Debate em SP tem Rodrigo escanteado e dobradinha entre Haddad e Tarcísio
Líderes nas pesquisas eleitorais, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) e o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) deixaram de lado Rodrigo Garcia (PSDB), atual governador do estado, e trouxeram a polarização nacional para o debate da TV Globo, na noite de hoje (27).
A situação motivou até um comentário do tucano no terceiro bloco do debate, citando a cobertura do UOL sobre o encontro entre os candidatos ao governo paulista. "Desde o começo do debate está claro aqui a tabelinha que o Haddad e o Tarcísio estão fazendo. Aliás, estava olhando agora no intervalo no UOL, a capa do UOL já mostra tabelinha de Haddad e Tarcísio porque eles querem trazer essa guerra política para cá", disse.
"Um pendura no Lula, outro no Bolsonaro". Em três dos quatro blocos do debate, Rodrigo foi o último candidato a ser questionado pelos oponentes, situação em que eles eram obrigados, por exclusão, a se dirigirem ao tucano.
Haddad, em todas as oportunidades que teve, não fez nenhuma pergunta ao Rodrigo e preferiu confrontar Tarcísio, Elvis Cezar (PDT) — duas vezes — e Vinicius Poit (Novo).
Tarcísio, por sua vez, fez apenas uma pergunta ao atual governador, no terceiro bloco, quando acusou o tucano de "se apropriar" das políticas públicas de seus antecessores.
Mesmo quando não dialogavam com Rodrigo, contudo, Haddad e Tarcísio criticaram o atual governo paulista em suas falas. Em resposta, o tucano atacou os adversários, dizendo que estão comprometidos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o presidente Jair Bolsonaro (PL), e não com o eleitor paulista.
Vocês estão vendo a briga política aqui instalada: um pendura no Lula, o outro pendura no Bolsonaro e ninguém pensa em São Paulo
Rodrigo Garcia (PSDB), governador de São Paulo
Segundo a pesquisa mais recente do Ipec (ex-Ibope) divulgada hoje, Tarcísio e Haddad estão à frente do tucano. O petista tem 34% das intenções de voto, o ex-ministro, 24%, e Rodrigo, 19%.
Haddad x Tarcísio
Primeiro a perguntar no debate, Tarcísio escolheu Haddad para responder. Na sequência, o petista escolheu dirigir seu questionamento ao ex-ministro, candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição paulista.
No segundo bloco, Haddad poderia ter perguntado para Rodrigo, mas optou por fazer um questionamento a Elvis Cezar, candidato do PDT. Na sua vez, Tarcísio não tinha opção a não ser perguntar para Vinicius Poit (Novo).
Somente no segundo bloco Rodrigo conseguiu o enfrentamento com um dos dois líderes no começo do debate. Quando teve oportunidade, no segundo bloco, o tucano questionou Tarcísio. No terceiro bloco, ao ser o terceiro a perguntar, Tarcísio fez uma pergunta a Rodrigo.
No começo do debate, Tarcísio questionou o petista sobre a proposta para a geração de empregos no estado de São Paulo.
Haddad creditou os atuais problemas na economia ao governo Jair Bolsonaro (PL) ao responder: "nós precisamos aumentar o poder de compra das famílias baixando o ICMS da carne da cesta básica, aumentando o salário mínimo paulista para R$ 1.580 e, sobretudo, retomando o investimento público."
Tarcísio devolveu a resposta com outra acusação: "Olha, o governo Bolsonaro teve que desfazer as lambanças do PT que deixaram de herança a maior recessão do nosso século."
Quando foi a vez de Haddad perguntar, logo na sequência, ele escolheu Tarcísio como o adversário que responderia seus questionamentos. A dobradinha entre o petista, apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o candidato do Republicanos, apadrinhado por Bolsonaro, reflete o cenário nacional de polarização.
Defesas de Lula e Bolsonaro. Em mais de uma oportunidade, Haddad e Tarcísio usaram suas falas para defender o legado dos governos Lula e Bolsonaro, respectivamente. O petista citou o crescimento econômico do país na era lulista, exaltou programas como o Minha Casa Minha Vida.
Tarcísio, por sua vez, afirmou que "o governo Bolsonaro teve que desfazer as lambanças do PT", e que o país está crescendo apesar da pandemia e da guerra na Ucrânia. "Hoje, o Brasil está crescendo, está gerando emprego, oportunidades e está conseguindo reduzir inflação. Olha o preço dos combustíveis que está caindo, graças ao enfrentamento, a coragem do presidente Bolsonaro. Isso é gestão, é compromisso", afirmou.
Em outro ponto do embate entre os dois, Haddad afirmou que o atual governo federal fez cortes em programas sociais e que "o tratamento que o Bolsonaro dá às mulheres é completamente indigno". Ao rebater a pergunta, Tarcísio disse que a gestão bolsonarista "entrega resultados" e concluiu um "cemitério de obras" deixado pelos governos do PT.
Na mesma resposta, Tarcísio ainda atacou o governo tucano em São Paulo. "As maldades foram feitas pelo governo do Doria e do Garcia, que fecharam negócios, que confiscaram aposentadorias, que fecharam igrejas, que fecharam escolas, afastaram os alunos da sala de aula, deixaram salas de aula sem professor, né?".
Estratégia. A campanha de Haddad, que já trabalha com a possibilidade de o petista disputar o segundo turno, avalia que é melhor enfrentar Tarcísio do que Rodrigo. Segundo o Ipec, Lula lidera no estado, o que leva a campanha a apostar na polarização nacional como uma saída para trazer novos votos para Haddad.
Não foram os únicos. Na sequência do primeiro bloco, Cezar optou por fazer sua primeira pergunta a Poit, deixando Rodrigo Garcia de fora do debate. Apresentador do debate, o jornalista César Tralli avisou que Poit só poderia direcionar sua pergunta ao tucano, que era o único que ainda não havia sido escolhido para debater.
Citações a Doria. Enquanto respondia Haddad, Tarcísio criticou Rodrigo e o associou ao ex-governador João Doria (PSDB), antecessor do atual governador e de quem ele tenta descolar a imagem. Doria tentou concorrer à Presidência pelo PSDB, mas o partido preferiu se unir à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB).
Em uma de suas falas no debate, Tarcísio afirmou que o governo Bolsonaro teve compromisso com a população, "compromisso que faltou ao governo do estado de São Paulo na gestão do Rodrigo e do Doria, que aumentaram impostos, fecharam empresas".
Haddad também citou o ex-governador tucano, afirmando que a briga entre ele e Bolsonaro, ao longo do governo, prejudicou a população de São Paulo. "Essa briga Bolsonaro e Doria trouxe prejuízo para você, dona de casa, para você, trabalhador, para você, estudante. Nós temos que repactuar o Brasil, buscar unidade do Brasil", disse.
"Não vou perguntar onde você vota". Em uma das perguntas, Cezar ironizou Tarcísio, dizendo que que não iria perguntá-lo onde ele vota. O pedetista se referia ao ato falho cometido pelo ex-ministro, que não soube responder sobre o local onde irá votar pela primeira vez em São Paulo durante uma entrevista, na semana passada.
Tarcísio rebateu o candidato do PDT. "Meu caro, Elvis. Você, de fato, não é um bom aluno. Eu já te expliquei isso e você parece que não aprendeu. Você sabe que esquecer o nosso local de votação, a gente até esquece. Isso acontece", afirmou.
Máfia dos fiscais ISS. Ao ser questionado por Rodrigo sobre a "briga política" entre Haddad e Tarcísio, Elvis Cezar irritou o tucano ao citar o irmão dele, Marco Aurélio Garcia, que foi condenado por lavagem de dinheiro no escândalo da máfia dos fiscais do ISS.
Como a citação ao irmão de Rodrigo foi feito na tréplica da pergunta, o atual governador não teve a chance de rebater o pedetista. Na sequência, em interação com Poit, ele revelou irritação com a fala de Cezar e pediu respeito. "Eu tenho 27 anos de vida pública. Nunca tive um processo na Justiça. Vida limpa. Vida transparente", afirmou.
O único de gravata. Uma curiosidade do debate foi a escolha de vestuário dos candidatos. Haddad, Tarcísio, Rodrigo e Cezar vestiam camisa e terno formais, mas dispensaram o uso de gravata. O único que optou pelo acessório foi Poit, que vestiu uma de tom verde.
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