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Bolsonaro ataca Moraes por quebra de sigilo de assessor: 'Seja homem'

Do UOL, em São Paulo

28/09/2022 20h08Atualizada em 28/09/2022 20h59

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, tornou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e novamente o acusou de ter "vazado" informações da quebra de sigilo de Mauro Cid, ajudante de ordens do chefe do Executivo.

"Quebrar o sigilo do meu ajudante de ordem é uma covardia, covardia. Por que ele quebrou o sigilo do ajudante de ordem? 'Ah, ele que abastece o Bolsonaro com fake news' [...] Quem vazou foi você, seja homem", falou o presidente sobre Moraes. Ele repetiu alguns ataques feitos ontem também em live.

As investidas de Bolsonaro ocorrem após a publicação de uma reportagem da Folha de S.Paulo, divulgada na segunda-feira (26), sobre mensagens encontradas pela Polícia Federal no celular de um assessor do presidente, que teria renovado suspeitas a respeito das movimentações financeiras da família, em especial de Michelle Bolsonaro. A quebra de sigilo bancário de Cid foi autorizada por Moraes, a pedido dos investigadores.

Hoje, o ministro determinou a abertura de um procedimento administrativo interno no tribunal para apurar o vazamento de informações sobre a quebra de sigilo do ajudante. O magistrado cobra em sua decisão que o delegado do caso informe o nome de todos os agentes que tiveram conhecimento da apuração.

Bolsonaro abriu a transmissão ao vivo de hoje já cutucando Moraes: "Estamos aqui num canto de Brasília fazendo as lives, porque o meu querido Alexandre de Moraes falou que eu não posso fazer na Alvorada porque tem gasto, né?".

No sábado, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proibiu que o presidente use o Palácio da Alvorada para transmitir lives de cunho eleitoral, destinadas a promover sua candidatura ou de outras pessoas. A multa para descumprimento é de R$ 20 mil reais por ato. Com isso foi aberta a sétima AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) contra Bolsonaro por infração das normas de campanha.

"Degola" de Moraes. Após apoiadores de Bolsonaro criticarem um vídeo em que Moraes faz um gesto de degola durante julgamento sobre lives fora do Alvorada, o presidente cobrou mais seriedade. Conforme publicou a colunista Carolina Brígido, do UOL, o momento foi uma brincadeira com um assessor.

Ah, que isso, rapaz? Ser ministro é coisa séria! Não era nem para entrar em pauta um assunto desse de onde vou fazer a live [...] O simbolismo identifica que eu estou usando um órgão público, tudo bem, mas lá no Alvorada é onde eu moro
Jair Bolsonaro em live

Em seguida, o chefe do Executivo alegou que Moraes quer "me prejudicar e ajudar o Lula. "Só está faltando ele ter a coragem moral e no final da sentença ele assinar lá, 'Alexandre de Moraes, Lula Livre', só falta isso".

Críticas a Lula. "Isso é uma roubalheira", falou Bolsonaro sobre seu principal adversário no primeiro turno eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o presidente, eleger o petista seria "a volta desse ladrão para continuar roubando você" e "uma safadeza".

Lula da Silva com seus amiguinhos né, como o Gilmar Mendes [ministro do STF], para dizer que ele foi absolvido. Mentira! Não foi absolvido! O Gilmar fez parte daquela votação que 'descondenou' o Lula
Jair Bolsonaro em live

Além disso, o chefe do Executivo chamou Lula de "fujão" pela ausência em debate eleitoral no fim de semana passado.

Fuzil e ironia com urnas. O presidente tentou conquistar hoje o voto das pessoas com licença de arma para caçadores, atiradores esportivos e colecionadores.

Tenho um fuzil em casa pessoal, então eu dou a dica para galera aí. Enquanto eu tô lá no Alvorada tem segurança, mas não existe segurança 100%, 100% só a urna eletrônica, tá legal? Só a urna eletrônica. Lá na Alvorada tem segurança, tem lá 200 pessoas na segurança aproximadamente. Pode alguém chegar na minha casa? Pode, tem duas portas antes e tem um fuzil lá dentro, eu não durmo, eu durmo com o fuzil do lado, ali. Não abro mão disso daí
Jair Bolsonaro em live

Nessa live, Bolsonaro contou com a presença de Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro e candidato dele ao governo de São Paulo, e dedicou os minutos finais novamente para apontar seus demais candidatos. Depois, Tarcísio foi substituído na tela por Marcos Pontes (PL), também ex-ministro e atual candidato ao Senado em São Paulo.

A sala onde foi gravada a transmissão foi decorada com dois patinhos de borracha, bandeira do Brasil e número de urna de Bolsonaro. Os patos de borracha são possível referência à campanha da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) que tinha o slogan "Não vou pagar o pato" e começou em 2015 para se manifestar contra o aumento de impostos. O movimento apoiou o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, e versões gigantes dos patos foram colocados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e na Avenida Paulista, na capital de São Paulo.