Privatização da Sabesp e câmeras em PMs: Tarcísio recua em temas polêmicos
"Eu sempre estou pronto para mudar de ideia. Já mudei várias vezes na minha vida", disse o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma entrevista a jornalistas na última terça-feira (18), ao ser questionado se, caso eleito, poderia mudar sua posição sobre tirar as câmeras nas fardas de policiais militares. Uma semana antes, ele disse que iria tirar os equipamentos. Agora, recuou e disse que avaliará a política com especialistas.
Além da questão ligada à segurança pública, Tarcísio também deu declarações ambíguas sobre a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo): da certeza da privatização passou a ser uma questão que também precisa ser estudada caso ele chegue ao Palácio dos Bandeirantes.
Os dois assuntos opõem o candidato do Republicanos a seu adversário na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, Fernando Haddad (PT). Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (19), o candidato bolsonarista tem 49% das intenções de voto e o petista, 40%. Considerando os votos válidos, que exclui brancos, nulos e indecisos, Tarcísio tem 55% e Haddad, 45%.
Do 'com certeza' ao 'vamos reavaliar'. Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, no dia 7 de outubro, Tarcísio afirmou que "com certeza" iria retirar as câmeras caso seja eleito.
"A turma [os policiais] tem que perceber que o estado está do lado dele. É por isso que eu tive uma postura muito crítica com relação às câmeras. O que representa a câmera? É uma situação de deixar o policial em desvantagem em relação ao bandido. Com certeza [vou tirar]", declarou na ocasião.
Uma semana depois, em um evento na Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, o candidato recuou e disse que irá reavaliar a política e conversar com especialistas. Desde então, as declarações sobre o tema têm sido nesse tom.
Vamos conversas com agentes de segurança, especialistas, para ver qual é a melhor decisão em termo de política pública. Meu objetivo é trazer segurança para o cidadão. Não sou preso a convicções, se convencido, volto atrás, sem problema nenhum. Tenho minha posição crítica, vou ouvir quem entende muito mais desse assunto
Tarcísio de Freitas em agenda no dia 18 de outubro
Queda de letalidade. As mortes por policiais militares caíram 80% no primeiro ano de uso de câmeras em uniformes, conforme apuração do UOL Notícias.
Entre junho de 2021 e maio deste ano, os 19 batalhões registraram 41 mortes por intervenção policial —contra 207 nos 12 meses anteriores ao início do programa.
Quantas câmeras estão nas ruas? Segundo informações da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), a gestão atual contratou mais de dez mil câmeras, que foram distribuídas para 64 unidades da PM paulista nos últimos dois anos.
A SSP também afirmou que ainda há uma nova remessa, prevista para ser entregue em dezembro deste ano. A pasta não respondeu por quanto tempo as câmeras foram contratadas.
Uma pesquisa do Datafolha, de julho de 2022, aponta que mais de 90% das pessoas com mais de 16 anos que vivem nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais aprovam o uso de câmeras nas fardas dos policiais.
A questão das câmeras foi um dos temas discutidos por Tarcísio e Haddad no debate promovido pela na segunda-feira (10), o único do segundo turno até o momento.
O petista diz, que se eleito, manterá as câmeras nas fardas dos PMs e criticou a proposta do candidato do Republicanos. "Como você, que se diz técnico, vai desafiar os dados que são da própria polícia? As câmeras precisam ser mantidas e reavaliadas", destacou Haddad em debate no dia 10 de outubro.
Sabesp privatizada? Em fevereiro, quando ainda era ministro da Infraestrutura do presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio prometeu privatizar a Sabesp caso fosse eleito governador de São Paulo. "O atual governador prometeu privatizar, mas não fez", disse ele, durante evento promovido pelo site de finanças TC transmitido pela internet. "Vou privatizar."
Três meses depois, ainda durante a pré-campanha, o ex-ministro deixou em aberto se privatizaria ou não a companhia na hipótese de ser eleito.
"É uma questão para botar na mesa. Quais são os desafios que você tem com relação ao saneamento básico? Universalização, melhoria da qualidade da prestação de serviço, combate ao desperdício, reuso de água e redução de tarifa. Então qual é a melhor equação para atingir esses objetivos? Pode ser com a Sabesp pública, pode ser com a Sabesp privada", respondeu.
O plano de governo do candidato registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem 43 páginas e nenhuma menção à Sabesp.
Durante o debate, Haddad também criticou a falta de posição clara do ex-ministro contra a privatização da Sabesp. "Eu acho que você vai privatizar porque você já falou que ia privatizar. Aí você falou que não ia, voltou atrás, aí você voltou a falar que está pensado, mas a gente não sabe o que você quer fazer com o maior patrimônio estatal paulista", disse.
O petista tem levado o tema nos programas eleitorais no rádio e na TV e diz que esta seria "a pior coisa que poderia acontecer ao estado". A estratégia é passar a ideia de que a medida poderia acarretar aumento da conta de água.
A Sabesp é uma sociedade anônima de economia mista fundada em 1973 e atualmente é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 375 municípios paulistas.
Em nota ao UOL Notícias, a assessoria de imprensa de Tarcísio destacou que o plano de governo dele não prevê a privatização, mas a antecipação das metas de universalização de saneamento de 2033 para 2027. "Esta meta será analisada pela eventual equipe de governo em conjunto com a Sabesp, sem aumento real de tarifa para o consumidor final e de forma a garantir a qualidade no abastecimento".
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