Leia a íntegra do debate da Globo com os candidatos ao governo de SP
O debate da TV Globo entre os candidatos ao governo de São Paulo, na noite de hoje (27), teve a dobradinha entre Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Terceiro colocado nas pesquisas, Rodrigo Garcia (PSDB) foi o principal alvo e, ao mesmo tempo, foi o menos escolhido para responder perguntas sem que fosse obrigatório.
Outros temas abordados em debates anteriores foram requentados, como a menção ao irmão de Rodrigo, Marco Aurélio Garcia, condenado por lavar dinheiro para a máfia dos fiscais do ISS. Elvis Cezar (PDT) ironizou Tarcísio por não saber responder, em entrevista à TV Vanguarda, onde ele irá votar.
Confira a íntegra do debate:
Primeiro bloco
[César Tralli]: Pela ordem sorteada previamente, o candidato que vai fazer a primeira pergunta neste bloco, portanto abrindo o debate, é o candidato Tarcísio de Freitas, do Republicanos. Candidato, repetindo, o tema é livre, o senhor tem 30 segundos para formular a sua questão, e peço que o senhor escolha, portanto, a quem o senhor vai se dirigir.
[Tarcísio de Freitas]: Boa noite, Tralli. Eu vou me dirigir ao candidato Fernando Haddad.
[César Tralli]: Por favor.
[Tarcísio de Freitas]: Boa noite a todos os candidatos, boa noite a você que nos acompanha em casa, meu nome é Tarcísio, eu fui Ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, fiz muitas obras, sou engenheiro, aprendi a tirar projetos do papel, aprendi a realizar projetos, a tirar ideias do papel, e trouxemos muitos investimentos, concluímos obras inacabadas que vão gerar empregos. Candidato Haddad, qual é a sua proposta imediata para gerar empregos no Estado de São Paulo?
[Fernando Haddad]: Boa noite, Tarcísio, boa noite, candidatos, boa noite, Tralli, boa noite, Rede Globo, boa noite a você que está em casa. Esse é um tema de fundamental importância para o Brasil. No tempo em que eu fui do Governo Federal por nove anos no governo Lula, nós crescíamos mais de 4% ao ano; hoje nós crescemos, nos últimos quatro anos, pouco mais de 1%. E o que está acontecendo com a nossa economia? A economia, ela é movida por dois fatores: consumo das famílias e o investimento, privado e público. E as famílias tiveram seu rendimento achatado nos últimos anos, particularmente aqui no Estado de São Paulo. Para que se tenha uma ideia, o salário mínimo paulista ficou congelado durante todo o período da pandemia, se aproximando do salário mínimo nacional, quando ele sempre foi 20% superior.
Em São Paulo também nós tivemos um aumento brutal da carga tributária: o ICMS da carne, do leite, dos medicamentos, do material de construção. No plano federal, isso não foi diferente. O governo Bolsonaro deu apenas a inflação para o salário mínimo, o que comprometeu o orçamento das famílias, sobretudo se compararmos com a trajetória dos preços dos alimentos. Então, nós precisamos aumentar o poder de compra das famílias, baixando o ICMS da carne e da cesta básica, aumentando o salário mínimo paulista para 1.580 reais e, sobretudo, retomando o investimento público.
O investimento público dos últimos quatro anos, se comparados aos quatro anos de oito anos atrás, caiu 50% no Estado de São Paulo, e nós vamos retomar com força o investimento público no Estado de São Paulo.
[Tarcísio de Freitas]: Olha, o governo Bolsonaro teve que desfazer as lambanças do PT, que deixaram de herança a maior recessão do nosso século. Quando vínhamos crescendo, pegamos a crise da covid, a crise hídrica, pegamos a guerra da Ucrânia, e já estamos saindo do outro lado. Hoje, o Brasil está crescendo, está gerando emprego, oportunidades e está conseguindo reduzir inflação. Olha o preço dos combustíveis que está caindo, graças ao enfrentamento, a coragem do presidente Bolsonaro. Isso é gestão, é compromisso.
Nós tivemos compromisso com a população. Compromisso que faltou ao governo do estado de São Paulo na gestão do Rodrigo e do Dória, que aumentaram impostos, fecharam empresas. Muitos empreendimentos foram embora de São Paulo. Nós vamos fazer tudo diferente. Vamos reduzir a carga tributária, concluir obras que estão inacabadas, dar o crédito para o micro, para o pequeno empresário, que eles é que geram mais emprego, investir na capacitação profissional e na desburocratização como forma de gerar emprego rapidamente, atraindo negócio para o estado.
[Fernando Haddad]: São Paulo e o Brasil vão se dar as mãos para produzir a quantidade de empregos de qualidade que nós precisamos, nós geramos 20 milhões de postos de trabalho quando éramos governo. O Brasil cresceu mais de 4% ao ano durante todo o período 2003 até 2014. Você fez parte do governo Dilma, você sabe o que eu estou dizendo. Um governo probo e que foi comprovado o investimento que fez. E aqui em São Paulo, nós estamos, ao contrário, nós estamos perdendo empregos, o aumento da carga tributária está fazendo com que as empresas deixem o estado de São Paulo. Nós vamos trazê-las de volta.
[César Tralli]: Pelo sorteio feito anteriormente, é a sua vez, candidato Fernando Haddad de fazer a sua pergunta. Repetindo aqui que o tema é livre e o senhor escolhe o seu adversário para perguntar.
[Fernando Haddad]: Eu vou perguntar para o Tarcísio.
[César Tralli]: Por favor.
[Fernando Haddad]: Tarcísio, você é o único dos cinco candidatos aqui que defende obstinadamente o governo Bolsonaro. O governo Bolsonaro agiu mal na pandemia, sobretudo com a vacina. O governo Bolsonaro age mal com os programas sociais, corta a Minha Casa, Minha Vida, Farmácia Popular, merenda escolar. O governo Bolsonaro está cortando projetos importantes e o tratamento que o Bolsonaro dá às mulheres é completamente indigno. É esse tipo de governo que você quer trazer para São Paulo?
[Tarcísio de Freitas]: Vamos lá, Haddad. Eu defendo o governo Bolsonaro porque é um governo que entrega resultados, é um governo que faz acontecer, é um governo que superou crises muito duras e que está fazendo o Brasil sair do outro lado, gerando emprego, gerando oportunidade, sendo eficaz no combate à inflação. É um governo que concluiu obras que estavam há muito tempo inacabadas, herança do PAC [Plano de Aceleração do Crescimento], por exemplo, que gerou um cemitério de obras. É um governo que aprovou reformas pró mercado, é um governo que está gerando esperança.
As maldades foram feitas pelo governo do Doria e do Garcia, que fecharam negócios, que confiscaram aposentadorias, que fecharam igrejas, que fecharam escolas, afastaram os alunos da sala de aula, deixaram salas de aula sem professor, né? Que aumentaram impostos sobre itens da cesta básica, que tiraram passe livre do idoso. O governo Bolsonaro, ao contrário, cuidou das pessoas. Veja o que aconteceu com a questão, por exemplo, do Auxílio Emergencial, quantas pessoas sobreviveram em função deles. Quanta empresa, quanto negócio sobreviveu, quantos empregos foram preservados com o Pronampe [Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte] e com o benefício emergencial. Você, comerciante, você, empresário, sabe exatamente o que eu estou falando.
As mulheres foram valorizadas porque nós aprovamos mais de 40 projetos de lei em prol delas, projetos de lei, por exemplo, que endurecem penas a agressores, e elas são as maiores beneficiárias. Os títulos de terra no maior programa de reforma agrária que a gente já viu, foram 400 mil títulos entregues, e também no Auxílio Brasil. Então, eu defendo esse governo que é um governo de resultados. É um governo que está fazendo a diferença e que nós vamos trazer para São Paulo é eficiência, é o investimento privado, é, no final das contas, aquilo que vai trazer o emprego de volta, é a redução na carga tributária, porque veja, nós reduzimos a carga tributária e estamos arrecadando mais. Então é isso que a gente quer para São Paulo.
[Fernando Haddad]: Eu discordo frontalmente de você, porque o corte que foi feito em programas fundamentais, sobretudo para as mulheres, Minha Casa Minha Vida, Farmácia Popular, programa de construção de creches, merenda escolar, aquisição de alimentos para baratear o custo, tudo isso foi suprimido durante o governo Bolsonaro. Essa guerra tem que acabar entre o governo federal e o governo estadual. Essa briga Bolsonaro/Doria trouxe prejuízo pra você, dona de casa, pra você, trabalhador, pra você, estudante. Nós temos que repactuar o Brasil, buscar unidade do Brasil. São Paulo e o Brasil precisam rumar para o mesmo lado certo da história, nós precisamos remar para o mesmo lugar. E pra isso nós precisamos de parceria federativa. Eu e o presidente Lula temos um projeto tanto para a nação quanto para o estado, vamos dar as mãos olhando, sobretudo, para o interesse da família paulista que precisa hoje de amparo e de oportunidade.
[Tarcísio de Freitas]: Eu quero dizer a você, cidadão de São Paulo, eu quero dizer a você que está nos assistindo que não vai faltar dinheiro para a Farmácia Popular nem para a merenda, porque a solução orçamentária para garantir os recursos está dada, o presidente Bolsonaro já assumiu esse compromisso, então não vai faltar dinheiro para esses programas que são tão importantes. O alinhamento do Governo do Estado de São Paulo com o Governo Federal vai ser fundamental para a gente avançar em áreas que nós precisamos, como a saúde, como educação e como a segurança pública. Esse alinhamento vai fazer a diferença inclusive para trazer investimentos, para trazer o futuro.
[César Tralli]: Candidato Elvis Cezar, a vez do senhor agora formular a pergunta, lembrando que o senhor tem que fazer pergunta para algum candidato que ainda não respondeu, por favor. Quem o senhor escolhe?
[Elvis Cezar]: Poit.
[César Tralli]: Vinícius Poit, 30 segundos, tema livre.
[Elvis Cezar]: Uma boa noite a todos, uma boa noite especial para você. O Estado de São Paulo tem o valor dos pedágios mais caros do Brasil. Isso impede a geração de empregos, aumenta o valor da comida e também tira oportunidades da sua família. O governo João Doria, no último dia, por meio da secretaria do atual governador Garcia, editou os contratos da Bandeirantes e da Anhanguera sem reduzir o valor do pedágio. O que você acha disso?
[Vinicius Poit]: Boa noite a todos aqui presentes na Globo, boa noite a você que está em casa. Antes, prazer, não é? Vinicius Poit, eu queria me apresentar para você antes de responder essa pergunta. Sou empreendedor, fiz administração na FGV (Fundação Getúlio Vargas) aqui em São Paulo, trabalho desde cedo. Hoje eu sou deputado federal. Fui eleito e vim para a política na época das manifestações contra a corrupção, aquelas manifestações de rua do Brasil.
Como deputado, eu luto contra os privilégios dos políticos, gente. Por isso, sou o deputado mais econômico e mais transparente do Congresso, e é essa postura que eu quero trazer para o Estado de São Paulo. Por isso, peço seu voto no 30, na urna, para governador.
Eu sou cristão, eu valorizo muito minha família, sou casado com a Evelin, honro e agradeço muito a Deus e meus pais pelas oportunidades que eu tive e quero retribuir para a sociedade esse momento. Três perguntas que sempre me fazem, faço questão de me posicionar aqui, não é? Temas pessoais, mas que é importante a gente dizer: sou contra a legalização do aborto, sou contra a legalização das drogas, sou a favor da posse de arma e do porte, principalmente para quem está no campo. Mas, mais do que esses posicionamentos e do que ser um cara de direita, eu sou direito, gente. Um cara humano, civilizado e que respeita o divergente.
A boa política não é aquela que a gente faz somente com quem concorda com você, e sim aquela que a gente faz com quem discorda também. A gente precisa construir mais pontes e menos muros no nosso país. Elvis, segurança jurídica de contratos tem que ser garantida, mas o cidadão tem que ser preservado e protegido de preços abusivos, de cobranças abusivas não só por parte do governo e dos políticos, mas por parte das concessionárias. Eleito governador, vou pegar todos esses contratos e vou colocar o cidadão em primeiro lugar, não os políticos e não as concessionárias.
[Elvis Cezar]: Eu vou reduzir o valor do pedágio. Não é possível que estejam corretos esses valores. De Catanduva a Rio Preto, 60 quilômetros, as pessoas pagam 35 reais ida e volta. De Cajamar a Perus, 20 reais ida e volta. Do ABC a Santos, 30 reais. Isso é um absurdo! Isso trava o desenvolvimento econômico de São Paulo. E eu, no primeiro dia de governo, vou auditar todas as praças e contratos para reduzir os valores. Se estiverem corretos os valores, o que eu duvido, eu vou indenizar e reduzir o valor para abaixar o valor da comida e também gerar empregos. E da meia-noite às cinco, todos os caminhões vão pagar 50% para assim melhorar o sistema de transporte, o trânsito e reduzir o valor do alimento aqui em São Paulo.
[Vinicius Poit]: Nosso trabalho, Elvis, vai ser sempre colocando as pessoas em primeiro lugar, e para isso, se for possível reduzir o preço do pedágio, a gente vai fazer. E todas as novas concessões vão ser bem estudadas, sem deixar na mão de somente alguns concessionários, de algumas empresas, mas com concorrência, porque quando tem concorrência a qualidade sobe e o preço cai para a população.
[César Tralli]: Candidato Rodrigo Garcia, a sua vez de fazer a pergunta, o único que ainda não respondeu é o candidato Elvis César, então o senhor, necessariamente, tem que perguntar para o candidato Elvis César. Tema livre, 30 segundos, por favor.
[Rodrigo Garcia]: Boa noite a todos, boa noite à TV Globo, boa noite aos candidatos e boa noite a quem está nos acompanhando nessa terça-feira. É um prazer estar aqui como governador de São Paulo e como candidato à reeleição para os próximos quatro anos. Acredito que é um debate importante no primeiro turno para que você que esteja nos assistindo possa tomar a sua decisão soberana no próximo domingo. Vocês estão vendo a briga política aqui instalada, um pendura no Lula, o outro pendura no Bolsonaro e ninguém pensa em São Paulo. Eu queria perguntar para o Elvis César quais as propostas dele para defender São Paulo dessa briga política que não está ajudando o Brasil.
[Elvis Cezar]: Olha, eu quero começar defendendo você, mulher, porque todos os dias temos um feminicídio em São Paulo. Eu quero começar gerando vagas de creche para você. Sobretudo, na periferia de São Paulo, de todas as cidades. Sabe, eu fui prefeito, eu sou um especialista em cidades, e é inadmissível um estado tão rico como São Paulo ainda faltarem vagas de creches. Eu quero gerar frente de trabalho pra você, mulher, para que você tenha oportunidades, o seu filho, um ensino infantil de excelência, e você, emprego e dignidade. Ah, eu quero aumentar as delegacias 24 horas, para que os homens, os canalhas ou os doentes não agridam as mulheres e possam passar impune. Eu quero comprar tornozeleiras eletrônicas para esses homens. E eu quero investir no empreendedorismo feminino para estimular o emprego em São Paulo.
[Rodrigo Garcia]: Olha, nós concordamos na defesa e proteção à mulher, São Paulo aumentou a prisão de agressores de mulher em mais de 43%, enquanto no Brasil, o feminicídio cresceu, São Paulo caiu. Mas ninguém está satisfeito, por isso eu vou criar o Departamento de Proteção à Mulher, na Defesa Civil, para que a gente possa proteger ainda mais as mulheres, ampliando as nossas DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher), ampliando o SOS Mulher. Hoje o governo de São Paulo publicou um edital para contratar tornozeleira eletrônica para agressor de mulher, para que a gente possa cada vez mais reprimir a agressão de mulher. E várias políticas públicas para a gente ajudar, principalmente, a mulher da periferia, a mãe solteira. Nós temos diversos programas nesse momento em andamento para proteger as mulheres.
Agora, eu sei como a gente não vai conseguir resolver os problemas de São Paulo, é deixando essa briga política vir aqui para São Paulo. Só se discute as questões nacionais e deixa São Paulo de lado. A única coisa que o Tarcísio e o Fernando concordam é que quando é falar mal de São Paulo, só criticam São Paulo, até parece que estão disputando o pior estado do Brasil. São Paulo é o melhor estado do Brasil e eu estou aqui para proteger e avançar.
[Elvis Cezar]: Só vai comprar tornozeleira eletrônica agora, depois que eu lancei a proposta. Tenha santa paciência, governador. Tem mais, eu tenho 20 anos de vida pública, eu, como vereador, eu desmontei a máfia da merenda em São Paulo, em Santana de Parnaíba e em todos os municípios. Eu processei funcionários fantasmas e fiz devolver dinheiro para os cofres públicos. Eu atuei, por conta disso tentaram me cassar. Ah, tentaram me cassar, mas eu fui eleito prefeito mais votado da história da minha cidade. E aí, fui quatro vezes o melhor prefeito do Brasil, ganhei prêmios, prêmios de transparência e eficiência.
Mas agora, presta atenção você em mim, você que está aí, o vice na chapa do atual governador Rodrigo Garcia é alvo de mais de 100 investigações e oito condenações. O irmão do governador Rodrigo Garcia participou da máfia do ISS e desviou 500 milhões de reais da prefeitura de São Paulo com a quadrilha dele. É isso que não posso admitir. Eu vou ser um governador que combato a corrupção. Agora, eu lhe pergunto: você acha que o Rodrigo vai combater? Acredite se quiser!
[César Tralli]: Pelo sorteio feito previamente, o último candidato a perguntar, que ainda não perguntou é o candidato Vinicius Poit. Candidato, o senhor necessariamente tem que perguntar para o candidato Rodrigo Garcia que é o único que ainda não respondeu. Então, por favor, o tema é livre, e o senhor tem 30 segundos para formular a questão.
[Vinicius Poit]: Rodrigo, segurança pública em São Paulo está largada. Hoje, roubos de celular fazem parte da rotina desse estado, e a gente sabe onde estão os receptadores no Centro e ninguém faz nada. Não tem desculpa. Como é que pode um negócio desses? A polícia, sempre teve uma preocupação em valorizar ela, mas ela hoje ganha mal e os benefícios são vergonhosos. Rodrigo, você acha justo um patrulheiro na ponta ganhar a miséria que ganha de vale-alimentação, por exemplo? Qual que é esse valor?
[Rodrigo Garcia]: Poit, antes de responder o que você falou, eu quero responder ao Elvis Cezar, que fez acordo com o Ministério Público para não pagar multa e não ser processado porque fez jardim na frente do condomínio onde ele mora. Tenho 27 anos de vida pública, nunca tive um processo na justiça. Vida limpa, vida transparente. Então, não meça com a sua régua, Elvis, as pessoas. Tenha mais respeito. Em relação à segurança pública, Poit. A segurança pública de São Paulo está sendo valorizada. Assim que eu assumi o governo, eu criei a Operação Sufoco, dobrei o número de policiais nas ruas para que a gente pudesse combater a criminalidade, estamos colocando agora o Detecta Móvel. O Governo de São Paulo, dentro das possibilidades da recessão econômica que o Brasil está vivendo, deu 25% de aumento para a polícia. Nenhum outro estado fez nada parecido com isso. O Governo Federal falou, falou, falou e não deu aumento nenhum. Aqui nós estamos fazendo tudo com responsabilidade e combatendo o crime, procurando fazer com que, seja na Polícia Civil, seja na Polícia Militar, a gente proteja as famílias de bem. Dessa forma que eu quero seguir governador de São Paulo, enfrentando o crime organizado. Fizemos prisão do Pablo Escobar brasileiro, fizemos arresto de bens dessas pessoas, estamos com os principais traficantes do país presos aqui em São Paulo, e nós não vamos dar um passo atrás, não. Aqui, quem manda é a polícia, jamais vai ser a milícia, como lá no Rio de Janeiro. É por isso que eu estou aqui, mesmo sendo ameaçado, mas garantindo que, como governador, eu estou para proteger a população de bem de São Paulo.
[Vinicius Poit]: Rodrigo, você não disse, mas eu queria compartilhar com as pessoas o valor do vale-alimentação do policial militar em São Paulo: são 12 reais por dia, gente. 12 reais por dia. Faz a conta comigo aí em casa: policial que trabalhar 15 dias, vezes 12, 180; se o cara estender a jornada, dependendo da função dele, ganha no máximo uns 300 reais. Que família de policial que vai fazer uma compra no mercado com 180, 200, 300 reais, gente? E eu estou falando de vale-alimentação. Não é o tíquete refeição, porque tíquete a polícia nem tem. O policial que eu encontrei na rua esses dias falou que dava para a mãezinha dele para ajudar na compra, mas não dá nem para fazer a quitanda do mês, gente. Então, governador, você não sente algum constrangimento ou uma dor em ter palácio de governo, luxo e garçom para o governador e o patrulheiro na ponta ganhando essa miséria? Por que é que não corta dos privilégios políticos para pagar melhor a polícia? A prioridade tem que ser a polícia, não o político.
[Rodrigo Garcia]: Faço isso todo dia, Poit. Desperdício de dinheiro público, no meu governo, não existe. Corto na carne para poder valorizar os policiais, para poder valorizar os profissionais de saúde. Nós demos 20% também nos profissionais de saúde. Eles talvez não entendam de orçamento público, nós temos os nossos limites. O importante é fazer isso dentro dos limites, porque um estado quebrado não gera emprego, não gera desenvolvimento, não dá oportunidade. São Paulo deu os maiores aumentos salariais do Brasil nesse ano. Agora, ninguém está satisfeito, nós vamos continuar valorizando o professor, que antes ganhava 2.800, hoje ganha 5.000; nós vamos continuar valorizando os policiais, valorizando os nossos profissionais de saúde para a gente ter um funcionalismo público cada vez mais comprometido e prestando bons serviços. Agora, não adianta só querer fazer, precisa saber fazer.
Eu estou há mais de 20 anos dedicado ao nosso Estado de São Paulo, me preparei a vida toda para esse momento de estar governador nesses últimos cinco meses, fazendo ações importantes, ampliando o efetivo das polícias — o ano que vem vamos ter mais de 10 mil policiais nas ruas defendendo a população —, autorizando concurso de mais de 15 mil professores para a gente continuar com as escolas de tempo integral, ampliando os nossos AMEs e os nossos hospitais para que São Paulo continue sendo o melhor estado do Brasil.
[César Tralli]: Muito bem, estamos terminando aqui o nosso primeiro bloco, os cinco candidatos fizeram perguntas, os cinco responderam nesse bloco de tema livre. Nós vamos agora a um rápido intervalo e, daqui a pouco, voltamos aqui com o nosso segundo bloco, com temas determinados por sorteio. Vou sortear os temas aqui nessa urna para que os candidatos perguntem entre si. Agradeço mais uma vez aqui a sua presença, é para você que esse debate está sendo feito, para que você consiga decidir em quem você quer votar com o máximo de tranquilidade e consciência. A gente volta já. Globo nas eleições.
Segundo bloco
[César Tralli]: Muito bem, estamos de volta. 23 horas, de volta, ao vivo, aqui dos estúdios da Globo, em São Paulo, com o debate entre os candidatos ao governo do estado de São Paulo. Muito obrigado mais uma vez aqui pela sua companhia. Neste segundo bloco, as perguntas são com temas determinados, eu vou sortear um desses temas a cada rodada e o candidato vai ter que, necessariamente, fazer a pergunta dentro deste assunto. Lembrando que em cada bloco desse nosso debate, todos os candidatos perguntam e todos os candidatos respondem.
Vamos lá, então. Sortear aqui o primeiro tema. E o tema é meio ambiente. Pelo nosso sorteio feito anteriormente, o primeiro candidato a abrir esse bloco é o candidato Elvis Cezar, do PDT. Candidato, tema meio ambiente, para quem o senhor gostaria de dirigir a sua pergunta e o senhor tem 30 segundos, por favor.
[Elvis Cezar]: Candidato Haddad.
Haddad, São Paulo tem sofrido muito com o meio ambiente, são tantas e tantas preocupações, de um modo especial, os recursos hídricos. A gente tem perdido capacidade hídrica a todo o momento. Por outro lado, os nossos rios, poluídos. E eu falo aqui, em especial, do rio Tietê. Qual a sua política pública para despoluição do rio Tietê?
[Fernando Haddad]: Elvis, você chama a atenção para um problema fundamental, porque, no último ano, a mancha de poluição no Tietê aumentou nada menos do que 40%. O governador vem a público dizer que o rio Pinheiros está despoluído, completamente despoluído. Nós temos que levar a sério a questão do meio ambiente, a começar pela Sabesp, nós não podemos privatizar a Sabesp, porque isso vai aumentar a conta de água do usuário. E nós temos que usar a Sabesp com inteligência, fazendo parcerias público-privadas dentro do regime de governança público, para que a gente universalize o atendimento à população.
Fala-se do estado mais rico da federação, e é, mas nós temos 14 milhões de paulistas sem tratamento de esgoto. Fala-se que é o estado mais rico, e é, mas nós temos 1 milhão e 700 mil paulistas sem abastecimento de água, no estado de São Paulo. Nós fizemos aqui em São Paulo várias propostas em virtude do meio ambiente. Nós trocamos as lâmpadas da cidade por led, nós fizemos o maior plano de mobilidade urbana estimulando o transporte ativo, a pé e de bicicleta, e o transporte público com faixas de ônibus e corredores, e o metrô que devia caminhar para ajudar a despoluir a cidade do transporte individual motorizado, não avança. Promete-se há décadas, Taboão, M'boi Mirim, para todo o canto anuncia-se um metrô, Brasilândia, e o metrô não chega, nós precisamos também acelerar as obras de mobilidade urbana no estado de São Paulo.
[Elvis Cezar]: Olha, candidato, você não respondeu a respeito do rio Tietê, mas eu quero falar como vou, em quatro anos, reduzir a poluição em 50% no rio tietê. Eu vou fazer um investimento maciço e antecipado no alto tietê, isso mesmo, as cidades de Poá, de Ferraz, de Itaquaquecetuba, de Guarulhos, eu vou fazer a universalização do saneamento básico, rapidamente para que o rio chegue mais limpo em São Paulo, para que o rio possa chegar mais limpo em Osasco, em Carapicuiba, em Barueri, em Santana de Parnaíba, em Pirapora, em Araçariguama, em Cabreúva, em Itu, até Salto. E, assim, nós vamos ter o rio que São Paulo merece, com investimento do lucro da Sabesp, nós vamos universalizar o saneamento básico no alto Tietê.
[Fernando Haddad]: Elvis, me permita dizer que sem a Sabesp nós não vamos despoluir o Tietê, não é possível. O alto Tietê, sobretudo a cidade de Guarulhos, nós precisamos sanear aquela região inteira, que não trata o seu esgoto, se a gente não resolver com a Sabesp, nós não vamos resolver de outro jeito.
Outro ponto importante que queria salientar, São Paulo tem a ver com o Brasil. O desmatamento da Amazônia tem a ver com São Paulo, o regime de chuvas no estado de São Paulo está mudando, nós temos 30 dias a mais de seca por ano porque nós não estamos zelando pelo nosso ambiente, meio ambiente. Por isso, São Paulo será uma voz no governo federal, sobretudo porque teremos Marina Silva, que me apoia para governador, na Câmara Federal, como deputada.
[César Tralli]: Eu vou sortear agora o segundo tema. Quem vai fazer a pergunta é o candidato Rodrigo Garcia, do PSDB. E o tema é obras inacabadas.
[César Tralli]: Candidato Rodrigo Garcia, a quem o senhor gostaria de dirigir a sua pergunta, por favor? E o senhor tem 30 segundos.
[Rodrigo Garcia]: Vou perguntar para o Tarcísio de Freitas. Tarcísio, você acusou, através das suas redes sociais, que São Paulo tinha muitas obras paradas. Entrei na justiça, ganhei o direito de resposta mostrando que você estava mentindo em relação à quantidade de obras paradas aqui em São Paulo. Hoje, São Paulo é um canteiro de obras: nós temos mais de 8.000 obras em execução, estou encaminhando o orçamento para a Assembleia Legislativa essa semana com quase 30 bilhões de investimentos. O que nós vamos investir em São Paulo nos próximos quatro anos é mais do que o Governo Federal vai investir. E lá no Governo Federal, sim, nós temos mais de 7.000 obras inacabadas.
[Tarcísio de Freitas]: Meu caro Rodrigo, o governo federal, quando assumiu, assumiu com mais de 14 mil obras paradas. Assumiu o cemitério do PAC, aquelas obras que deixaram de ser feitas no governo do PT, e foi concluindo uma a uma, várias obras do Ministério do Turismo, levou a água para o Nordeste, concluiu a transposição do São Francisco. Olha que coisa: o Governo Federal trouxe o título de terra e trouxe a água. Quando você traz o título de terra, está trazendo crédito; quando você traz a água, você traz a esperança. Ou seja, você está trazendo prosperidade. Nós fizemos a maior quantidade de leilões de infraestrutura da história: foram 167 leilões com 900 bilhões de reais contratados.
Aqui em São Paulo mesmo nós vamos ter muitos benefícios, porque fizemos a renovação da malha paulista, e na malha paulista, que é o renascimento do transporte ferroviário, a gente vai ter a duplicação de Itirapina para Santos, a recuperação do Ramal de Colômbia, a recuperação do Ramal de Panorama, a ligação Panorama-Bauru, nós vamos ter o contorno ferroviário de Catanduva, o contorno ferroviário de Rio Preto. Vamos acabar com aquele conflito ferrovia de passageiros/ferrovia de carga que você tinha de Perus até Manoel Feio, separando; isso vai estar no contrato da MRS, que já foi renovado, e isso abre as portas para o leilão do trem intercidades, que ainda não saiu do papel; poderia já ter saído. Fizemos o contrato da Dutra, que, aliás, um grande exemplo, porque 7,5 bi de investimento em São Paulo, com redução da tarifa e isenção do pedágio para motocicleta. Fizemos o leilão de Congonhas, 3,5 bi de investimento, e agora nós estamos encaminhando para o TCU a privatização do Porto de Santos. A gente está falando de 20 bi de investimento que vai representar o renascimento da Baixada Santista. E dentro desse contrato, nós temos, entre outras coisas, a travessia seca Santos-Guarujá, que é um pleito de tantos anos.
[Rodrigo Garcia]: Bom, você vê que o Tarcísio fala, fala, mas as obras dele é tudo de papel; na prática, ele inaugurou 18 quilômetros de duplicação aqui em São Paulo, e a gente inaugurou dezenas de quilômetros de duplicação; duas cabeceirinhas ali no Aeroporto de Congonhas, que, enfim, pode ter segurança viária, mas só cuida de quem usa o Aeroporto de Congonhas, e praticamente é tudo papel. Quando fez a concessão da Dutra, preferiu duplicar a Rio-Santos lá no Rio de Janeiro, lá em Angra dos Reis, deixou a Rio-Santos de São Paulo fora. Quando fez a concessão da Dutra, preferiu dar desconto maior lá no Rio de Janeiro, no pedágio, para que os estudantes aqui de Guarulhos paguem essa conta. Todo esse monte de coisa que ele falou, tudo papel, ainda não tem obra, não tem pessoas trabalhando. Já aqui em São Paulo, não, nós temos 8.000 obras, pessoal, 11 mil quilômetros de estradas, 11 mil quilômetros. É o dobro do que ele fala que está fazendo no governo inteiro, com asfalto, com desenvolvimento chegando, além de várias obras nos municípios. Eu peço, mais uma vez, pergunte ao seu prefeito e à sua prefeita a quantidade de obras que o governo está fazendo nesse momento, gerando emprego de verdade aqui em São Paulo.
[Tarcísio de Freitas]: Governador, se a gente tivesse o orçamento que São Paulo tem, eu tinha feito é uns 40 mil quilômetros de microrrevestimento, e não 11 mil. 18 quilômetros nós duplicamos, sim, que a malha administrada pelo DNIT aqui é de 53 quilômetros, e a gente está trazendo mais de 50 bi de investimento. A questão do pedágio da Dutra é só ver o seguinte: o pedágio em São Paulo tinha que ser compatível com o pedágio da Ayrton Senna, porque senão o fluxo todo vai para a Ayrton Senna e sai da Dutra, então tem uma racionalidade aí. Talvez você não entenda de modelagem de projeto, até porque fez prorrogações de contrato e manteve os pedágios altos.
[César Tralli]: Vou sortear o próximo tema aqui agora. Candidato que vai fazer pergunta é o candidato Fernando Haddad, do PT. O tema sorteado é moradia. Para quem o senhor gostaria de dirigir a sua pergunta, candidato?
[Fernando Haddad]: Vou fazer a pergunta para o Elvis.
[César Tralli]: Por favor.
[Fernando Haddad]: Elvis, o maior programa de moradia da história do Brasil, sem paralelo, foi o Minha Casa, Minha Vida. E o Minha Casa, Minha Vida simplesmente acabou e foi substituído por um programa chamado Casa Verde e Amarela que ninguém viu, que ninguém sabe o que entregou. Eu queria saber se você é a favor de um programa habitacional nos moldes do Minha Casa, Minha Vida ou se você tem alguma outra ideia para resolver o problema da habitação?
[Elvis Cezar]: Olha, sobre a habitação, ninguém aqui entre os candidatos sabe mais do que eu, sabe por quê? Porque eu nasci num apartamento da Cohab de Carapicuíba. Eu sei o que representa isso na sua vida, na sua família. Eu sei que quando o meu pai casou, o que significou aquele apartamento. E é por isso que eu quero fazer o maior programa habitacional de São Paulo. Eu quero bater a meta ousada de 200 mil habitações por ano em São Paulo. E utilizar de todos os mecanismos, CDHU, que há tempo não é utilizada, que não consegue fazer nenhum é... Casa Paulista, que também não sai do papel. E, agora, o Nossa Casa, que tem um bilhão de reais parado e não sai, não conseguiu construir. Até porque, eu quero usar da construção para ativar os empregos, gerar empregos diretos e indiretos com o mercado da construção civil e insumos.
[Fernando Haddad]: Elvis, eu vejo com muita dificuldade uma solução para moradia que não passe por um programa do tipo Minha Casa, Minha Vida e eu explico o porquê. Hoje você consegue comprar na cidade de São Paulo, que é uma cidade cara para o Brasil, um imóvel no padrão Minha Casa, Minha Vida até por 180 mil reais, mas uma família de 0 a 3 salários mínimos não consegue pagar isso, a não ser com subsídio. E o subsídio não pode ser só do governo do estado, ele precisa ser do governo federal, do governo do estado e, no caso de São Paulo, também da prefeitura. Se as três esferas de governo se entenderem, nós vamos ter a volta da produção de moradia. Agora, o que temos que evitar é esse bate cabeça, eu nunca vi dois governantes, como Bolsonaro e Dória, se desentenderem tanto quanto no último período. Um desentendimento completo da Federação. Isso não acontecia com Lula/Alckmin nem com Lula/Serra quando o programa Minha Casa, Minha Vida foi lançado.
[Elvis Cezar]: Nós tivemos um problema muito sério com a cassação da presidente Dilma e cortaram os recursos, e nós não prosseguimos com essa crise institucional. E, agora, no governo Bolsonaro, também não vieram recursos para a construção de habitação aqui em São Paulo, e isso é muito sério. Mas nós, no nosso governo, nós vamos construir e utilizar os mecanismos que São Paulo tem. São Paulo passou com 54 bilhões de reais de excesso de arrecadação e não conseguiu tirar do papel e construir habitações suficientes. Olha o déficit da região metropolitana de São Paulo, olha o déficit da Baixada Santista, da região metropolitana de Campinas. Olha como estamos no Vale do Paraíba, o Vale do Ribeira que tanto precisa de investimento, ou mesmo o Oeste Paulista, a parte que mais precisa do estado. Chega de pedágio! Chega de pedágio, chega de presídio. Vamos construir habitações, gerar dignidade para a sua família, utilizar de todos os mecanismos, dialogar com o governo federal, trazer recursos, utilizar os recursos de São Paulo para construir unidades habitacionais. E vou gerar dignidade para a sua família, para que vocês possam viver melhor.
[César Tralli]: Obrigado, candidato. Vou sortear o próximo tema aqui. Quem vai fazer a pergunta é o candidato Tarcísio de Freitas. O tema é ciência. Candidato, o senhor tem que, necessariamente, fazer a pergunta para o Vinicius Poit, porque, na sequência, o Vinicius que pergunta, e ele não pode perguntar para si mesmo. Então, por favor, dentro desse tema, o senhor tem 30 segundos.
[Tarcísio de Freitas]: Meu caro Poit, os estados americanos que mais crescem são aqueles que mais investem em inovação. Os estados brasileiros que mais crescem são também aqueles estados que mais investem em inovação; ciência e tecnologia é fundamental. No seu plano de governo, o que é que está sendo pensado para desenvolver a ciência, a tecnologia e para estimular o Sistema Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)?
[Vinicius Poit]: Obrigado pela pergunta, Tarcísio. Eu gosto de falar que um estado que não investe em inovação é um estado que não tem futuro. São jovens, gente, que não têm futuro, porque a gente nunca está pensando nas modernidades que vêm aí. Pego como exemplo inovação aqui, Tarcísio, uma pauta que é bastante importante para mim, até por origem no campo, por família do nosso interiorzão do estado, o IAC Instituto Agronômico de Campinas. Você que é de Campinas sabe a importância do Instituto Agronômico de Campinas, porque pesquisa é com startup, pesquisa é com tecnologia lá em São José dos Campos, pesquisa é em São Carlos, mas pesquisa também é com o agro, gente. O IAC acabou ficando abandonado por esse governo: não fazem contratações, não fazem investimentos faz tempo. E eu estou falando do agro que é referência para o Brasil todo, o agro paulista. Pega o polo tecnológico de Piracicaba: aí é a contramão, aí é a iniciativa privada vindo junto com a universidade, no caso de Piracicaba, nosso Vale do Silício caipira, junto com a Esalq; no caso de São Carlos, junto com a Ufscar, mas aí vêm as empresas, os polos de inovação, como o Onovolab.
Então, Tarcísio, na minha concepção, no meu plano de governo, é a gente priorizar, cortar dos políticos, cortar dos privilégios desse governo, diminuir até o número de algumas secretarias, esse negócio de luxo, de Palácio Bandeirantes, de tudo, para sobrar mais para a pesquisa. Prioridade é pesquisa, não político. Reforçar o IAC em Campinas, reforçar as parcerias com as empresas que topam investir com o diálogo com as universidades paulistas e, assim, a gente garantir um futuro melhor para os nossos jovens e para o nosso estado.
[Tarcísio de Freitas]: Nós estamos diante de uma grande oportunidade, que é o redesenho das cadeias globais de produção. O Brasil pode se beneficiar muito disso, se reindustrializar, e se o Brasil vai se reindustrializar, essa reindustrialização tem que acontecer em São Paulo, que pode se beneficiar muito disso. A gente pode ser líder em uma série de mercados: no mercado de crédito de carbono, na produção do híbrido, que é uma vocação nossa: o veículo a etanol com a célula de combustível, produzindo hidrogênio a partir do etanol. Essa é a saída para a nossa indústria automobilística e, para isso, vamos precisar de ciência, tecnologia. Vamos investir em toda a rede Fapesp, vamos ampliar a quantidade de bolsas e criar empregos de qualidade. Vamos também investir nas startups, startups que o Vinicius Poit ajudou bastante lá no Congresso. Vamos investir nas startups, porque elas vão ajudar a resolver os problemas do estado, a resolver, por exemplo, o problema da segurança, o problema do campo, o problema da saúde. Ciência, inovação é a solução.
[Vinicius Poit]: Tarcísio, é sempre importante a gente ter autonomia e capacidade para investir também. Por isso que eu falo, gente: não ter rabo preso com político nenhum me garante autonomia para contratar as melhores pessoas para estar à frente da FAPESP para dar mais bolsa para esses jovens. Agora, sem ataque pessoal a ninguém aqui, mas todos já saem nessa campanha devendo. Já saem nessa campanha devendo vaga, devendo cargo para os políticos dos outros partidos, que vão cobrar a sua fatura depois da eleição, gente. Então, vamos parar com esse negócio de promessa que às vezes não dá para cumprir, e sim compromisso com o cidadão, com capacidade de entregar de fato.
[César Tralli]: Obrigado, candidato. Agora é a sua vez, candidato Vinicius Poit, fazer a sua pergunta. O tema é fome. E o único candidato que ainda não respondeu neste bloco é o candidato Rodrigo Garcia. Então o senhor tem 30 segundos para formular sua pergunta sobre fome.
[Vinicius Poit]: Rodrigo, hoje, na hora do almoço, simbolicamente, eu estive reunido com mães, mulheres ali do Jardim Eliane, perto do Aricanduva, que relataram as dificuldades que têm com as suas famílias, e o que mais dói é a fome. São as mulheres que estão vendendo bala para poder botar comida dentro de casa e que não sabem nem a cor de algum Bom Prato perto delas. Então, queria perguntar para você o que de fato vai ser feito para a gente não deixar ninguém passar mais fome no Estado de São Paulo.
[Rodrigo Garcia]: Poit, o meu compromisso é fazer o cartão Bom Prato, fazer com que o cartão Bom Prato chegue a toda a população que precisa em São Paulo. E nos próximos quatro anos, ninguém vai passar fome no nosso estado. O Bom Prato é um acerto do governo de São Paulo, aliás, uma das grandes medalhas dessa história bonita que São Paulo tem para contar. Hoje nós temos mais de 120 mil pessoas que almoçam todos os dias nos restaurantes Bom Prato. Quando a pandemia apertou e a desigualdade social cresceu, nós criamos esse ano, o Bom Prato Móvel, levando a marmita dentro da comunidade, e daí veio a ideia agora, no meu programa de governo, do cartão Bom Prato, 300 reais todos os meses, para a população de baixa renda não só comer num restaurante, mas comprar o seu alimento na vendinha e no supermercado perto da sua casa. Além disso, o imposto zero, ICMS zero para a população mais pobre. Eu sendo eleito governador de São Paulo, a partir de 1º de janeiro, nós vamos devolver todo o ICMS pago, para sobrar um pouquinho mais de dinheiro no fim do mês para a população mais carente.
Então, o meu compromisso é diminuir a desigualdade social com programas de transferência de renda, mas também fazendo com que a gente tenha várias ações para ensinar a população a empreender e a conseguir o emprego, formação profissional, Prospera para as mães solos da periferia, que dá um dinheirinho para começar o seu negócio e também formação profissional. O Banco do Povo, que nunca emprestou como está emprestando agora, é importante se dizer isso. Nós estamos batendo recorde de empréstimos. Com a desigualdade social crescente, o estado está colocando todo o recurso possível para que a gente ajude a população mais carente. Então, o meu compromisso, ninguém passará fome em São Paulo e o estado vai agir para apoiar quem precisa e para dar oportunidade a quem está procurando.
[Vinicius Poit]: Rodrigo, as pessoas estão passando fome em São Paulo e faz 30 anos que o mesmo partido do qual o senhor faz parte está no poder e não resolveu em 30 anos. Qual é a confiança que as pessoas vão ter que a gente vai resolver isso agora? O número de Bom Pratos tem que crescer. O número de Bom Pratos tem que chegar nessas pessoas que não têm comida. E não é só isso, elas reclamam muito da escola de período integral, que também está faltando crescer muito ainda no governo. Das crianças que se não têm comida na escola, porque não tem escola durante à tarde, vai comer aonde? Sabe? Elas falam, Rodrigo, e aí eu fiz uma outra pergunta, falo: puxa, mas você preferia o auxílio ou o emprego? Ah, preferia o emprego. Primeiro o auxílio, né, para ter dignidade para se alimentar, mas depois uma capacitação para ter o emprego e caminhar com as próprias pernas, não depender mais do governo. Ela: puxa, mas a gente não tem experiência. Eu falei: mas não tem nenhum curso profissionalizante, nada que chega até aí? Jardim Eliane, Rodrigo. "Não, não chega". Então a gente precisa dar mais atenção para essas pessoas.
[Rodrigo Garcia]: Vinicius, seja justo com São Paulo, você está no melhor estado do Brasil, estado tem desafios para vencer, mas quem vive fora daqui tem muito mais problemas do que quem vive em São Paulo, nós temos feitos ações importantes na área social, como o Vale Gás, agora o Cartão Bom Prato que vai chegar para a população. Todas as ações que a gente fez durante a pandemia para apoiar a população carente. Eu fiquei vendo você discutir com o Tarcísio ciência e tecnologia, São Paulo faz sozinho 50% do investimento em ciência e inovação do Brasil. Até parece que eles estão falando de outro estado. É bom comparar São Paulo com os outros estados brasileiros. Nós fizemos muita coisa aqui. Fizemos um estado melhor do Brasil. Que tem muitas desigualdades para superar, mas nós temos que dar valor do que a gente fez. Se depender deles, nada funciona. Eles vão ganhar a eleição e parar tudo o que a gente está construindo ao longo desses últimos tempos. Eu estou aqui para proteger o nosso estado, como um pai faz com o seu filho, para garantir que a gente não vai dar passo para trás. E, ao mesmo tempo, olhar para frente com a esperança de dias melhores, mas trabalhando todos os dias para que isso aconteça.
[César Tralli]: Muito obrigado, candidato, estamos encerrando aqui o nosso segundo bloco. Todos vocês, todos os senhores perguntaram, todos os senhores responderam. Nós vamos a um rápido intervalo e, daqui a pouco, nós voltamos com mais debate entre os candidatos ao Governo de São Paulo. Depois do intervalo, o tema volta a ser livre, cada candidato pergunta o que quiser para um adversário. Debate é aqui, na Globo, feito para você pensar, refletir, decidir em quem você quer votar no próximo domingo. Continue aqui com a gente. É a Globo nas eleições.
Terceiro bloco
[César Tralli]: 23h29, falamos ao vivo de volta aqui dos estúdios da Globo em São Paulo. Quero agradecer muito a sua presença, a sua companhia. Estamos de volta, portanto, com o debate dos candidatos ao Governo do Estado de São Paulo, o último debate antes das eleições. Neste bloco, as perguntas são novamente de tema livre, lembrando que em todos os blocos do nosso debate todos os candidatos perguntam e todos eles respondem também. Temos, portanto, aqui, cinco candidatos frente a frente. Vamos lá, o tema deste bloco é livre, e quem começa, pelo sorteio feito anteriormente, é o candidato Elvis Cezar, do PDT. Candidato, para quem o senhor gostaria de dirigir a sua pergunta?
[Elvis Cezar]: Eu farei a minha pergunta para o candidato Tarcísio.
Tarcísio, fica tranquilo, que eu não vou perguntar onde você vota. Eu quero perguntar a respeito do imposto do povo trabalhador de São Paulo, que me gera indignação: manda o imposto todo para Brasília e volta uma pequena parcela, e você teve a chance, enquanto Ministro da Infraestrutura, para mandar para cá, mas você desviou o recurso de São Paulo e deixou São Paulo por último. Explica para nós isso.
[Tarcísio de Freitas]: Bom, meu caro Elvis, você, de fato, não é um bom aluno. Eu já te expliquei isso e você parece que não aprendeu. Você sabe que esquecer o local de votação a gente até esquece, isso acontece, o que não dá é para esquecer das pessoas. Não dá para esquecer do aposentado, do policial civil, do policial militar, das mães que estão sem professor na escola, isso não dá para esquecer. Não dá para esquecer dos nossos empreendedores. Então, deixa eu te falar uma coisa, já que você também tem um problema do esquecimento, não é? Porque, no último debate, eu te expliquei. A malha administrada diretamente pelo DNIT, diretamente pelo governo federal no estado de São Paulo é de 53 quilômetros. Por quê? Porque a Régis Bittencourt é concedida, porque a Dutra é concedida, a Rio-Santos, no trecho paulista, é concedida, a Fernão Dias é concedida, a Transbrasiliana é concedida. Ou seja, não sobrou rodovia federal para investir. Você acha que a gente vai investir mais onde? Onde você tem 53 quilômetros de malha ou em Minas Gerais, que você tem 10 mil quilômetros de malha? Ou na Bahia, que você tem 8 mil quilômetros de malha? É lógico que você vai investir mais em outros estados.
No entanto, São Paulo foi um dos estados que a gente mais trouxe investimento privado: investimento em ferrovia, renascimento do modal ferroviário aqui no estado. Olha o benefício que a gente vai trazer com a prorrogação da Paulista, com a MRS, que deixa a bola redonda, na marca do pênalti, para a licitação do trem intercidades. Aquele dispositivo que foi feito no Aeroporto de Congonhas, na verdade, governador Rodrigo, salva vidas, porque aquilo freia uma aeronave, poderia ter evitado o acidente que aconteceu em 2007, não é? Nós vamos ter, só no trecho paulista da Dutra, 7,5 bi; só na privatização do Porto de Santos, 20 bi. São quase— são mais de 50 bi que vão vir para cá pela mão da iniciativa privada, que nos deixa blindados dos soluços fiscais. Ou seja, a gente sabe o que está fazendo, Elvis.
[Elvis Cezar]: Olha, candidato, é uma piada, isso! Eu estou falando do dinheiro do povo de São Paulo. Eu fiz mais asfalto, enquanto prefeito, do que o senhor. Eu fiz 300 quilômetros de asfalto. Olha, isso é uma piada. Eu estou falando, esse negócio de dinheiro privado, de obra que não saiu do papel, que não mexeu com a economia de São Paulo, que não gerou um emprego, que não fez nada, isso não, candidato! Eu estou falando de coisa séria, e você desviou o dinheiro do povo paulista. E tem mais: eu quero salientar que você anda com deputado que bate em mulher, você anda com deputado que ofende o papa e todos os católicos, o D'ávila; qualquer coisa você pesquisa na internet. Você anda com deputado corrupto, Eduardo Cunha. Olha, isso é um fracasso! Você tem o Fernando Collor como o melhor presidente, olha só! Diga com quem tu andas que eu direi quem tu és.
[Tarcísio de Freitas]: Bom, errado de novo, porque para mim o melhor presidente é Jair Messias Bolsonaro. Outro dia, o Rodrigo estava em um evento e, depois do evento, um deputado, um candidato a deputado que estava com ele foi preso, por tentativa de estupro, e tenho certeza que ele condena esse tipo de ação. Não tem nada a ver. Então, o que o correligionário faz, o que pessoas dos partidos fazem não tem nada a ver conosco, porque a nossa gestão vai ser técnica, vai ser como foi no Ministério da Infraestrutura que é a gestão que dá resultado. Elvis, eu acredito em time, eu acredito em plano, foi assim que a gente fez no Ministério da Infraestrutura e o que fez está aí registrado na história.
[César Tralli]: Obrigado, candidato. Candidato Vinicius Poit, pelo sorteio feito previamente, é a vez do senhor formular a sua pergunta, o tema é livre. E para quem o senhor gostaria de perguntar?
[Vinicius Poit]: Tralli, a pergunta é para o candidato do PT, Fernando Haddad.
[César Tralli]: Por favor, 30 segundos.
[Vinicius Poit]: Candidato, o Lula disse na entrevista que ele deu ao Ratinho que o Bolsonaro é ignorante, tem jeitão bruto, tem jeitão de capiau ignorante do interior de São Paulo. O ex-presidiário Lula não ofende somente o pequeno agricultor, mas ofende milhares de trabalhadores e comerciantes com essa fala. Você concorda com o presidente Lula de que o caipira do interior de São Paulo é ignorante?
[Fernando Haddad]: Candidato Poit, na verdade, eu não conheço ninguém no Brasil que tenha sofrido mais preconceito do que o presidente Lula. Até hoje, depois de passar oito anos na Presidência, ser reconhecido no mundo como um dos maiores líderes políticos da história contemporânea, ele sofre preconceito da elite, da elite econômica desse país. É uma pessoa que dá a mão e abre, abriu o Palácio para o catador de material reciclável até o banqueiro, sem fazer nenhuma distinção. Se tem uma coisa que não dá para acusar o presidente Lula é de preconceito. Foi vítima de preconceito e nunca foi preconceituoso com ninguém. Você está descontextualizando uma frase para tentar pinçar aí uma expressão, para criar uma celeuma que não existe.
Lula é uma pessoa que tirou 36 milhões de pessoas da fome, você falava de fome, perguntando para o Rodrigo, e você não quer reconhecer que o Brasil saiu do mapa da fome graças ao Lula? Você não é capaz de reconhecer isso? Você não é capaz de reconhecer o Minha Casa, Minha Vida? Que deu milhões de casas, quatro milhões de casas para as mulheres, que você estava preocupado. Chave de casa na mão da mulher. E, entre tantos outros programas, luz para todos, cisternas, transposição, um conjunto enorme de realizações. O presidente que mais investiu em educação, que mais abriu a porta da universidade para o pobre, para o filho do trabalhador, graças a programas que eu criei como: Prouni, Sisu, Fies sem fiador, institutos federais no Brasil inteiro. Eu entreguei mais de instituto federal aqui em São Paulo do que o governo do estado nos últimos quatro anos. Mais escolas técnicas do que o governo do estado. Então, veja lá, não seja mesquinho dessa maneira, Poit.
[Vinicius Poit]: Candidato, essa postura é muito ruim, porque o mínimo que se esperava: errei, desculpa, fui mal interpretado. Mas nem isso. Essa arrogância não é o que a gente quer para o nosso estado. A postura do Lula ofendeu muitas famílias, a minha própria família que é caipira com muito orgulho de Oswaldo Cruz. Comerciantes como Cervantes, de Rinópolis, o Régis, de Sorocaba, o João Porquinho, de Presidente Prudente, associações comerciais como Piracicaba, essa postura ofendeu gente trabalhadora, médicos do Caism, o hospital da mulher de Campinas. Agentes comunitários da saúde de Ribeirão Preto, e agricultores sim, que são os maiores produtores de laranja, cana-de-açúcar e borracha desse país. Então, além de tudo, PT se mostra arrogante, o senhor da razão, da verdade. O mínimo que se esperava era um pedido de desculpas para o estado de São Paulo. O estado de São Paulo não quer o PT no governo.
[Fernando Haddad]: Compare o investimento do governo federal durante o governo Lula, em São Paulo, com qualquer outro presidente, inclusive com aquele que o Tarcísio acha o melhor da história, o Bolsonaro. Compare. Quatro anos de Lula, quaisquer quatro anos, com quatro anos de Bolsonaro. Eu pergunto: quem investiu mais em São Paulo? Quem respeitou mais São Paulo? Quem teve a dignidade de dialogar com governadores da oposição, da qualidade de Alckmin e Serra, da maneira como o Lula fez? Você não entende de política, Poit.
[César Tralli]: Candidato Tarcísio de Freitas, é a sua vez de fazer a sua pergunta. O tema é livre, e para quem o senhor gostaria de formular a questão?
[Tarcísio de Freitas]: Minha pergunta vai para o Rodrigo.
[César Tralli]: Por favor, 30 segundos.
[Tarcísio de Freitas]: Rodrigo, você está se acostumando e se notabilizou por se apropriar da política pública de outros governantes que foram criadas lá atrás; "eu fiz isso, eu fiz aquilo." Na verdade, o que é bom é do Doria— é seu, não é do Doria; agora, o que é ruim era do Doria, "eu sou o novo governador" etc. Além disso, você aumentou impostos, e a política pública que você assinou mesmo foi o confisco dos aposentados. Agora, deu pouco para quem mais precisava na hora que mais se precisava. A política de transferência de renda é modesta. Governador, por que você não fez?
[Rodrigo Garcia]: Tarcísio, eu fiz, e fiz muito por São Paulo, diferente de você, que chegou agora, há seis meses atrás, nem morava aqui. Se perder a eleição, a população espero que não te eleja, vai voltar para Brasília, ficar lá com a sua família, e não ajudou a gente a construir o estado que a gente tem. Eu estou aqui há mais de vinte e tantos anos como deputado, como secretário, com a barriga no balcão, com os pés no chão. Ajudei a implantar em programas importantes no nosso Estado de São Paulo como o Poupatempo, o Bom Prato, as AMEs, Creche Escola, a ampliação da Rede Hebe Camargo, a ampliação do Lucy Montoro. Sou governador há cinco meses do estado, já autorizei a construção de novos hospitais como o lá de Franca. Aliás, você foi lá em Franca dizendo que, se for governador, vai parar a obra do hospital; espero que não seja. Começamos a obra lá do hospital de Cruzeiro, estamos terminando o hospital aqui de Barueri, tenho ajudado as prefeituras a construir os seus hospitais. Estou aqui tocando o maior programa de obras do estado da história de São Paulo. Nós temos mais dinheiro do que o governo federal para investir em infraestrutura. Isso gera emprego agora e gera investimentos nos próximos anos. 11 mil quilômetros de estradas, centenas de obras espalhadas por todas as cidades de São Paulo.
Tarcísio, você não ajudou a gente a fazer nada aqui em São Paulo. Aliás, você podia ter ajudado mais como ministro e não ajudou, ajudou outros estados do Brasil — Rio de Janeiro, Goiás, mas não ajudou quase nada São Paulo. Eu estou aqui, diferente de você, ajudando a gente a construir esse estado. Para de criticar São Paulo, para de falar mal, querer fazer trocadilho, ficar decorando rapidamente o nosso mapa para tentar mostrar conhecimento para as pessoas. São Paulo acolhe a todos, mas não quem chegou agora, nunca ajudou e só fica falando mal como você.
[Tarcísio de Freitas]: Rodrigo, eu não estou falando mal de São Paulo, eu estou criticando a sua gestão, é completamente diferente. A grande questão é: eu perguntei sobre as políticas de transferência de renda. Você passou pouco dinheiro para as pessoas. Observe que, com um superávit de 50 bilhões de reais, você, se juntar tudo o que você fez em transferência de renda, dá pouco mais de 500 milhões, você passou pouco mais de 1%. O governo federal, aqui em São Paulo, só em Auxílio Emergencial e em Auxílio Brasil, colocou mais de 110 bi para aliviar a fome, para aliviar o sofrimento, para ajudar as pessoas. É disso que a gente está falando, não é? Porque eu estou acostumado a lidar com orçamento. Eu fui gestor, fui Ministro da Infraestrutura, peguei um orçamento pequeno e consegui fazer muito com pouco. A grande questão aqui: você tinha muito orçamento e fez pouco pelas pessoas. Por quê? Essa é a grande pergunta. Foi tão pouco dinheiro destinado para transferência de renda. Por que só 1% para as pessoas que estão passando por dificuldade?
[Rodrigo Garcia]: Tarcísio, você não sabe do que você está falando. Nós criamos aqui o Vale Gás, nós criamos aqui o Bolsa Trabalho; hoje nós temos 100 mil pessoas trabalhando no Bolsa Trabalho em São Paulo, mais de 400 mil famílias no Vale Gás. O Bolsa Permanência Estudante para que os alunos possam continuar estudando. Temos também o Dignidade Íntima, vários outros programas de ampliação de repasse aos municípios para cuidar da proteção social básica. Eu já fui Secretário de Assistência Social do Estado, criamos programas de transferência de renda, de emancipação social, eu sei do que eu estou falando. Temos ajudado como nunca prefeitos e prefeitas, porque a gente sabe que, ajudando eles, a gente ajuda as pessoas.
Você chegou agora em São Paulo, estuda rapidamente o orçamento, mas não viveu, não conhece, não sabe o que nós estamos fazendo por esse estado. Nós temos uma desigualdade social porque o PT, lá atrás, no governo da Dilma, deixou seis milhões e meio de pessoas na extrema pobreza. O governo que você representa pegou a pandemia, mais oito milhões e meio na extrema pobreza, e nós estamos pagando essa conta da desigualdade. Mas São Paulo está cuidando da população que precisa ser cuidada.
[César Tralli]: Candidato Rodrigo Garcia, é a sua vez de perguntar, e o senhor pode formular a pergunta para os candidatos Vinicius Poit ou o candidato Elvis Cezar.
[Rodrigo Garcia]: Vou perguntar para o Poit.
Poit, desde o começo do debate, está clara aqui a tabelinha que o Haddad e o Tarcísio estão fazendo, aliás, estava olhando agora no intervalo, no UOL, a capa do UOL já mostra tabelinha de Haddad e Tarcísio, porque eles querem trazer essa guerra política para cá. Eu não escolho uma ideia, quando eu vou tomar uma decisão como governador, se é de esquerda ou de direita, eu escolho se a ideia é boa ou é ruim, independente de cartilha ideológica. Queria saber se você acha que essa guerra política, vindo aqui para São Paulo, nosso estado vai ganhar alguma coisa ou vai continuar brigando por nada.
[Vinicius Poit]: Rodrigo, eu não acho que nem o estado de São Paulo nem o Brasil ganha com guerra política, com extremismo e com polarização. E eu falo com base no que eu fiz até aqui, tanto como empreendedor ou como deputado federal, gente. Eu me posicionei sempre com base em projetos, ideias, e nunca pessoas, não existe salvador da pátria. Principalmente, com todo o respeito aos demais candidatos aqui presentes, que devem favor para os outros partidos, não vão conseguir botar as melhores pessoas nas secretarias porque sempre vai estar amarrado com algum favor. A diferença é que no caso do governo federal, Bolsonaro assumiu, ganhou a eleição, se vendeu para o Centrão depois. Aqui, todo mundo se vendeu antes. Pior. Então, gente, chega de extremismo político. Vamos olhar para frente, sim, Rodrigo. Vamos focar na solução. Mas para isso precisa de algo novo em São Paulo, não o que está aí há 30 anos, que não deu resultado. A gente precisa oxigenar a política.
Lembrando vocês, em casa, a política, as eleições têm dois turnos, vamos parar de acreditar nesse teatro político que parece que só tem um, dois, três candidatos, no máximo, têm cinco aqui hoje, legítimos, que representam uma parte da sociedade e você pode escolher qualquer um desses cinco no primeiro turno. Escolha aquele que te representa. Escolha aquele voto que te dá esperança. É voto da consciência no primeiro turno, gente. Não o voto com base no medo, no ódio, na polarização. Eu quero o seu voto no 30, que é o meu número para governador com base na esperança, no empreendedorismo e no único que vai cortar dos políticos para entregar mais para você. Chega de polarização. Está na hora da gente olhar para o cidadão e menos para os políticos.
[Rodrigo Garcia]: Poit, o meu compromisso é com a população de São Paulo. Eu disputo essa eleição sem padrinho político, não tenho compromisso com coligação, com partido, eu tenho o compromisso com você que está me assistindo. Eu me preparei a vida inteira para governar São Paulo, há cinco meses sou governador. Tomei decisões já importantes que estão impactando em melhor a vida da população, mas eu sei que a gente tem muita coisa para ser feita. Agora eu sei como nós não vamos melhorar São Paulo, é trazendo essa briga política. Já pensou se ganha um aqui e outro presidente de outro lá. Eu não, eu sou um governador independente que vou defender a autonomia de São Paulo, que vou defender e brigar pelo nosso estado de São Paulo. Eu não brigo com pessoas, eu brigo com problemas, eu brigo com desigualdade, eu brigo com inflação, eu brigo por você, para melhorar a sua qualidade de vida.
Eu estou há muitos anos dedicado, junto com você, para a gente construir o melhor estado do Brasil. São Paulo me enche de orgulho. Eu tenho amor por esse estado. Eu conheço cada palmo desse chão. Conheço todas essas cidades, trabalhei muito para que elas se desenvolvessem. E estou aqui para ter uma chance de ficar mais quatro anos e fazer muito mais pelo nosso estado.
[Vinicius Poit]: Gente, chega dos mesmos. São propostas, promessas, mas como é que vão entregar se não vão poder contratar os melhores em cada área? Vão ter que entregar áreas para os políticos. Nós vamos cortar dos políticos para sobrar para você. Isso é de verdade diferente para você que é do estado de São Paulo. Senão, alguns deles, é igual um soldado que vai chegar na guerra, mas já vendeu o seu fuzil e está com as botas na mão. Não vai conseguir dar um tiro, porque pegaram a arma dele. Esses são os políticos vendidos já. Aqui é diferente. Então, no primeiro turno, vote 30. O seu voto de consciência para mudar São Paulo.
[César Tralli]: Obrigado, candidato. Pelo nosso sorteio feito anteriormente, o último candidato a perguntar neste bloco é o candidato Fernando Haddad, do PT. Candidato, o senhor tem que, necessariamente, dirigir a sua pergunta ao candidato Elvis Cezar, que é o único que ainda não respondeu neste nosso bloco. Por favor.
[Fernando Haddad]: Elvis, eu queria te perguntar das medidas que o Doria e o Garcia tomaram, quais delas você concorda? Cortaram o Leve Leite na prefeitura de São Paulo, cortaram o passe livre do idoso, aumentaram o ICMS da carne, aumentaram o ICMS do leite, aumentaram o ICMS dos medicamentos, confiscar salário de professor aposentado e tentar privatizar a Sabesp. Com quais dessas medidas você concorda?
[Elvis Cezar]: Olha, candidato, eu não concordo com nenhuma dessas medidas. Na verdade, os economistas falam para que nós saiamos da crise, eles deveriam ter feito absolutamente o contrário. O leite está 10 reais o litro hoje porque eles aumentaram o imposto do ICMS. A carne, na mesa do trabalhador paulista, está cara porque eles aumentaram o imposto da carne. Sabe o medicamento aí do idoso na sua casa? Está mais caro e difícil de comprar porque eles aumentaram o imposto dos remédios no auge da crise. Isso é inadmissível. Você confiscar o salário, seja de servidor, do que for, eu, quando prefeito, eu fiz ao contrário: eu desonerei o salário. Então, não dá para concordar com absolutamente nada com essas medidas que esse governo fez.
[Fernando Haddad]: Eu queria dizer, alto e bom som, para o Rodrigo Garcia que eu só concordo com uma coisa em relação ao Tarcísio, não é? Podemos ter outras concordâncias, mas uma eu concordo: você fez um mau governo com o Doria, e você esconde o Doria. Você fez um mau governo com o Pitta, e você esconde o Pitta. Você fez um mau governo com o Kassab, e agora você ataca o Kassab na televisão como se não fosse um parceiro político e patrimonial de 30 anos.
Rodrigo, você tem que parar de esconder o que você é. Patrimônio, aliados, irmão, para de esconder quem você é! Diga quem você é! Assume quem você é e peça voto na sua condição! Eu não escondo nada e nem ninguém. Eu discordo do seu governo, acho que você foi cruel com as pessoas assim como o governo Bolsonaro também foi cruel com os mais pobres, cruel com quem está passando fome, cruel com as vítimas de covid.
[Elvis Cezar]: Olha, tudo isso é um absurdo, e eu quero falar aqui para o candidato Poit que quem deve favor para quem? Eu não devo favor para ninguém, isso é absoluto— você quer me colocar na mesma vala dos outros? De forma alguma! Eu tenho— não tenho sequer padrinho. Aqui é na raça! Vereador, prefeito, candidato a governador e governador Elvis 12, se Deus quiser! E eu quero falar aqui para o candidato Rodrigo. Falar que está construindo hospital em Barueri é uma falácia, é falta de verdade! Quem está construindo o hospital em Barueri é a Prefeitura de Barueri. Quem está — que, aliás, era para ser construído, a promessa era em Santana de Parnaíba, mas não tem problema.
Eu, em 2020, saí da prefeitura com o hospital no pré-moldado e totalmente pago, e nós vamos inaugurar primeiro que Barueri, que está construindo o hospital agora, mas eu vou equipar todo o hospital de Barueri, eu vou fazer tudo o que a Região Oeste precisa de investimento em saúde. É o hospital de Cajamar, o hospital de Santana de Parnaíba, o novo, o de Barueri. E você, Tarcísio, é especialista em orçamento no quê? Você desviou todo o dinheiro de São Paulo e deixou a gente na última colocação entre investimento. Ah, isso não é possível! É difícil ouvir isso.
[César Tralli]: Muito obrigado, candidato. Nós vamos então encerrando aqui o nosso terceiro bloco, daqui a pouco nós voltaremos com mais debate entre os candidatos ao Governo do Estado de São Paulo. No próximo bloco, os temas voltam a ser sorteados por mim, temas que estão aqui nesta urna, e nós voltamos já, já, então. Continue aqui com a gente para que você tenha mais oportunidades de conhecer os candidatos que querem governar São Paulo pelos próximos quatro anos para que você forme convicção e possa votar com tranquilidade no domingo. Voltamos já, já. Globo nas eleições.
Quarto bloco
[César Tralli]: 23h56. Nos aproximamos da meia-noite. Você aqui conosco, muito obrigado sempre pela sua companhia. Estamos de volta, ao vivo, com o debate entre os candidatos ao Governo de São Paulo. O último debate antes da votação de domingo. Neste quarto bloco, as perguntas são mais uma vez com temas sorteados nessa urna aqui. Temas, portanto, determinados por sorteio. Todos os candidatos perguntam, todos os candidatos respondem, e devem se ater, portanto, ao tema que eu vou sortear. Vamos então aqui ao tema, novamente: Combate à corrupção. E quem abre este bloco é o candidato Vinicius Poit, do Novo. Candidato, a quem o senhor gostaria de dirigir pergunta em relação a este tema?
[Vinicius Poit]: Candidato Tarcísio de Freitas.
[César Tralli]: Por favor, o senhor tem 30 segundos.
[Vinicius Poit]: Candidato, eu vim para a política na época das manifestações de rua, lutando contra o combate... lutando contra a corrupção, combatendo a corrupção, em apoio é Lava Jato, inclusive, liderada por pessoas que queriam um país diferente. Este governo federal causou, inclusive, o desmonte da Lava Jato. Então, eu gostaria de saber da sua parte, qual vai ser sua proposta para continuar combatendo corrupção aqui em São Paulo?
[Tarcísio de Freitas]: Poit, a corrupção é uma chaga que sangrou o Brasil. Olha o que aconteceu, quantas obras pararam. Olha o prejuízo que nós tivemos. Quantos pais de família perderam o emprego. Se a gente hoje tem dificuldade com combustíveis é porque perdemos a capacidade de refino, e perdemos a capacidade de refino porque a refinaria premium do Maranhão, a refinaria premium do Ceará, a Abreu e Lima, a Comperj, o dinheiro foi embora, sumiu, foi roubado. A gente padeceu com o escândalo do mensalão, com o escândalo do petrolão, com vários escândalos de corrupção. E a gente não pode tolerar corrupção. Em determinado momento, eu fui chamado para resolver a corrupção que tinha no DNIT, fui lá para restabelecer a governança e a autoestima, e funcionou. No Ministério da Infraestrutura, que também esteve marcado nas páginas policiais durante muito tempo, eu criei a Secretaria de Integridade e Governança. Uma secretaria que foi mobiliada com policiais federais, com auditores da CGU, com gente especializada no combate à corrupção. E o que é que eles fizeram? Faziam a supervisão ministerial, eles estabeleceram procedimentos seguros para denúncia, estimularam que as denúncias fossem feitas, criaram o selo mais integridade. E a gente passou a trabalhar com processo seletivo para a escolha de dirigentes. Aliás, o que o presidente Bolsonaro fez de colocar técnicos nos ministérios, técnicos nas estatais, foi fundamental para a gente combater a corrupção. Hoje, nós temos estatais dando lucro. O benefício que foi aprovado agora para taxistas, para caminhoneiros e o aumento do Auxílio Emergencial está saindo, por exemplo, parte do recurso, de dividendos da Petrobras e de remuneração de estatais.
Ou seja, hoje você tem as estatais para tirar dinheiro. Mas vamos estruturar aqui também a Controladoria Geral do Estado. Então, com uma secretaria de integridade que eu vou repetir o que eu fiz no governo federal, mais a Controladoria Geral do Estado, nós vamos combater a corrupção.
[Vinicius Poit]: Candidato, o senhor não comentou sobre a Lava Jato, né? Que foi uma das operações que acabou no governo Bolsonaro, inclusive que era liderada pelo seu colega, o juiz Sergio Moro, acabou até saindo do governo. Aqui em São Paulo, eu temo justamente algo que eu disse ao longo do debate, qual vai ser a capacidade realmente de combater a corrupção, visto que dentro das próprias alianças políticas tem ex-presidiários e corruptos tanto quanto tem nos outros partidos, né? Já mencionei em outros debates sobre Eduardo Cunha, Valdemar da Costa Neto, que foram inclusive presos nos escândalos que o senhor mesmo comentou feitos pelo PT lá atrás — mensalão, petrolão. Então é aquele negócio, não adianta ter a caixa de ferramentas, o martelo, se chegar aqui, o Eduardo Cunha rouba o teu martelo, mais ou menos isso. A gente tem que sim colocar controladoria, coloquei na minha proposta de governo, inclusive, blockchain para a execução orçamentária, aqui em São Paulo não vai ter orçamento secreto. E corrupto, é cadeia!
[Tarcísio de Freitas]: De fato, corrupto tem que ser cadeia. Nós vamos trabalhar com a Controladoria-Geral do Estado viva, que vai executar a atividade de controle interno, vai executar a atividade de gestão de risco e, junto com a Subsecretaria de Governança, que vai estar embaixo da Secretaria de Justiça, a gente vai ter boas práticas, introduzir a governança, estabelecer padrões, critérios para seleção de dirigente e vamos trabalhar só com técnicos.
[César Tralli]: Obrigado, candidato. Agora é a vez do senhor perguntar, pelo sorteio prévio que nós fizemos, e o tema da sua pergunta, candidato Tarcísio de Freitas, é diversidade. Para quem o senhor gostaria de formular a pergunta? O senhor tem 30 segundos.
[Tarcísio de Freitas]: Vou perguntar para Fernando Haddad.
[César Tralli]: Por favor.
[Tarcísio de Freitas]: Haddad, diversidade é um tema superimportante, mas, no final das contas, nós precisamos abrir esperança, abrir oportunidades para todos. Nós precisamos de uma assistência social viva, nós precisamos tratar dos dependentes químicos, das pessoas que estão na rua, nós precisamos criar uma ponte para o futuro. Como que a gente vai criar essas oportunidades para todos no seu plano de governo?
[Fernando Haddad]: Tarcísio, eu acho que nesse particular da diversidade é onde o governo federal mais errou. Errou em várias áreas, mas nessa em especial, ele primou pelo erro. Ele tratou mal as mulheres a partir da conduta do próprio presidente da República, ele tem uma postura frente aos negros brasileiros completamente indigna, a maneira como ele se refere a mais de 50% da população, ele não respeita as religiões que não são evangélicas, ou seja, ele persegue a religião e diz que as minorias têm que se submeter à maioria, como se a liberdade religiosa não fosse um princípio constitucional. Ele desdenha dos indígenas brasileiros, fala mal da demarcação de terra indígena e quilombola, ou seja, o Brasil, a riqueza do Brasil é justamente você respeitar as pessoas na sua diferença. A pessoa com deficiência, a mulher, o negro, a comunidade LGBT, que a todo momento ele debocha, não é? O indígena.
Falta uma compreensão, por parte do governo federal, do que é a maior riqueza do Brasil, que é a sua gente, é o seu povo. E no meu programa de governo, isso tem uma ênfase completa, não é? Fizemos políticas de cotas nas universidades, cotas sociais e raciais, fizemos no serviço público, tenho o compromisso de ter paridade de homens e mulheres no meu secretariado. É um conjunto de realizações que demonstra para o país que você não tolera apenas a diversidade, mas que você abraça a diversidade, que você celebra a diversidade. Ela é a grande riqueza nacional.
[Tarcísio de Freitas]: Haddad, nós vamos, no nosso governo, celebrar e abraçar a diversidade. Eu vi o presidente Bolsonaro aprovando a maior quantidade de leis em prol das mulheres de todos os tempos: foram mais de 40 projetos de lei, fora as outras instruções normativas, normas infralegais. Nós tivemos aqui as mulheres sendo as maiores beneficiadas do Auxílio Brasil, as maiores beneficiadas dos programas de titulação de terras. Nós tivemos aqui o presidente estimulando, por exemplo, que índios, como os Paresí, produzissem suas terras.
Pela primeira vez a gente viu uma primeira-dama fazendo discurso de posse em libras e levando em consideração a questão da inclusão. Aliás, inclusão, para mim, vai ser uma coisa séria, não vai ser simplesmente da boca para fora. Nós vamos trabalhar a inclusão de verdade, principalmente no que diz respeito aos postos de trabalho. Não é simplesmente uma questão de acessibilidade que a gente precisa fazer lá nas quatro estações ferroviárias de Mogi das Cruzes, é uma questão importante de emprego.
[Fernando Haddad]: Eu não vejo, no governo federal, o ânimo de abraçar a diversidade. Não vejo nessa conduta- - na conduta do atual governo. E aqui em São Paulo, tanto na capital quanto no estado, nós temos uma história de diversidade. Muitas políticas públicas foram fortalecidas no sentido de preservar e fomentar a diversidade, abraçar a diversidade. Eu acho que seria um equívoco enorme trazer a experiência do atual Governo Federal para cá para São Paulo no que diz respeito à diversidade. Todos sairíamos perdendo: os negros, as mulheres, as pessoas com deficiência, os indígenas, os quilombolas, toda a diversidade sairia prejudicada.
[César Tralli]: Candidato Fernando Haddad, é a vez agora do senhor perguntar, eu vou sortear um tema aqui. O tema é cultura e lazer. A quem o senhor faz a pergunta? Por favor, 30 segundos.
[Fernando Haddad]: Vinicius Poit.
[César Tralli]: Por favor.
[Fernando Haddad]: Vinicius, todo mundo sabe que a área da cultura é uma área de fronteira da economia. É uma área de geração de emprego e renda. É uma área que cresce no mundo inteiro o PIB da cultura. E aqui no Brasil, sobretudo aqui em São Paulo, nós estamos com um investimento público muito acanhado por parte do Estado. Você eleito governador, o que você faria para fomentar a cultura paulista?
[Vinicius Poit]: Candidato Fernando Haddad, primeiro, a cultura, ela tem que estar associada à educação e à escola de período integral, também. A cultura é um meio de referência para as crianças e não ficar, como eu escutei hoje da Fabiana, da Susete, da Ana Paula, do Jardim Eliane: puxa vida, meu filho não tem o que fazer, tem que ocupar o tempo. Ele vai vender bala no farol para ocupar o tempo. Esse é o estado de São Paulo, as crianças estão indo vender bala no farol para ocupar o tempo. Isso efeito, candidato, de um governo federal que vem arrastando uma prática de assistencialismo desde a época do PT.
As pessoas têm que ocupar o tempo numa fábrica de cultura, que foi um projeto elogiado pelas mães. Ocupar o tempo na fábrica de criatividade do Capão Redondo que, no meu governo, eu vou expandir essas iniciativas com apoio do setor privado também. Ocupar o tempo no que o Gilson fez em Paraisópolis, não só com balé, mas com todo aquele movimento ali, com capacitação profissional. Ocupar o tempo nas praças de cidadania, que hoje tem muito pouco no estado e a gente precisa expandir. E nessas praças, também ter cultura, economia criativa. Então, a gente não pode admitir que no estado de São Paulo, cinco mil escolas, uma baita estrutura, as crianças não têm escola para ficar o dia inteiro, não tem projeto de cultura para ficar o dia inteiro, sabe? E precisa ocupar o tempo vendendo bala. Nós vamos investir. Mas, novamente, cultura para frente, sabe? Vamos ensinar tecnologia, programação, inovação, para elas encarar a cultura até como meio de trabalho. Sem ideologia, sem falar de um lado só, falando dos dois, falando de tudo, três, quatro, de quantos lados quiser, para a criança formar a sua própria opinião.
[Fernando Haddad]: Eu tenho saudade do tempo em que nós tínhamos Gilberto Gil, no Ministério da Cultura, Marina Silva, no Meio Ambiente, eu tenho saudades do tempo em que eu tinha Juca Ferreira secretário municipal de cultura. Quando a cultura era pensada globalmente como uma área de expansão da economia, das oportunidades. Os pontos de cultura, os inúmeros editais que saiam. Veja o que acontece aqui no estado de São Paulo, o orçamento do estado destinado à cultura é de 0,3%, para um estado com mais de 45 milhões de habitantes. O dinheiro não chega nas periferias. O dinheiro não chega nas cidades do interior. Um jovem no interior talentoso que seja, não recebe nenhum tipo de fomento para organizar o seu grupo cultural na área da dança, do teatro, da música, do audiovisual. Nós temos que investir mais em cultura. A SPcine pode ser uma empresa estadual, a empresa que eu criei aqui em São Paulo. Nós temos um caminho enorme para a geração de emprego e renda com base na cultura.
[Vinicius Poit]: Candidato, a gente tem visões diferentes, enquanto você quer criar uma outra empresa estadual, aumentar o poder do Estado, eu quero dar mais liberdade para as pessoas. A gente pode fazer novas OSs, por exemplo, como eu já mencionei no outro debate, Casa de Portinari lá em Brodowsi, um pouquinho depois de Ribeirão, Batatais. Coisa linda, sabe? É o mesmo que administra o museu indígena em Tupã. A gente pode ter parceria público-privada para dar mais cultura na falta de orçamento do Estado. Obviamente, o Estado tem que reservar mais orçamento cortando dos políticos, não é, porque novamente, aqui sobra privilégio político, eu fui deputado mais econômico, cortei todos e vou cortar como governador. Para sobrar para a cultura, mas se precisar, parceria público-privada, em nome do bem do cidadão.
[César Tralli]: Muito bem. Muito obrigado, candidato. Vamos aqui ao próximo tema sorteado. O tema é segurança. Candidato Elvis Cezar, o senhor não pode perguntar ao senhor mesmo porque aí eu tornaria a sua vida muito fácil, então o senhor, por favor, tem que dirigir a sua pergunta ao candidato Rodrigo Garcia.
[Elvis Cezar]: Candidato Rodrigo, o governo do estado de São Paulo nos últimos dois anos teve um superavit, ou seja, excesso de arrecadação de quase 100 bilhões de reais. Para ser exato, 83 bilhões de reais. Por que o investimento nas polícias do estado de São Paulo foi tão pequeno? E por que não teve nenhum investimento nas guardas municipais? E por que temos tão poucas delegacias da mulher 24 horas?
[Rodrigo Garcia]: Elvis, eu vou pedir licença, antes de responder sobre segurança, para me dirigir ao Fernando Haddad, que não tem coragem de fazer pergunta diretamente a mim, porque ele tem medo, que sabe que eu, passando para o segundo turno, nós vamos derrotar o PT mais uma vez aqui em São Paulo, por isso ele aproveita réplica de outras perguntas para falar mal da gente.
Quem esconde as coisas aqui, Haddad, é você. Você esconde que você foi o pior prefeito da história dessa cidade, que você aumentou ITBI, que você aumentou IPTU, que você bateu recorde de fila de creche, que você bateu recorde de fila da saúde — não tinha nem pandemia naquela época —, que você cortou a Operação Delegada, menos policiais nas ruas, você cortou até transporte para deficiente, que você cortou leite das crianças — eram quatro litros, depois voltou para um litro, e depois, antes de terminar o mandato, tentou corrigir.
Você foi o pior prefeito da história dessa cidade. Você, sim, esconde que, lá atrás, o Zé Dirceu abonou a sua ficha; do primeiro emprego que você ganhou lá em Brasília foi nomeado por ele. Você tem muito para esconder. Esconde inclusive a CPI do Teatro Municipal, onde o Ministério Público está acusando você e a sua turma de desvio de mais de 128 milhões de reais. Eu estou há 27 anos na política, Haddad, eu nunca tive um processo por malversação de dinheiro público, e você fica rodando, rodando, rodando para falar mal de mim. Você tem medo de disputar a eleição no segundo turno porque você sabe que, mais uma vez, eu vou derrotar o PT. Quem assiste às tuas propagandas aqui até parece que você ajudou a construir o estado que a gente tem. São Paulo é o melhor estado do Brasil porque o PT nunca governou esse estado. Do PT e do Haddad, pessoal, ninguém tem saudade.
Em relação à segurança, Elvis, nós fizemos o maior investimento na segurança da história: trocamos mais de 10 mil veículos, compramos armamentos de primeiríssimo mundo, demos 25% de aumento para a polícia. Agora, eu sei que isso não é suficiente. A guerra da segurança é uma guerra permanente. Eu estou enfrentando o crime organizado como nenhum outro governador enfrentou, sofrendo ameaças pessoais, mas não vou dar nem um passo atrás. Eu estou aqui firme para proteger a população de bem de São Paulo e, sendo eleito governador, vou continuar combatendo a criminalidade em São Paulo.
[Elvis Cezar]: Olha, você que é policial militar, policial civil sabe do que eu estou falando, mas você que está na sua casa sabe mais ainda do que eu estou falando: a sensação de insegurança, os furtos, os roubos na periferia, na quebrada, os homicídios, os feminicídios, a violência brutal que assola quem mais precisa, e o estado passou com 84 bilhões no cofre. 84 bilhões no cofre e não investiu na polícia, e não contratou mais policiais, e não estruturou a polícia, e não ajudou sequer a Guarda Municipal aí da sua cidade. Agora eu quero fazer um comentário aqui: falar que o candidato Tarcísio sanou a corrupção no DNIT, eu fiquei com uma dúvida — se eu estiver errado, eu já peço perdão —, mas não é esse povo do DNIT que o Bolsonaro está saindo pelo partido deles? Você pegou os caras com corrupção e o Bolsonaro sai pelo partido deles?
[César Tralli]: Tempo — tempo esgotado, candidato, por favor.
[Elviz Cezar]: Não entendi.
[Rodrigo Garcia]: Bom, eu vou continuar investindo na segurança pública. Eu tenho um compromisso com a segurança pública, porque eu sei que segurança pública é um fator de desenvolvimento: protege as famílias aqui de São Paulo e, ao mesmo tempo, traz investimento para a nossa cidade, para o nosso estado. Eu, sim, tenho um compromisso com as polícias. Autorizei concursos públicos históricos. No ano que vem, nós vamos ter mais de 10 mil policiais novos nas ruas, entre civis e militares, e esse investimento não vai parar por aí. Tenho o compromisso de valorização salarial, tenho o compromisso de continuar fazendo o Detecta Móvel, de manter a câmera nos uniformes e proteger a população de São Paulo.
[César Tralli]: Candidato Rodrigo Garcia, sua vez de perguntar, e o senhor tem que necessariamente dirigir a pergunta ao candidato Elvis Cezar, que é o único que ainda não respondeu neste bloco. E o tema sorteado: rios. 30 segundos, por favor.
[Rodrigo Garcia]: Elvis, Santana do Parnaíba está ao lado do nosso Rio Tietê, que é o rio mais paulista de todos. Nós fizemos um trabalho grande no Rio Pinheiros aqui, e é injusto dizer que o Rio Pinheiros não está limpo; quem conhece o Tâmisa, o Sena, que são rios muito citados em outros lugares do mundo, levou 40 anos para despoluir esses rios. Em três anos e meio, nós fizemos mais de 600 mil ligações de esgoto na casa das pessoas. Isso é o equivalente a uma cidade de Porto Alegre. Hoje, o Rio Pinheiros está de volta à vida. Nós conseguimos reduzir a mancha do Tietê em 25% de 19 para cá. Qual a sua proposta para a despoluição dos rios?
[Elvis Cezar]: Olha, o Rio Tietê Parnaíba chama Parnaíba porque "grande queda, rio de difícil navegação". 442 anos. De Santana de Parnaíba saíram as bandeiras que desbravaram o Brasil. A história do rio é tão linda e o rio está morto. O rio passa por uma dificuldade tão tremenda, tão tremenda, que lá as crianças de São Paulo, da Região Oeste até Salto, sofrem. As unidades de saúde no inverno lotam porque as crianças têm problemas respiratórios gravíssimos, e isso a gente vem passando há anos. Desde que eu sou criança nós sofremos com isso. Não é possível. Nós não podemos aceitar isso. Não é possível que isso vai continuar assim, candidato.
[Rodrigo Garcia]: Elvis, a mancha do rio Tietê já foi mais de 550 km, hoje é pouco mais de 120. E nós vamos continuar perseverando para limpar o rio Tietê. O que está faltando? Guarulhos. Aliás, na época do governo do PT lá de Guarulhos que governou a cidade durante muito tempo, eles não deixavam a gente tratar o esgoto. Sabesp assumiu em 19, era 3% de tratamento, nós vamos entregar com 40% agora no final desse ano. Estamos começando o esgotamento sanitário ali da Brasilândia, ali do ABC, do Alto Tietê, falta um milhão de ligações residenciais para que o rio Tietê possa poder se recuperar. Eu tenho um compromisso de fazer mais de 800 mil ligações nos próximos quatro anos, para que a gente possa despoluir o rio Tietê e ele não ter mais essa mancha que ele tem hoje de poluição. Mas não vamos parar aqui no Tietê. Nós temos feito várias ações nos seus afluentes, nós temos feito ações no Tamanduateí, no Aricanduva, no interior de São Paulo nós criamos o primeiro programa organizado de desassoreamento nas 12 bacias hidrográficas que São Paulo tem. Nós temos ações de preservação aos rios em todas as cidades do estado nesse momento.
[Elvis Cezar]: Olha, você já teve a chance, candidato. Ou você quer se apropriar só do que o Dória fez de bom? Do ruim, você não quer carregar o João Dória. Olha, vocês já tiveram a chance. Eu sou vítima da poluição do rio Tietê, ou melhor, as crianças são vítimas até hoje da poluição do rio Tietê. É inadmissível. É por isso que em quatro anos, compromisso com você de São Paulo, da região oeste, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Santana de Parnaíba, Pirapora, Cabreúva, Araçariguama, Itu, Salto, que eu vou fazer o maior investimento da história de saneamento básico na cidade de Guarulhos. No Alto Tietê, em Poá, em Ferraz, em Itaquaquecetuba. E vou melhorar a saúde do Alto tietê. Você, cidadão de Guarulhos, vai ter saneamento básico. Você de Itaquaquecetuba vai ter saneamento básico. Poá e Ferraz de Vasconcelos. E vou, em quatro anos, é o meu compromisso, porque eu cresci na beira desse rio, o meu compromisso é despoluir em 50%. Chega, são gerações roubando dinheiro, furtando em projetos e mais projetos de limpeza desse rio e nada é feito. E são 20, 30 anos falando que limpam, limpam e nada é feito.
Considerações finais
[César Tralli]: Muito obrigado candidato. Nós encerramos aqui, então, a última rodada de perguntas e respostas entre os candidatos que concorrem ao governo do estado de são Paulo. Nós vamos começar, então, agora a nossa última etapa, que é a etapa da despedida. Cada candidato vai fazer as suas considerações finais. Pelo sorteio que nós fizemos anteriormente, na presença da assessoria dos candidatos, quem começa, portanto, a se despedir é o candidato Rodrigo Garcia, do PSDB. Candidato, o senhor terá dois minutos e a sua despedida, portanto, do eleitor e da eleitora que nos assiste agora.
[Rodrigo Garcia]: Olha, eu quero agradecer a Rede Globo por dar essa oportunidade de fazer o último debate do primeiro turno. Agradecer a Deus e a minha família, minha esposa por estar aqui participando desse momento e pedir a sua atenção para a eleição de Governador de São Paulo. O governador que está aqui no dia a dia cuidando do nosso estado, da segurança pública, da saúde, da educação, das nossas estradas, do metrô. Portanto, o futuro de São Paulo depende muito de quem você, no próximo domingo, vai escolher para comandar São Paulo pelos próximos quatro anos.
Eu estou aqui há mais de 20 anos trabalhando por esse estado, amo São Paulo. Ajudei a construir o estado que a gente tem ao lado de você. O estado que gente tem hoje não é fruto de um governador, de um partido, é fruto de milhões de pessoas que ajudaram a gente a chegar até aqui. São Paulo é o melhor estado do Brasil. E precisa continuar. E eu sei que ele só vai continuar se a gente ficar distante dessa briga política que só atrasou o Brasil, desde quando começou essa briga ideológica, o que é que melhorou na sua vida, pessoal? Tenho certeza que a resposta é nada. Portanto, eu estou aqui para proteger as nossas conquistas. Para trabalhar, para que os AMEs, para trabalhar para que as ETECs e FATECs, que as obras de metrô, são cinco hoje em andamento, os mais de 11 mil km de asfalto, que as centenas de milhares de obras do pós São Paulo não parem. O que está em jogo é isso.
Qualquer um dos adversários que ganhar a eleição vai parar, vai tentar entender como funciona São Paulo, São Paulo vai perder tempo e um tempo a que gente não tem. Eu estou aqui para proteger as nossas conquistas. Mas, ao mesmo tempo, olhar para frente, continuar avançando na área do combate à fome, com o Cartão Bom Prato, com o imposto zero para população mais carente. Olhar para frente fazendo o Pró São Paulo fase 2, mais 600 novas estradas. Olhar para frente fazendo o Mediotec, fazendo com que todos os alunos do ensino médio possam fazer o ensino integrado como o técnico. Olhar para frente protegendo as mulheres desse estado, aos jovens dando a eles a oportunidade de emprego e de renda. Por isso, pessoal, eu peço o seu voto de confiança no domingo, no Rodrigo, 45, governador. Para São Paulo seguir em frente, e para são Paulo seguir em paz!
[César Tralli]: Muito obrigado, candidato. Pelo sorteio que nós fizemos anteriormente, é a vez do candidato Vinicius Poit, do Novo, se despedir do eleitor e da eleitora. O senhor tem, portanto, dois minutos para suas considerações finais, candidato.
[Vinicius Poit]: Queria agradecer a Rede Globo, parabenizar pelo debate. Essa é a democracia onde todas as opções são apresentadas para o eleitor. Agradecer a Deus pela oportunidade de estar aqui hoje e por iluminar minhas palavras. À Dóris Alves, minha candidata a vice, mulher, negra, que tem uma força descomunal, sabe? Que esteve comigo lado a lado, entende muito de segurança. E juntos nós vamos trazer aquela segurança mais cidadã, fortalecer as guardas por todo o Estado de São Paulo, dar o poder de polícia, sim, para a guarda integrar mais com a Polícia Militar, com a Polícia Civil e retomar a confiança das pessoas reorganizando os territórios, sabe? Segurança em São Paulo em primeiro lugar.
Quero agradecer minha esposa Evelyn, meus pais, que eu homenageio em nome da minha mãe, uma guerreira, professora, médica, falar que as duas profissões mais nobres, não é? Ser professora e ser médica, mãe, obrigado pelo exemplo que a senhora sempre me deu. Pode ter certeza que, eleito governador, os policiais, os professores e os médicos serão prioridades no nosso governo, e não os políticos, gente. Chega, sabe? Eu estou aqui para apresentar algo diferente. Estou aqui para lembrar a você que ainda a gente está no primeiro turno. Não está decidido. Pode ter a pesquisa que for, mas enquanto o voto não sair da sua mão no domingo, tudo pode acontecer, assim como aconteceu em Minas Gerais e o Zema foi eleito governador do estado. É esse o exemplo que a gente quer trazer para São Paulo: único governador que não usa o Fundão, você já sabe, é o governador da vaquinha, a gente anda, o pessoal vai conhecendo; que não deve favor para político nenhum, só deve para você.
Peço a sua confiança para, no primeiro turno, votar 30. Não no voto do ódio, do medo ou da polarização, no voto da esperança para o Estado de São Paulo; para votar 300 para Senador, no Ricardo Mellão, meu amigo, parceirão; 30 no Presidente D'Ávila e 30 nos deputados e deputadas do NOVO, uma chapa que vai mudar a política desse país. Muito obrigado, que Deus nos abençoe, e domingo, vote 30!
[César Tralli]: Obrigado, candidato. Candidato Fernando Haddad, do PT, o senhor tem dois minutos para suas considerações finais.
[Fernando Haddad]: Muito obrigado, César Tralli, Rede Globo; muito obrigado aos demais candidatos e a você que nos acompanhou até aqui. Domingo pode ser um grande dia, um dia de restabelecer a democracia no nosso país, um dia de restabelecer os seus direitos, que foram ceifados pelos governos tanto estadual quanto federal. Foram cortados. Vários direitos importantes, frutos de lutas históricas do povo trabalhador, cortados sem dó nem piedade.
O dia— um dia em que a gente vai voltar a reindustrializar o Estado de São Paulo. Não podemos perder mais empresas — do Vale do Paraíba, do ABC, do Norte de São Paulo, não é? Do Oeste de São Paulo, empresas estão indo embora por causa do aumento de impostos, estão afugentando os investidores. Nós precisamos de mais comércio, mais indústria, mais empregos de qualidade e mais comida na mesa. Isentando de impostos e aumentando o salário mínimo paulista, você vai chegar até o final do mês sem dívidas acumuladas, você vai se livrar das dívidas e vai voltar ao mercado de consumo de massa, que é o que faz a economia rodar. O industrial e o comerciante não vão contratar se não tiverem para quem vender, e o segredo disso é o seu poder de compra, que não para de cair em virtude de governos antipopulares, que não se importam com você.
Um estado rico como São Paulo ter 100 mil pessoas em situação de rua? Alunos de ensino médio terem o conhecimento de um aluno de sétimo ano do fundamental? Uma fila de um milhão e duzentos mil procedimentos do SUS aguardando agendamento? 500 obras paradas? Não, nós precisamos dar a mão— as mãos ao país, Brasil e São Paulo podem caminhar juntos e acabar com essa briga de um presidente e um governador. Vamos dar as mãos para o desenvolvimento do nosso país, para prosperidade no nosso país. Vote 13.
[César Tralli]: Candidato Elvis Cezar, do PDT, a sua despedida do eleitor e da eleitora. O senhor tem dois minutos.
[Elvis Cezar]: Eu quero agradecer a Deus, agradecer a Rede Globo, agradecer você que nos ouviu todas essas propostas ao longo desse debate. Agradecer a minha esposa, minha família, agradecer minha equipe, que tem trabalhado muito nessa campanha eleitoral. Eu quero agradecer a minha vice-governadora, a Gleide Sodré. Quero falar e pedir o voto para o Ciro Gomes, para presidente, n° 12. Para o Aldo Rebelo, senador, n° 123. Para todos os deputados estaduais e federais do PDT, n° 12.
Sabe, nos últimos 20 anos, eu tenho combatido o bom combate. Eu combati a corrupção, denunciei máfias e mais máfias. Desmontei máfias. Eu ganhei prêmios com quatro vezes como o melhor prefeito do Brasil. Sabe, entreguei mais de 250 obras. Mas isso não foi o mais significativo na minha carreira, foi sim ter feito a maior evolução da educação do estado de São Paulo, ser referência em combate à mortalidade infantil no estado de São Paulo e no Brasil. Ser um vetor de geração de empregos, de transformação. Por isso, eu quero ser governador de São Paulo. O Haddad já teve a chance, falhou, o Tarcísio já teve a chance, falhou. O Rodrigo, de cada 10 pessoas, sete reprovam esse governo. Me dá oportunidade pra mudar São Paulo. Tem 50% dos votos indecisos. Nós, juntos, vamos para o segundo turno e ganhamos a eleição, sim. É um projeto novo, mas com capacidade e experiência. Eu sou o Elvis, o seu governador n° 12. Vote 12!
[César Tralli]: Agora é a sua vez, candidato Tarcísio de Freitas, do Republicanos. Dois minutos para as suas considerações finais.
[Tarcísio de Freitas]: Primeiramente, eu quero agradecer a Rede Globo pela organização do debate, um debate importante. Agradecer a César Tralli pela condução. Agradecer, principalmente, você que nos assistiu. Quero agradecer a Deus, pela minha vida, e também por todas as bênçãos que eu tenho tido. Agradecer a minha esposa Christiane, parceira de 25 anos, que me sustenta, que me ajuda, que me incentiva. Agradecer a minha mãe, que a essa hora está orando por mim. Agradecer ao meu vice, Felício Ramuth, e também o meu coordenador de plano de governo, Afif Domingos, que está fazendo um trabalho maravilhoso, sensacional.
Eu não sou teórico, não sou um político profissional, estou na minha primeira eleição, sou um engenheiro, me acostumei a resolver problemas, a tirar projetos do papel, e quero fazer a diferença. Procurei fazer isso a vida toda. Acredito na santificação pelo trabalho, acredito em plano, acredito em equipe. Isso para mim é fundamental. E a gente construir um plano que tem dois grandes pilares, o cuidado com as pessoas e a promoção do desenvolvimento econômico, a geração de emprego. A gente não quer ver mais pessoas na fila dos hospitais esperando uma cirurgia eletiva. Não quer ver uma pessoa se deslocando 400 km, saindo de Presidente Prudente para Jaú, ou para Barretos, para fazer uma quimioterapia, nem um doente renal crônico saindo lá do fundo do Vale do Paraíba para fazer uma hemodiálise em Guarulhos. A gente não quer ver as pessoas perdendo duas, três horas de viagem todos os dias porque não tem metrô chegando em Guarulhos ou no ABC, ou em Taboão. A gente quer fazer a diferença.
Não vai faltar dinheiro para as Santas Casas. Não vai faltar dinheiro para organizações da sociedade civil importantes como as APAEs. Vai ter segurança pública. Educação de qualidade, que é quem abre as portas. Nós vamos investir no potencial do estado de São Paulo. Nós vamos promover aqui o emprego, resolver obras de infraestrutura que estão paradas, trazer de volta a esperança, trazer de volta o desenvolvimento para essa potência chamada São Paulo.
[César Tralli]: Muito bem. Chegamos, então, ao fim do nosso debate entre os candidatos ao Governo de São Paulo, neste primeiro turno da eleição. Em nome de toda a nossa equipe, agradeço a presença dos candidatos. Boa sorte aos senhores. E nosso muito obrigado especialmente a você, eleitor e eleitora. Esperamos que você tenha conhecido melhor os candidatos e as propostas deles para o estado de São Paulo, agora portanto é você quem decide. Até domingo, que é o dia do seu encontro com a urna eletrônica. Pense, reflita, vote consciente. Mais uma vez, muito obrigado pela sua companhia e tenha uma ótima noite!
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