Com Lula e vice de Zema, Tebet diz que 'lugar de pedófilo é na cadeia'
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) durante ato de campanha junto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) hoje (21) em Minas Gerais. Em Teófilo Otoni (MG), a 490 km de Belo Horizonte, a candidata derrotada lembrou a fala do presidente sobre as adolescentes venezuelanas e disse que "lugar de pedófilo é na cadeia".
Esta é a primeira grande agenda de Tebet com o ex-presidente. No evento, o petista recebeu também o apoio do atual vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant (PSDB), que já havia declarado voto em Lula após o primeiro turno, enquanto o governador Romeu Zema (Novo) apoiou oficialmente Bolsonaro, de quem foi próximo durante todo o mandato. Ele foi reeleito no primeiro turno e terá Mateus Simões (Novo) como seu vice a partir de 2023.
Lula cumpre agenda em três cidades de Minas, estado considerado crucial para a campanha, entre hoje e amanhã (22). O petista tem focado no Sudeste neste segundo turno para tentar manter a vantagem sobre Bolsonaro. Na caminhonete que levou o ex-presidente, também estava a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP).
O ex-presidente vai para Juiz de Fora (MG) ainda nesta tarde e, no sábado, faz caminhada em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.
"É crime." Em cima do trio elétrico com Lula e Janja da Silva, esposa do candidato, a senadora decidiu subir o tom contra Bolsonaro. Ela disse que o presidente "flerta com o autoritarismo", lembrou a fala sobre adolescentes venezuelanas e os escândalos envolvendo corrupção do atual governo.
Quando ele [Bolsonaro] disse que pintou um clima, é crime. É mais do que isso, isso é pedofilia. E lugar de pedófilo é na cadeia. Eu não tenho medo. Já chamei o presidente de covarde e não tenho medo de dizer que ele cometeu um crime. E quando tirarem a faixa dele --e o povo brasileiro vai tirar-- nós veremos a rachadinhas, veremos a compra de mansão com dinheiro vivo, veremos os casos de corrupção desse governo."
Simone Tebet (MDB)
Durante entrevista a um podcast, há uma semana, Bolsonaro relatou a visita a uma casa em São Sebastião (DF) em 2021, em que encontrou jovens venezuelanas. "Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas; de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei, 'posso entrar na tua casa?' Entrei", disse o presidente, que depois desmentiu as declarações.
A fala gerou a principal crise da campanha neste segundo turno. Depois que o vídeo viralizou, Bolsonaro abriu uma live durante a madrugada para rechaçar as declarações. E gravou um vídeo, ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para falar sobre o assunto.
De corpo e alma. Tebet, que ficou em terceiro lugar na disputa no primeiro turno, entrou de cabeça na campanha lulista. Ela já havia feito agendas em separado pedindo votos para Lula, mas não com o presidente.
"Assim que acabou o resultado do primeiro turno, eu fui para a televisão e disse que o meu partido tinha 48 horas para tomar uma decisão porque eu já tinha tomado a minha. Para mim, o povo brasileiro não levou dois candidatos no primeiro turno, levou apenas um: Luiz Inácio Lula da Silva", declarou Tebet.
É esperado que ela participe de outras agendas em Minas Gerais e no interior de São Paulo, focando no público mais conservador e na interlocução com o setor do agronegócio.
Chapa dividida. Brant declarou apoio público a Lula nas redes sociais. Distante de Zema desde o meio do mandato, ele deixou o Novo e migrou para o PSDB em 2020, no meio da pandemia. Ao confirmar o voto, ele citou a "defesa da democracia", discurso repetido nesta tarde, em Teófilo Otoni.
"Essa eleição talvez seja a mais importante depois da redemocratização, porque está em jogo não apenas as melhorias das agendas de políticas públicas, está em jogo o valor maior da democracia", disse Brant, entre Lula e Tebet.
A democracia brasileira está em risco e a única esperança é votar em Lula. O povo de Minas Gerais não vai seguir os conselhos dos coronéis que estão dizendo que vão virar a eleição em Minas, não vão virar."
Paulo Brant, vice-governador de Minas
Nas eleições deste ano, Brant concorreu novamente ao cargo de vice, mas ao lado do ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB)— a chapa tucana recebeu apenas 0,56% do total dos votos válidos.
Desde a reeleição, o governador tem participado de agendas públicas com Bolsonaro, algo que evitava fazer no primeiro turno, de olho no voto lulista —o chamado "Lulema". No estado, o petista apoiava o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD).
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