Manifestantes contra Bolsonaro têm faixa arrancada em comício em Santos
Manifestantes contrários ao presidente Jair Bolsonaro (PL) foram hostilizados hoje por apoiadores do candidato à reeleição durante comício em Santos (SP). Houve um princípio de tumulto, mas ninguém se feriu.
Duas pessoas com posicionamento oposto à maioria do público entraram no centro de eventos, onde ocorria o comício, com duas faixas. Uma delas trazia a seguinte mensagem: "presidente matador tem que ir para a cadeia".
Os manifestantes abriram a faixa de cabeça para baixo. Quando colocaram na posição correta, algumas pessoas se aproximaram. A dupla não percebeu um homem vindo por trás, que arrancou a faixa e saiu correndo. Foi quando a confusão se instalou.
'Ninguém põe a mão em mim'. Um dos manifestantes não reagiu, mas o outro ficou indignado. Ele tentou correr atrás do apoiador de Bolsonaro que pegou a faixa, mas foi contido pelo público. Ao ter a passagem barrada, sua irritação aumentou. Ele gritou "ninguém põe a mim".
O companheiro que participava do ato tentou puxá-lo pela mochila a fim de afastá-lo dos bolsonaristas. Paralelamente, o homem que arrancou a faixa correu para o meio da multidão e se afastou do tumulto. Após perceber que ele havia desaparecido, o manifestante mais exaltado desistiu da perseguição.
A dupla de manifestantes foi observada pelos apoiadores do presidente e deixou o centro de convenções sem maiores percalços.
Durante a confusão, Bolsonaro sequer percebeu o que acontecia. A cena se deu enquanto ele discursava no palco e o tumulto ocorreu do lado oposto, bem distante.
Manifestante foi eleitor de Bolsonaro. O manifestante mais exaltado é Carlos Passos, morador de Santos e que votou em Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018. Ele declarou que começou a fazer oposição no primeiro ano de mandato. Os motivos foram a nomeação de Augusto Aras para Procuradoria-Geral da República, a retirada do Coaf do Ministério da Justiça e o abandono de pautas de campanha.
O manifestante afirmou que eram duas faixas, mas não tempo para abrir a segunda. Ele contou que nela estava escrito: "presidente rachador tem que ir para cadeia". Carlos declarou que vê a ida ao comício de Bolsonaro como um ato democrático de manifestar sua contrariedade com o candidato à reeleição.
Ataques a Lula. Bolsonaro voltou a atacar o principal adversário nas urnas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao longo do discurso em Santos. O candidato à reeleição chamou o rival de "maior ladrão da história do Brasil" e disse considerar que os eleitores "sabem muito bem quem é quem".
A artilharia contra o petista faz parte da estratégia bolsonarista com o intuito de reduzir a vantagem do rival nas pesquisas. No Ipec divulgado segunda-feira (26), com menos de uma semana para o dia da votação, o petista marcou 52% dos votos válidos e Bolsonaro, 34%. Há chances reais de Lula vencer no primeiro turno, segundo análises da amostra.
Bolsonaro também criticou o ex-governador de SP e ex-tucano Geraldo Alckmin, hoje filiado PSB e vice na chapa de Lula. O presidente acusou Alckmin de ser corrupto e, junto com Lula, de querer "voltar à cena do crime". "Não vão, porque nós vamos vencer no primeiro turno", emendou.
Bolsonaro voltou a dar ênfase a pautas que misturam ideologia com valores conservadores. Segundo ele, "cada vez mais, a esquerda, o comunismo, tem assustado a alguns".
"Cada vez mais, a esquerda, o comunismo, tem assustado a alguns. Vocês sabem o que foi feito quando eu assumi em 2019. Mas nós vencemos obstáculos. Vencemos os desafios. Superamos a pandemia. Lamentamos todas as mortes que tivemos. Tivemos um baque na economia. Mas recuperamos tudo isso. Nas questões econômicas, o Brasil está sendo exemplo para o mundo. Temos hoje um dos combustíveis mais baratos do mundo."
Efeito limitado. A tática dos ataques contra Lula não tem produzido o efeito esperado pela campanha de Bolsonaro.
Durante toda a corrida presidencial, Bolsonaro criticou Lula. Propagandas de rádio e TV falam mais dele há semanas. Mesmo assim, a rejeição a Lula cresceu de 33% para 35% nas duas últimas pesquisas do Ipec.
Mas uma regra do marketing política afirma que quem bate perde votos. Bolsonaro viu sua rejeição, que sempre foi maior que a dos adversários, oscilar para cima enquanto ataca o rival. No último Ipec o presidente 51% - o índice fora de 50% no levantamento anterior.
Instituto Neymar, motociata e palanque. O presidente chegou à Baixada Santista pela manhã. O primeiro compromisso foi visitar o Instituto Neymar, em Praia Grande (SP). Bolsonaro se reuniu com crianças e adolescentes e fez a clássica imagem de campanha do político rodeado pela juventude.
Na sequência, ele seguiu em motociata até um centro de convenções em Santos onde fez o comício. Amanhã não estão previstos atos de campanha. O presidente vai dedicar o dia para o debate da Globo e só vai interromper a preparação para a live diária por volta das 19h.
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