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Campanha de Bolsonaro faz ofensiva por votos em Minas e Bahia

Do UOL, em Brasília

03/10/2022 18h11Atualizada em 04/10/2022 15h15

Entre os locais em que a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) vai focar a atenção neste segundo turno, Minas Gerais e Bahia apontam situações distintas. O entorno do presidente vê espaço para crescer nos estados, segundo e quarto maiores colégios eleitorais, respectivamente.

O UOL apurou que Zema e o governador reeleito no Rio de Janeiro, Cláudio Castro, podem ir amanhã ao Planalto para uma reunião com o presidente sobre possíveis apoios.

O governador reeleito de Minas, Romeu Zema (Novo), deu indicações claras de que deve anunciar o apoio a Bolsonaro nos próximos dias. Já na Bahia, o candidato ACM Neto (União Brasil) ainda avalia se uma aproximação com Bolsonaro será de fato vantajosa.

A equipe do presidente esperava uma diferença menor na votação na Bahia, onde ele obteve 24,31% dos votos, enquanto Lula registrou 69,73%. O resultado na corrida ao governo foi diferente do que indicavam as pesquisas, inclusive as internas feitas pelo PL, apurou o UOL.

Ao longo do ano, ACM Neto foi considerado favorito, mas terminou a disputa em segundo lugar, com 40,8% dos votos; o petista Jerônimo Rodrigues quase venceu no primeiro turno, com 49,45%.

Segundo apurou o UOL, a tendência é que o ex-prefeito de Salvador mantenha a independência. Isso porque, mesmo com o candidato do PT na disputa, ACM conquistou votos que de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva —e colar sua imagem diretamente a Bolsonaro pode afastar essas pessoas.

Jerônimo Rodrigues, do PT, e ACM Neto, do União Brasil - Divulgação/Flickr/Jerônimo Rodrigues e Reprodução/TV Globo e  - Divulgação/Flickr/Jerônimo Rodrigues e Reprodução/TV Globo e
Jerônimo Rodrigues, do PT, e ACM Neto, do União Brasil
Imagem: Divulgação/Flickr/Jerônimo Rodrigues e Reprodução/TV Globo e

Além disso, os votos que o ex-ministro de Bolsonaro João Roma (PL) recebeu neste primeiro turno, na avaliação da campanha de ACM, iriam "naturalmente" para ele, pois são eleitores que não votam de maneira alguma no PT.

Apesar dessa primeira avaliação, a equipe de campanha de ACM Neto ainda fará nos próximos dias reuniões estratégicas para definir, de fato, como irá se posicionar.

Em Minas, apoio na Assembleia está na mesa

No caso de Minas Gerais, o objetivo do entorno de Bolsonaro é que o governador reeleito se engaje na campanha pedindo votos para o presidente.

O presidente tem um importante cabo eleitoral no estado: o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL), recordista de votos para a Câmara dos Deputados no país e o candidato mais bem votado da história de Minas Gerais. Aos 26 anos e com mais de 95% das urnas apuradas no estado, o político passou de 1,4 milhão de votos.

"Meu grande objetivo é combater o PT. Não que eu concorde totalmente com as pautas do governo federal, mas estarei, muito provavelmente, acertando isso em mais um ou dois dias ao lado do presidente Bolsonaro, evitando que o desastre do passado se repita", disse Zema nesta segunda-feira (3) à CNN Brasil.

Romeu Zema - Reprodução/YouTube - Reprodução/YouTube
Romeu Zema, governador de Minas Gerais
Imagem: Reprodução/YouTube

O governador mineiro destacou seu ex-secretário Igor Eto para ser o interlocutor com a campanha do presidente. A expectativa é que ele se reúna nesta terça com a equipe de Bolsonaro. Além disso, uma das primeiras viagens do presidente na campanha do segundo turno deve ser para Belo Horizonte, nos próximos dias.

Conforme apurou o UOL, para formalizar o acordo, Zema quer tentar fechar o apoio majoritário na Assembleia Legislativa mineira, e para isso quer contar com os nove deputados estaduais que o PL elegeu no domingo (2).

A Assembleia Legislativa tem 77 vagas e o governador Zema conseguiu que 22 aliados fossem eleitos. Com o apoio do PL, que pode atrair também o Republicanos para a base, o governador poderá governar com maioria.

Em seu primeiro mandato, Zema governou com apenas 15 deputados na base —o PL era independente. Zema espera que, com a maioria, possa emplacar propostas como privatizações e reforma administrativa.

Zema obteve 56,18% dos votos no primeiro turno, mas Lula ganhou no estado, com 48,29% dos votos, e Bolsonaro teve 43,6%. Dos mais de 16 milhões de eleitores mineiros aptos a votar, 77,79% foram às urnas no domingo, e a abstenção em Minas ficou em 22,21%, acima da média nacional, de 20,95%.

Em meio à eleição polarizada, Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Felipe D'Avila (Novo) levaram 7,57% do total. Tanto Lula como Bolsonaro vão disputar esses votos depositados em outros presidenciáveis e tentar reduzir a abstenção no estado.