Topo

Site de Bolsonaro pede cadastro de apoiadores como 'fiscais' no 2º turno

Prints da campanha "Fiscais do Bolsonaro", exibida em live do presidente - Reprodução
Prints da campanha "Fiscais do Bolsonaro", exibida em live do presidente Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

23/10/2022 09h21

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição passou a pedir desde ontem, durante uma live, que os eleitores se inscrevam como fiscais eleitorais — ou "fiscais do Bolsonaro", como diz o site organizado pelo Partido Liberal — para o segundo turno.

O eleitor precisa concordar em compartilhar uma série de dados com o partido, conforme apontam os formulários de inscrição. O PL cita a resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que regula as eleições 2022, onde está previsto o direito do partido em ter um fiscal de partido para cada seção eleitoral.

Essa e demais regras não são destacadas na propaganda que pede o cadastro dos apoiadores. Em vez disso, a campanha diz que a inscrição faz parte de uma "missão pelo bem do Brasil":

"Do início da votação até a hora de abrir as urnas da sua cidade, você será os olhos e o coração do presidente na sua seção eleitoral. Contamos com você nessa missão pelo bem do Brasil. Mais que fiscal do presidente, precisamos de você para ser um fiscal do Brasil", diz o vídeo.

No formulário de inscrição, o PL destaca que o cadastro é para "fiscais eleitorais voluntários" e estabelece condições para o tratamento dos dados pessoais compartilhados — como CPF, endereço e número de título de eleitor.

O partido também questiona se o interessado é advogado ou não.

"Ao aceitar o presente termo, o FISCAL DE PARTIDO fica ciente que o Partido Liberal poderá tomar decisões e a realizar o tratamento de seus dados pessoais fornecidos na ficha de cadastro, bem como realize o tratamento de seus dados pessoais, envolvendo operações como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração", diz um trecho do termo.

O UOL procurou o TSE com questionamentos acerca da estratégia do PL de cadastrar os fiscais eleitorais em massa. A matéria será atualizada se houver um retorno.

Não foram provadas fraudes nas urnas. Ao longo da campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida a lisura das urnas eletrônicas diversas vezes.

Com o resultado do 1º turno, no qual Bolsonaro ficou em segundo lugar, com 43,20% dos votos, a campanha do presidente não insistiu na teoria de fraude, mas isso não absteve o presidente de criticar a confiança nas urnas.

"No próximo dia 30, de verde e amarelo, vamos votar e vamos permanecer na região da seção eleitoral até a apuração dos resultados. Tenho certeza que o resultado será aquele que todos nós esperamos, até porque o outro lado não consegue reunir ninguém. Todos nós desconfiamos. Como pode aquele cara ter tantos votos, se o povo não está ao lado dele", disse em discurso na cidade de Pelotas (RS) no dia 11 de outubro, fazendo referência também a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ficou em 1º lugar com 48,43% dos votos.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico no dia 20 de outubro, o ministro das Comunicações Fábio Faria afirmou que o presidente não contestou a votação do 1º turno, acrescentando: "Não tem por que contestar o segundo turno".

Ao fim do 1º turno, o TSE realizou um teste de integridade com e sem a biometria e não encontrou nenhuma falha nas urnas — assim como no passado. Veja foi como foi realizado o teste.

As Forças Armadas, que fizeram uma apuração "paralela", ainda não entregaram seus resultados ao TSE. O Ministério da Defesa afirmou que somente entregará suas conclusões após o 2º turno.