente ocorreu em dois momentos durante agenda de campanha no CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola),na capital paulista.
Em sua palestra, Tarcísio disse "eu confio no sistema". Na sequência, durante entrevista a jornalistas, foi ainda mais enfático ao responder se apoiaria um questionamento ao resultado das apurações. O candidato respondeu que não disputaria um cargo público se não confiasse no sistema eleitoral. "Acho que, se eu não acreditasse, eu não disputava a eleição."
Em Londres, Bolsonaro questiona as urnas. A demonstração de confiança de Tarcísio ao sistema ocorre logo depois de Bolsonaro voltar a levantar suspeita sobre o resultado das eleições. Em entrevista ao SBT, o presidente colocou em dúvida o sistema eleitoral.
"Eu digo, se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE, tendo em vista obviamente o 'data povo', que você mede pela quantidade de pessoas que não só vão nos meus eventos, bem como nos recepcionam ao longo do percurso até chegar ao local do evento."
Nesta terça, em discurso na ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, o presidente não citou a Justiça eleitoral —mas transformou o evento internacional em palanque e atacou seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em São Paulo, Tarcísio diz confiar nas urnas. A primeira menção de Tarcísio às urnas ocorreu durante a palestra que proferiu a estudantes. Mestre de cerimônia, o jornalista Carlos Nascimento perguntou sobre o assunto. A primeira frase da resposta do candidato a governador foi categórica.
Na sequência, ainda que tenha mantido a posição de confiar no sistema eleitoral, Tarcísio adotou um discurso menos distante do presidente ao mencionar que pode haver melhoria no aparato de segurança.
Eu confio no sistema. Eu não tenho este receio. Eu acho que é um sistema que foi muito pensado, trabalhado por muita gente. Acho que muita se dedicou a tornar o sistema o mais seguro possível."
"Agora, acho que nenhum sistema é inviolável, nenhum sistema e isento de falha. Todo sistema é passível de aperfeiçoamento. Acho que é um debate que tem que ser feito com a Justiça Eleitoral e dizer, olha existe a possibilidade de melhoria? Ok. O que a gente pode propor para garantir ainda mais segurança", complementou, em seguida.
Sem contestação ao resultado eleitoral. Durante a entrevista aos jornalistas, Tarcísio não quis comentar as afirmações de Bolsonaro. "Como eu não ouvi, não acompanhei o que o presidente declarou, eu prefiro não comentar."
Mas quando questionado se confia no sistema eleitoral e nas apurações, falou que admite o resultado que for divulgado.
Como eu já falei acho que diversas vezes, eu admito o resultado [das eleições]. Não vou contestar. Eu acredito naquilo que vai sair."
Na sequência, foi ainda mais contundente: "Não devo contestar, eu acho que a gente vai ter eleições limpas. Eu acho que nós não vamos ter problema nenhum nas eleições".
Dificuldade em parecer moderado. Ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio se apresentou na campanha como um realizador de obras de perfil equilibrado. Ocorre que aliados identificados com aquilo que é conhecido como "bolsonarismo raiz" têm criado dificuldades para manutenção da linha serena.
O caso mais emblemático foi o ataque verbal do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) à jornalista Vera Magalhães. Depois do ocorrido ao fim do debate UOL, Folha e TV Cultura na semana passada, adversários tentam colar nele a rejeição que Bolsonaro tem do eleitorado feminino.
Apesar destes casos, Tarcísio adota posições mais comedidas na comparação com o padrinho político sem sinais de ruptura até o momento.
Os dois têm uma relação de dependência eleitoral. Tarcísio precisa associar sua imagem à Bolsonaro para receber votos suficientes para ir ao segundo turno. O presidente precisa que o aliado avance para ter um palanque em São Paulo num eventual segundo turno contra Lula.
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