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Promotor vai acompanhar inquérito de agressão a pesquisador do Datafolha

O pesquisador do instituto Datafolha foi agredido na terça-feira (20) com chutes e socos por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro - Divulgação
O pesquisador do instituto Datafolha foi agredido na terça-feira (20) com chutes e socos por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

23/09/2022 18h09Atualizada em 23/09/2022 18h58

O procurador-geral de Justiça do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), Mario Sarrubo, designou hoje que o promotor José Guilherme Silva Augusto acompanhe o inquérito aberto por lesão corporal contra um pesquisador do Instituto Datafolha. As informações são do MP-SP.

A agressão. O pesquisador do instituto Datafolha foi agredido na terça-feira (20) com chutes e socos por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), em Ariranha, cidade localizada a 388 km da capital paulista, segundo informação publicada pelo jornal Folha de S.Paulo.

Segundo a publicação, o funcionário entrevistava uma pessoa, quando o bolsonarista Rafael Bianchini se aproximou e, aos gritos, passou a exigir que também fosse ouvido para o levantamento. "Só pega Lula" e "vagabundo" foram alguns dos termos gritados pelo bolsonarista no meio da rua.

As diretrizes do Datafolha, no entanto, não permitem a entrevista de pessoas que se prontificam a participar das pesquisas.

O ataque ao pesquisador teria começado quando a entrevista com o outro morador foi finalizada. Ele foi atingido pelas costas, e o tablet usado para a entrevista foi derrubado no chão. Quando o pesquisador reagiu às agressões, ele passou também a ser atacado por um filho do bolsonarista. Os vizinhos precisaram intervir no ataque.

Na sequência, o homem entrou em sua casa e voltou instantes depois ameaçando-o com uma peixeira. O filho o conteve.

O pesquisador estava desempenhando seu trabalho e foi covardemente agredido fisicamente. Nada justifica qualquer tipo de agressão. Estamos acompanhando um aumento da hostilidade em relação aos pesquisadores e isso é muito preocupante. Luciana Chong, diretora do Datafolha, em entrevista à Folha

O pesquisador foi atingido com chutes na cabeça, nas costas e nos braços. Ele foi atendido num pronto-socorro da cidade e liberado. Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia da cidade.

Intercorrências. O Datafolha contabilizou dez intercorrências em municípios de diferentes regiões do país, num universo de 470 pesquisadores. Houve casos em São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Maranhão, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Ataques da família Bolsonaro contribuem com agressão, diz diretora. Ao UOL News, Luciana Chong, diretora do instituto, lamentou o caso e afirmou que os ataques da família de Jair Bolsonaro (PL) contra as pesquisas contribuem para esse clima hostil.

"Eles contribuem, geram esse clima de hostilidade contra o Datafolha. Isso é um absurdo. O Datafolha está ali para cumprir a função de mostrar o que a sociedade pensa. Não tem um lado, não está a favor ou contra candidatos. Nosso objetivo é para apurar e tirar fotografia desse momento", explicou Luciana.

Na sequência, ela comentou que percebeu um aumento da agressividade em comparação com a eleição presidencial anterior. "Em 2018 percebemos hostilidade, mas não era muito. Esse ano de fato é maior. Já teve xingamento, pessoas que gravam vídeo e colocam nas redes sendo hostil com pesquisadora. Sempre uma intimidação e a gente tem percebido isso mais forte".

O Datafolha prometeu dar todo apoio jurídico à vítima e prosseguirá com o processo contra o agressor.