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Leia a íntegra da sabatina da Record com Jair Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, em entrevista para a Record - RecordTV
Presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, em entrevista para a Record Imagem: RecordTV

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/10/2022 23h38

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, participou de sabatina na Record neste domingo (23). A entrevista substituiu um debate que seria realizado entre ele e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista recusou o convite para participar do programa e, quase ao mesmo tempo, deu entrevista a um podcast.

De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira (19), Lula tem 52% da intenção dos votos válidos e Bolsonaro 48%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

A sabatina durou uma hora e foi apresentada pelo jornalista Eduardo Ribeiro.

Bolsonaro chegou à emissora por volta das 20h e falou com a imprensa. Tanto neste pronunciamento quanto na entrevista, tentou descolar sua imagem à do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que atirou em dois agentes da Política Federal, mais cedo.

Leia aqui a íntegra da sabatina da Record:

  • Primeiro bloco:

[Eduardo Ribeiro]: Olá, boa noite. Seja muito bem-vindo. Em apenas mais uma semana, os eleitores de todo o país vão às urnas para decidir quem governará o Brasil pelos próximos quatro anos. Mantendo a tradição de apoio à democracia, a Record TV, a Record News e o portal R7 marcaram para essa noite o debate entre os dois candidatos que disputam este segundo turno, mas Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, recusou o convite e não vai debater com seu adversário.

Nós lamentamos a postura do candidato em um momento tão importante pro futuro do Brasil e reafirmamos aqui o nosso compromisso com a democracia, com a liberdade de opinião, e com o mais completo acesso às informações. Nós acreditamos de verdade que é enfrentando as principais questões e não fugindo delas que se resolvem os problemas reais do nosso país. Como previsto, entretanto, nas regras protocoladas na Justiça Eleitoral, por conta da ausência de Lula, nós vamos fazer, então, uma entrevista com o candidato Jair Bolsonaro, do Partido Liberal. Boa noite, presidente. Seja bem-vindo.

[Jair Bolsonaro]: Eduardo, obrigado pela oportunidade. É uma satisfação estar aqui num momento onde a população vai decidir que Brasil ele quer pra ele: o do passado, com corrupção, com desmando, com descaso, ou o atual, onde um governo que se apresenta sem corrupção, que defende a família, e que não tem qualquer receio em debater com vocês, que, afinal de contas, somente dessa maneira você pode conhecer melhor cada um de nós pra que o povo possa melhor votar no próximo dia 30.

[Eduardo Ribeiro]: Candidato, eu vou lembrar aqui que a entrevista tem uma hora de duração, dividida em três blocos. O tempo passa a contar a partir do início da minha primeira pergunta. Ao final dessa sabatina, o candidato vai ter ainda três minutos pras considerações finais. Você que nos acompanha pelas redes sociais também pode marcar a qualquer momento nas suas redes a #sabatinanarecord.

O tempo passa a correr a partir de agora, e eu começo dizendo o seguinte: presidente, esse é o segundo debate, né? O segundo debate previamente marcado com as duas campanhas, com tempo pros candidatos se organizarem, o segundo debate em que seu adversário simplesmente decide não vir. É claro, como eu já expliquei, que essa vai ser uma entrevista só com o senhor sobre temas duros, inclusive, mas antes eu gostaria de saber: qual a principal pergunta que o senhor faria a Lula essa noite?

[Jair Bolsonaro]: Eu teria muitas perguntas pra fazer para ele. Acho que a mais importante é sobre aposentadoria. Nós temos uma massa grande de aposentados, pensionistas, servidores, aposentados rurais, entre outros. O Lula nunca foi afeto ao mercado, nunca teve preocupação em colocar bons ministros da economia. E aliado a isso, tivemos uma corrupção sem tamanho no governo Lula.

E quando se fala em aposentados, eu queria citar aqui os aposentados dos Correios, os aposentados da Petrobras, e também da Caixa Econômica Federal. Como é que ele tratou esses aposentados? Ele nomeou para os retrospectivos fundos de pensão, pra administrá-los, pessoas que, na verdade, eram bandidas. Ao longo do governo Lula, e parte de Dilma, eles saquearam os fundos de pensões. E as pessoas estavam ameaçadas a não ter mais aposentadoria. Petrobras, Banco do Brasil e Correios. E eu tenho um contracheque aqui de um servidor dos correios. Ele tem uma cota extra de R$ 510,00 para poder sanear o fundo de pensão. Caso contrário, ele não receberia aposentadoria. O mesmo com a Petrobras e também a Caixa Econômica Federal. E esse desconto extra, além do previdenciário, será efetuado até 2030. Ou seja, o PT quebrou três fundos de pensão. E dizer a vocês, pessoal do BPC, os aposentados, pessoal da previdência, servidor público civil e militar, administrar o Brasil dessa maneira, e como ele não gosta de mercado, ele não é ligado à economia, haja vista que até o momento ele sequer sinalizou pra todos nós quem seria o seu ministro da economia. Isso tudo seria quebrado em poucos anos.

Se o PT voltar a administrar o Brasil, ele vai quebrar tudo aqui no Brasil. E, obviamente, os fundos de pensão. Obviamente, o dinheiro que nós arrecadamos pra pagar você, aposentado rural, você, aposentado do INSS, você, servidor público civil e militar. Eu perguntaria pra ele: Lula, você não deveria estarem casa, já que você foi agraciado por amigos lá do Supremo Tribunal Federal? Você não tem vergonha de deixar esse legado pra nós e estar disputando uma eleição novamente?

[Eduardo Ribeiro]: Presidente, que avaliação o senhor faz da atitude do ex-deputado Roberto Jefferson hoje pela manhã, que recebeu à bala agentes da Polícia Federal que tentavam efetuar a prisão dele depois das ofensas à ministra Cármen Lúcia, do Supremo, e também do descumprimento das medidas que definiam a prisão domiciliar dele, eu pergunto: o senhor teme que isso respingue negativamente na sua campanha? E mais: o que o senhor diria ao eleitor que insiste em apoiar atitudes como a do ex-deputado?

[Jair Bolsonaro]: Olha, tão logo tomei conhecimento, foi feito o contato com o Ministro da Justiça, que é um delegado da Polícia Federal, Anderson Torres, para que ele acompanhasse o caso, se deslocasse para perto do episódio, como ele foi para Juiz de Fora, e disse para ele que o tratamento dispensado ao senhor Roberto Jefferson deveria ser o de bandido, porque quem atira em policial, bandido é. E, obviamente, eu não poderia falar nada mais com a imprensa porque a captura do Roberto Jefferson estava em andamento. Obviamente, se eu tivesse falado qualquer coisa mais cedo para a imprensa, a não ser uma nota que eu dei no meu Twitter, eu poderia estar comprometendo o bom andamento da operação.

Obviamente, tem gente aí, em especial o outro candidato, o fujão, que a gente poderia estar combatendo aqui, quer tirar proveito político disso. Primeiro disse que o Roberto Jefferson coordena a minha campanha e é meu amigo. Ele não coordena a minha campanha e não tem nada de amizade. Tanto é verdade que, agora, em meados de setembro, ele entrou com uma queixa-crime contra o Superior Tribunal Militar, contra a minha pessoa e a do senhor Ministro da Defesa por prevaricação. Ou seja, quem me processa não pode alguém achar que ele é meu amigo. O que ele fez, o que ele queria aqui, o que ele está querendo buscando na Justiça Militar são questões ligadas a autoritarismo, e o nosso governo não se presta a isso. Agora, no mais, quero deixar bem claro: repudio também a maneira como Roberto Jefferson se referiu à senhora Ministra Cármen Lúcia. Nenhuma mulher deve ser tratada dessa maneira.

Agora, deixo claro: a jornalista Barbara Gancia, jornalista, ofendeu a minha filha no dia do aniversário, no dia em que estava completando 12 anos, com palavreado mais forte ainda do que o Roberto Jefferson se referiu à senhora Cármen Lúcia. Também há poucos dias a senhora Samya Suruagy, procuradora-geral do Estado de Alagoas, se referiu à primeira dama, minha esposa Michelle Bolsonaro, como vagabunda. Ou seja, nós somos vítimas do crime de ódio dessas pessoas, e não o contrário, como o fujão aqui deixa transparecer e me ataca de forma caluniosa. Nós não passamos pano pra ninguém, diferentemente do Lula, que, quando Roberto Jefferson delatou o Mensalão, delatou inclusive José Dirceu, o Lula simplesmente passou pano pra tudo isso. Nós não somos amigos, nós não temos relacionamento, e tratamento para pessoas que são corruptas ou agem dessa maneira como Roberto Jefferson agiu, xingando uma mulher e também recebendo à bala policiais, o tratamento que será dispensado pelo governo Jair Bolsonaro será de bandido. Assim foi feito, ele foi detido agora final da tarde e já encaminhado para a Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. No mais, o Anderson Torres não participou, não foi a Levy Gasparian, e ele, a preocupação dele agora, como determinei, é cuidado com os dois policiais que foram vitimados por Roberto Jefferson, como é que está a saúde deles e como nós podemos melhor acompanhar a recuperação desses dois policiais.

[Eduardo Ribeiro]: Presidente, eu gostaria de insistir na questão dos ataques, mas entre as campanhas. Se a gente perceber o número de eleitores que simplesmente decidiu não votar no primeiro turno, mais de 30 milhões de brasileiros, é muita gente. Nesse segundo turno, há uma parcela desse eleitorado preocupada com o nível do debate entre o senhor e o candidato Lula do PT. O TSE chegou, inclusive, a entrar no jogo, fazendo um apelo pelo fim dos ataques na TV. Eu gostaria de saber: o senhor se comprometeria com isso nessa reta final das eleições? Como é que o senhor classifica até aqui o nível desse embate?

[Jair Bolsonaro]: Não há nenhum ataque meu ao outro candidato. As inserções que nós colocamos nas televisões é, em grande parte, vídeos do próprio Lula, ele falando, por exemplo, que a questão do aborto é questão de saúde pública. Quando nós o chamamos de "descondenado", é verdade. Quando nós falamos que ele foi condenado, que foi chefe de uma organização criminosa, isso é verdade. Quando o partido dele apoia ideologia de gênero, é verdade. Nós não mentimos. Nós não precisamos mentir para mostrar o caráter do fujão, é só falar a verdade. Tem uma pessoa que não tem qualquer respeito com a família, com pastores, com padres, que apoia ditaduras fora do Brasil, como de Ortega, que persegue padres, que expulsa freiras, que corta canal de televisões, como da CNN, entre outras coisas.

Isso não é baixar o nível, é mostrar a verdade do que foi o Governo Lula. Mostrar a delação de Palocci, contando em detalhes como Lula recebia dinheiro até dentro do próprio avião presidencial, isso não é atacar o presidente. Mostrar a corrupção de várias estatais, como Petrobras, 900 bilhões de reais de endividamento, BNDES, 400 bilhões de reais, e quando se fala em BNDES, mostrar em especial para o povo mineiro, que em Belo Horizonte não tem metrô, mas dinheiro nosso do BNDES, Lula mandou para Caracas, capital da Venezuela, lá tem um metrô maravilhoso. Mostrar para a população que o dinheiro do BNDES para fazer o Porto de Mariel, em Cuba, Cuba se comprometeu em não pagando o empréstimo, não pagou, nos ressarcir em charutos, isso é um deboche.

Confesso, Edu, se não tivesse visto o contrato, eu não acreditaria. Então nós não temos ataque, mostramos as verdades apenas do que aconteceu no Governo do PT. Inclusive dizer que no meu governo, 21 e 22, tivemos a pandemia, lamentamos as mortes, mas o Brasil criou três milhões de empregos. De 2015 e 2016, Governo Dilma, que o Lula tinha uma tremenda participação, perdemos três milhões de empregos no Brasil. Isso é maneira de administrar. Ele não administra, não é gestor, é um mandão, um gastão, tanto é que ele fala que vai acabar com o teto de gastos. Ou seja, é aquela pessoa em casa que fala: Olha, eu vou gastar mais do que eu arrecado, se faltar dinheiro, pego empréstimo, recorro a agiota, isso acaba um dia, leva à falência aquela pessoa. A mesma coisa o Brasil. Se o Lula continuar administrando o Brasil como fez nos seus oito anos, e mais seis de Dilma, o Brasil quebra. Um país riquíssimo fará com que seu povo viva em situação de miséria. Como, por exemplo, ele apoia o regime de Nicolás Maduro, e Maduro, juntamente com Chávez, que o antecedeu, quebrou a Venezuela. A Venezuela é o país mais rico do mundo em petróleo e hoje é o país com o povo mais pobre do que o povo haitiano. Nós não queremos isso para o Brasil. Então quando você fala em estilos, primeiro me acusam de tudo, tudo eu sou responsável, tudo tem um motivo para me acusar, para buscar o desgaste.

E você, eleitor? Você vai simplesmente anular seu voto? Você está ajudando o Lula a ter mais votos nas urnas. É um momento de você decidir, fazer um filtro, quem está falando a verdade ou não. Nós estamos sempre mostrando fatos. E eu estou mostrando um fato gravíssimo. Ele quebrará o Brasil. O próprio Henrique Meirelles falou há pouco, em matéria, se não me engano, no Poder 360, quando ele diz que não decidiu ainda pelo futuro ministro da economia. O mais possível, segundo Meirelles, é que ele adote uma política econômica semelhante ao da ex-presidente Dilma Rousseff. Lá atrás, o Guido... o Palocci foi o ministro voltado para a corrupção, e o da Dilma, o Mantega, foi para simplesmente a péssima gestão. Tanto é que o Brasil entrou em recessão em 2015 e 2016.

[Eduardo Ribeiro]: Gostaria agora de falar sobre alguns temas que o próximo presidente da República, o senhor se for reeleito, terá que enfrentar. Gostaria de começar sobre lei e ordem. Há tempos existe um debate sobre a redução da maioridade penal, e a informação de que o senhor apresentaria um projeto de lei nesse sentido num eventual segundo mandato. Os críticos dessa proposta sobretudo falam sobre o sistema que não estaria preparado para isso, até mesmo sobre a superlotação que isso causaria nos presídios, que argumentos a favor da proposta o senhor traria para o debate?

[Jair Bolsonaro]: Redução seria para os menores, de 16 e 17 anos. Sempre lutei por isso, desde 91, quando cheguei à Câmara dos Deputados. Essa parcela jovem, 16, 17 anos, é uma parcela muito pequena dos infratores, equivale a aproximadamente 0,2%, ou seja, cada mil, dois jovens teimam em cometer crimes, e incentivados pelo fujão. O Lula sempre defendeu ladrões de celular. Dizendo que ele estava roubando celular pra ganhar um dinheirinho. Dando força a esses menores ladrões. Lugar de moleque dessa idade é pra estar na escola.

Agora, essa minoria que faz maldades, mata nossos filhos por aí, roubam, sequestram, estupram, o lugar deles é na cadeia. Se lá tá muito cheia, problema dele. Eu prefiro lá na cadeia cheia do que aqui fora cometendo crime. Agora, a grande maioria da garotada, 16, 17 anos, caso quisessem e fosse aprovado nos testes, poderiam ter sua Carteira Nacional de Habilitação como prêmio. Hoje a gente vê jovens, de vez em quando, dirigindo por aí sem habilitação, obviamente, por causa da idade, e entrando aí como infrator. Vamos botar na cadeia quem tem que botar, quem comete esses crimes, em especial os crimes hediondos, e quem é um bom garoto que tenha a sua recompensa com a Carteira Nacional de Habilitação.

[Eduardo Ribeiro]: Esse seria o teor da proposta, então? Apenas para alguns tipos de crimes, os crimes hediondos?

[Jair Bolsonaro]: A ideia é pra crimes hediondos, a gente não generalizar muito essa questão. Se bem que furto de celular não entraria nisso, mas o roubo, né, o latrocínio entraria. O latrocínio é crime hediondo. Então não é que essa minoria pode continuar furtando celular por aí. Mas saber, tá, nesse primeiro momento, que aqueles que cometer esse crime hediondo iriam para a cadeia, e aí entra aquele de aquele elenco de crimes hediondos que realmente... como tráfico de drogas, sequestro, roubo seguido de morte, os ladrões de celular, protegidos pelo ex-presidente Lula, protegido não, estimulados pra cometer esse tipo de crime. Há uma diferença enorme entre eu e Lula. Quando alguém, né, comete algum crime, não interessa quem seja esse alguém, nós afastamos. Nós recriminamos. Pra eles, há lei. Já o outro lado, não. Ele passa pano, ele trata bem, como sempre tratou bem Roberto Jefferson e José Dirceu. Um delatou o outro. Roberto Jefferson contou com detalhes as roubalheira que aconteciam no Brasil, das malas que ele recebia dinheiro para comprar apoio parlamentar. E eu estava dentro da Câmara. Acompanhei tudo isso. Fui em várias, em várias sessões de CPIs, acompanhando o que estava acontecendo. Então há essa diferença enorme entre eu e Lula, do nosso lado, há honestidade, há decência. Três anos e dez meses sem corrupção! E se por ventura acontecer, ajudaremos a investigar. Conosco corrupção zero. Você pode notar claramente com números.

Antes de mim, as estatais davam pequenos lucros ou até mesmo prejuízos. Conosco, só o ano passado, o lucro das estatais, por não permitirmos que elas sejam roubadas, chegou na casa dos 180 bilhões de reais. Essa diferença ia pro bolso de alguém. Porque as estatais todas, quase sem exceção, as indicações para as mesmas eram políticas, para atender interesses partidários, para o Lula e Dilma comprarem voto dentro do parlamento brasileiro. Tanto é que se você assistir o voto do senhor ministro... é... o ministro... que pediu, que pediu pra sair do Supremo, Joaquim Barbosa, ele diz claramente lá: "O único deputado de tal partido que não foi buscar dinheiro na Petrobras foi o senhor Jair Bolsonaro". E também, por ocasião da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, ele falou que três deputados de um determinado partido nunca pegou dinheiro fruto de corrupção, e um deles era Jair Bolsonaro. Ou seja, eu sempre fiz a minha parte. Eu nunca vendi meu voto pra ninguém. Eu sempre votei com independência. Quando a matéria era boa, se votava favorável, quando não era, se votava contra. Então sempre foi esse o meu comportamento. E dizer ao Lula que a forma como ele governou o Brasil, comprando apoio parlamentar e entregando estatais, fundos de pensões, ministérios e bancos oficiais em troca de apoios políticos, repito, é o que levou o Brasil a mergulhar no maior escândalo de corrupção que se tem notícia em todo o globo terrestre.

[Eduardo Ribeiro]: Bom, eu falei agora há pouco sobre crimes praticados por menores, trouxe aqui o assunto da redução da maioridade penal, agora, é difícil assistir a um telejornal hoje sem ver uma notícia sobre quadrilha do PIX. Eu queria trazer o assunto para cá. É inegável o avanço do sistema de pagamentos por PIX, ajuda muitos brasileiros, o senhor trouxe, recentemente, o número de 90 milhões de transações no pico, mas é fato também que isso criou possibilidade— novas possibilidades para criminosos. Só na maior cidade do país, presidente, há pelo menos três crimes dessa natureza por dia, os sequestros-relâmpago dispararam. Há como o Governo Federal ajudar nesse cenário?

[Jair Bolsonaro]: Conversei hoje com o Banco Central sobre esse assunto para me preparar para a possibilidade dessa pergunta. Obviamente, o PIX, o cara não bota a mão no dinheiro, ele sequestra a pessoa e a pessoa faz a transferência para uma conta. Então vai para uma conta. Só que essa conta geralmente é uma conta laranja, ou de aluguel. Então o Banco Central vai desenvolver um sistema para que todo mundo seja identificado. Poderia ser — não vou dizer que vai ser —, ao você abrir uma conta, que tire uma fotografia sua, você pode mandar para o... pelo Zap para lá, até, não é? E de modo que essas contas ditas laranjas vão ter a fotografia de alguém.

[Eduardo Ribeiro]: Não é possível fraudar isso também?

[Jair Bolsonaro]: É possível também, mas você começa a fechar o cerco. Agora, deixo claro: não se compara PIX com caixa eletrônico. Você não tem mais o dinheiro em papel no bolso. Melhorou bastante. O PIX, você pode programar também para ter um limite de saque diário. Isso muita gente já faz isso daí. O PIX, por exemplo, deixou na mão do povo 13 bilhões de reais por ano porque não paga qualquer taxa. Então o PIX é algo, no meu entender, excepcional. Infelizmente, não vamos ter como zerar crimes desse tipo de transações, mas tenho certeza, como conversado hoje no Banco Central, brevemente teremos reduzido e muito essa possibilidade. Então, veio para ficar, os Estados Unidos quer o nosso PIX, outros países querem também, como a Colômbia — não sei agora com o novo presidente lá, talvez não queira mais, que o negócio dele é liberar cocaína, ele é amigo do Lula também, que poderia estar discutindo esse assunto comigo aqui. Ou seja, o PIX realmente veio para ficar, e nós temos certeza que ele será aperfeiçoado, e a população não quer mais falar em fim do PIX.

[Eduardo Ribeiro]: Presidente, eu peço a sua licença agora, porque essa sabatina com o candidato à reeleição Jair Bolsonaro é feita por mim e por jornalistas que representam outras empresas do grupo Record. Agora é a vez da apresentadora do jornal da Record, Christina Lemos. Chris, boa noite, qual a sua pergunta?

[Christina Lemos]: Boa noite, candidato, Edu, boa noite a todos. Senhor Presidente, no dia 31 de outubro, o dia seguinte à votação de segundo turno, o Brasil, dividido em dois grandes grupos de eleitores, estará diante do seguinte cenário: metade dos brasileiros vai se sentir vitoriosa; a outra metade vai se sentir derrotada. Presidente, é razoável imaginar que 100% dos brasileiros desejam a paz social, o bem-estar social pelos próximos quatro anos. Se o senhor sair vitorioso no dia 30, o senhor será capaz de um gesto de pacificação de toda a população, até mesmo um gesto na direção dos seus adversários e dos eleitores que porventura não tenham votado no senhor?

[Jair Bolsonaro]: Você pode ver como foi o meu comportamento diante de governadores e prefeitos, em especial durante a pandemia? Enviamos recursos para todos eles, independente da filiação político-partidária de qualquer um deles. Há dois anos, por exemplo, você não tem notícia de servidores estaduais ou servidores municipais de atraso em pagamento ou parcelamento de décimo terceiro salário. Tratamos todo mundo com igualdade. Você não vê, sobre as ditas minorias, qualquer discriminação da nossa parte. A violência, o número de mortes por arma de fogo, caiu a mais de 40%. Todo mundo foi, vamos assim dizer, beneficiado com isso. Quando nós tratamos as questões de segurança pública, nós atendemos a todos também. Repassamos recursos para todos os governadores e prefeitos, repito, independente da sua coloração político-partidária, do Fundo Nacional de Segurança Pública, ajudando a isso.

Essa é a nossa política de tratar todo mundo com igualdade. Nós não dividimos a população de nós contra eles, ou de brancos contra negros, empregados contra patrões, homens contra mulheres, homos contra héteros, nordestinos contra sulistas, pais contra filhos; nós nunca tivemos nenhuma palavra, nenhum gesto para separar nossa população, nós sempre unimos o nosso povo! É um só Brasil, uma só raça, uma só cor. Tanto é que o orgulho enorme que eu tenho, e com toda certeza muitos de vocês, cada vez mais ver o nosso povo usando a bandeira verde e amarela. Até aqueles que estavam usando bandeira vermelha aos poucos estão vindo para o nosso lado. As cores da nossa pátria, do nosso Brasil. Eu nunca falei em controlar a mídia como o outro fujão aqui tem falado o tempo todo. E perguntaram para mim outro dia: "Como você controlaria a mídia?". Falei: oras bolas, eu controlaria a mídia, sim, de que forma? Dando-lhes liberdade. Quanto mais liberdade para todos vocês, maior chance tem o povo de separar qual é a boa e qual é a má imprensa brasileira. Não existe, da minha parte, perseguição a quem quer que seja.

Quando alguém da esquerda comete um crime, eu não culpo o Lula como ele faz comigo o tempo todo. Há poucas semanas, um marginal matou a esposa e um filho menor. A imprensa, de imediato, começou a levar para o meu lado, só que, algumas horas depois, viu que no braço desse marginal estava lá a cara do Lula, não é? Tatuada. Abafaram o assunto. Nós não dividimos a população brasileira, muito pelo contrário. Pregavam lá atrás que eu ia dividir, que ia dar o golpe, ia ser um ditador; nunca um ato meu sequer foi visto nessa direção! Eu, sim, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição, e quantas vezes eu tenho sofrido as consequências de quem quer nos separar calado! Como com o episódio hoje, inadmissível.

Roberto Jefferson, um ex-deputado, um advogado renomado, se referiu a uma senhora com aquele tipo de palavreado. Isso é inadmissível. E depois, quando chega uma ordem de prisão para ele, não interessa se é legal ou não, ele recebe os policiais com tiros. Quem recebe policial com tiro é bandido. E tanto é que o que eu falei para o ministro Anderson, que é Polícia Federal, é resolver o assunto e tratar o Roberto Jefferson como bandido. Faça o que tiver que ser feito, mas tratá-lo como bandido. Eu não sou. O prezado fujão que não está aqui, amigo de facções criminosas.

[Eduardo Ribeiro]: Presidente, eu gostaria agora de chamar a participação do jornalistas Heródoto Barbeiro, que é quem faz a próxima pergunta, em nome da Record News. Boa noite, Heródoto.

[Heródoto Barbeiro]: Boa noite, Edu. Boa noite, candidato Bolsonaro. Boa noite a todos. Candidato Bolsonaro, usando a linguagem jornalística, vou pegar um gancho daquilo que o senhor falou agora há pouco. Falou a respeito dos aposentados. A maioria esmagadora dos aposentados do Brasil, mais de 22 milhões, recebe um salário mínimo, único salário mínimo, e o salário mínimo também é um base fundamental para as pessoas que têm carteira assinada e ganham um salário mínimo. Eu gostaria de saber se no seu programa de governo, portanto, olhando para frente, não olhando para trás, como é esse salário mínimo vai ser tratado no seu programa de governo? E a segunda parte da pergunta, se eles podem contar também, além do reajuste, de algum ganho real, portanto, um pouquinho acima da inflação, como já aconteceu no passado?

[Jair Bolsonaro]: Heródoto, eu peguei o Brasil com sérios problemas — éticos, morais e econômicos. Veio uma pandemia pela frente depois, uma crise hídrica, uma guerra lá fora. Mesmo assim, nós arrumamos a nossa economia. Eu tenho o ministro da defesa chamado Paulo Guedes, que é reconhecido fora do Brasil, os números da economia nosso realmente são de fazer inveja para grande maioria dos outros países. O que ele declarou há poucos dias? Que nós daremos, sim, um aumento acima da inflação para o salário mínimo, para os aposentados e para os servidores. Eu acredito no ministro Paulo Guedes. E olha só, durante a pandemia, quando obrigaram o povo a ficar em casa, contra a minha vontade, nós atendemos a 68 milhões de pessoas com o Auxílio Emergencial. E as mulheres com o dobro desse valor, que era de 600 reais, e o Brasil não entrou em crise.

Não tivemos aqui a disparada do dólar, ou a queda da nossa bolsa. Ou seja, o Paulo Guedes construiu tudo isso para atender aos mais humildes, aos mais necessitados, dentro da responsabilidade fiscal. Se ele falou isso agora, eu tenho certeza que ele tem meios e sabe como botar em prática esse reajuste acima da inflação para aposentados, para pensionistas, para servidores, para militares, e para os aposentados também rurais, que é o número enorme que temos no Brasil. Repito, se o PT continuar administrar o Brasil, pode ter certeza, vocês todos, em especial aí os aposentados rurais, vão perder a sua aposentadoria.

[Eduardo Ribeiro]: A próxima pergunta, representando o portal R7, é do jornalista Thiago Nolasco, boa noite.

[Thiago Nolasco]: Edu, presidente, boa noite a todos que estão nos assistindo também, uma crítica que tem sido feita nessa campanha de segundo turno e se falar pouco da economia para os próximos quatro anos. O principal adversário do senhor, ex-presidente Lula, fala em um estado maior, sem privatizações. O senhor e o ministro Paulo Guedes defendem um estado menor, com privatizações. Eu queria saber se nos próximos anos é possível manter crescimento econômico, queda do desemprego e também uma inflação menor, já que é isso o que influencia na vida da população no dia a dia?

[Jair Bolsonaro]: Nolasco, nós completamos o terceiro mês com deflação, em grande parte o preço dos combustíveis, que nós não demos uma canetada obrigando a Petrobras reduzir o preço da refinaria. Nós fomos em cima dos impostos, nós botamos um teto para o ICMS, não foi apenas para o imposto estadual da gasolina, foi também para a energia elétrica. O pessoal teve a redução de preços de energia elétrica. Foi para as telecomunicações, e para o transporte também. Deixo claro que quando nós votamos isso no parlamento, lá no Senado, todos os senadores do PT foram contra a redução do preço dos combustíveis. Todos. Que partido é esse, senhor fujão, que vota contra os pobres? Também não é só isso, nós zeramos todos os impostos federais dos combustíveis, o gás de cozinha já tínhamos zerado lá atrás.

E dizer mais, durante a pandemia, reduzimos muitos impostos e zeramos outros. Há poucas semanas, ou meses, um decreto meu, mas foi feito lá no Ministério da Economia, nós reduzimos 35% do IPI de 4 mil produtos. E o Brasil está arrecadando mais. Falei para o Paulo Guedes, quem entende de economia é ele: Paulo, parece que a curva de lá estava no retrovisor, nós tínhamos passado por ela, porque no passado aumentaram tanto os impostos que acabava se arrecadando menos, fizemos o caminho inverso. Isso, segundo o Paulo Guedes, a questão do IPI, vai ajudar a reindustrialização do nosso país. Paralelamente a isso, criamos a lei da liberdade econômica em 2019. Rapidamente, um pequeno exemplo, uma senhora que iria abrir um salão de beleza, um senhor ali queria abrir uma oficina mecânica, entrava com o pedido de alvará. Muitas prefeituras esse alvará era negado, tinha que ser negociado. Hoje ele entra com o pedido de alvará, se em 30 dias a Prefeitura não responder, ele vai abrir, ou ela vai abrir o seu comércio. É a liberdade que nós estamos dando para a população trabalhar, correr atrás, se empenhar, abrir o seu próprio negócio.

Também para os empresários, nós simplificamos milhares de normas regulamentadoras. Hoje nós somos o sétimo país mais digitalizado do mundo, que tem ajudado na criação de empregos para todo mundo, em especial aos mais jovens. Esse é o pequeno sinal do que fizemos e estamos fazendo pela economia do nosso Brasil. O Brasil vai muito bem na economia, graças a Deus, e graças a equipe de ministros que eu pude indicar, sem qualquer interferência político-partidária, para conseguir votos dentro do parlamento brasileiro.

[Eduardo Ribeiro]: O senhor me dá ganho para mais uma pergunta, mas eu vou fazer no próximo bloco. Esse foi o primeiro bloco da sabatina da Record TV, da Record News e do Portal R7 com o candidato à reeleição Jair Bolsonaro, do Partido Liberal. Como você já sabe, hoje seria a noite de debate, debate importante, mas que infelizmente não acontece porque o candidato do Partido dos Trabalhadores, Lula, do PT, decidiu não comparecer. Depois do intervalo, a gente volta com a continuação da entrevista com Jair Bolsonaro. Você pode marcar a hashtag nas suas redes sociais #sabatinanaRecord. Eleições 2022, o voto na Record.

  • Segundo bloco:

[Eduardo Ribeiro]: Já estamos de volta com a sabatina com o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, do Partido Liberal. Estava previsto para hoje, pela Record TV, pela Record News e o Portal R7 um debate entre os dois candidatos que disputam a Presidência, mas o candidato Lula, do PT, não compareceu. Presidente, eu gostaria de voltar à noite do resultado do primeiro turno das eleições. O senhor, já ciente dos votos que tinha recebido nas urnas, fez o que talvez tenha sido o discurso político seu mais conciliador de todos: o senhor falou admitindo que talvez não tivesse conseguido se comunicar corretamente com nordestinos, com a população mais pobre, com a população menos escolarizada. A sete dias da decisão, o senhor acha que reverteu esse quadro? E como?

[Jair Bolsonaro]: Não só revertemos, buscando uma melhor comunicação bem como usar as oportunidades, como essa que estou tendo aqui, de a gente mostrar o que nós fizemos. Parece que é um governo que só tinha notícia ruim. Isso não era verdade. Tem gente que diz, quem tem formação, não vota em mim porque eu sou um pouco grosso, porque falo palavrão de vez em quando. E eu tenho falado: falo palavrão, mas não sou ladrão. Eu dou o melhor de mim. A minha educação do interior aqui de São Paulo é o pai que olhava para você e você obedecia. Depois, fiquei 15 anos no Exército Brasileiro.

O Exército Brasileiro tem uma boa instrução, mas a educação fica um pouco no segundo plano nos seus exercícios. Talvez a minha forma de agir e ser um pouco rude no palavreado é que afastou algumas pessoas, e eu quero dizer para elas: eu me desculpo. Eu estou fazendo o melhor de mim. Eu sou um gestor. Eu escolhi uma equipe de ministros nunca vista na história do Brasil. Não é o Paulo Guedes apenas, é o Tarcísio, é o Marcos Pontes, o nosso astronauta, é a Tereza Cristina, é a Damares, é o Fábio Farias, entre tantos e tantos outros; é o Onyx Lorenzoni lá no Rio Grande do Sul. E são pessoas que deram conta do recado. Essas pessoas passaram por um momento difícil: a pandemia. Nós demos conta do recado.

O outro lado, que não é acusado disso, enquanto esteve no governo, só praticou corrupção. Até durante o meu governo, o Consórcio do Nordeste, do senhor Carlos Gabas, ex-ministro de Dilma Rousseff, desviou 50 milhões de reais, com a conivência de Rui Costa, ex-governador da Bahia. Ou seja, tivemos nordestinos morrendo por falta de ar porque dinheiro que era para comprar respirador não foi comprado, foi desviado. Inclusive dinheiro gasto em loja de maconha, e lamentavelmente a CPI não quis investigar isso daí. Então, muitas vezes, tomei conhecimento dessa notícia e se exalta, e daí falo um palavrão ou outro; me desculpa, pô. Mas é a minha indignação. Muita gente se preocupa apenas com o que eu falo, e não com o que eu faço. Olha o Brasil como está! Compare o Brasil com o resto do mundo, em especial com alguns países aqui na América do Sul como a Colômbia, a Venezuela, a Argentina, Chile, mais lá região central ali, a Nicarágua, esses presidentes todos são amigos de Lula.

Todos não têm nenhum respeito com a família, nenhum respeito com o dinheiro público. Pegaram seus países e afundaram seus países. Chile e Colômbia estão passando momentos difíceis na economia a poucos meses da assunção dos seus respectivos ministros, e lá eles falam manso, falam bonito, até, são bastante afáveis, mas, na prática, quem sofre é o povo, com um comportamento manso, mas, na verdade, com ações terríveis para todo mundo. Eu peço a vocês: vocês não estão elegendo um presidente num desfile de etiqueta ou de moda. Sou eu. Estou aqui para servir a minha pátria. Sempre tive orgulho da minha vida de militar, servir a pátria, fardado, e agora estou servindo à pátria de paletó e gravata. Esse é o meu compromisso. Olha como é que está o Brasil. Você vai, por exemplo, anular seu voto porque eu falo um pouco grosso?

Eu nunca paguei vexame em nenhum lugar do Brasil. Um palavrão ou outro acontece aqui dentro, escorrega. Lamento, peço desculpas mais uma vez, mas procuro acertar, e, quando erro, me desculpo também. Não tenho compromisso com erro! E eu sempre quis o melhor da minha pátria, e tenho certeza, se Deus novamente me der a honra de ser Presidente da República, vamos melhorar mais ainda o nosso Brasil. Se passamos bem por pandemia, crise de falta d'água e guerra lá fora, imagina agora com a economia ajustada o que faremos nos próximos quatro anos?

[Eduardo Ribeiro]: Me permite falar de gastos públicos, presidente. Críticos ao seu governo dizem que nesse momento o senhor está pesando demais a mão na máquina pública, na reta final da eleição. E criticam a possibilidade de empréstimo consignado com uso do Auxílio Brasil, ou até mesmo depósitos futuros do FGTS para compra da casa própria. O senhor que já criticou o Partido dos Trabalhadores, segundo o senhor, por endividar estudantes universitários, também não estaria nesse momento endividando a família brasileira?

[Jair Bolsonaro]: Nós estamos num período pós-pandemia. Lá atrás, em segundo plano, era dar um curso superior para os jovens, a intenção era atender aos conglomerados de universidades privadas com recursos do Fies que saíram do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, e nós agora salvamos essa garotada. Mais de um milhão de jovens tinham dívidas impagáveis com o Fies, mandamos o projeto para o Congresso, o Congresso aperfeiçoou esse projeto, e hoje em dia você pode negociar a sua dívida do Fies junto à Caixa ou Banco do Brasil por aplicativo, e essa anistia chega até 99%.

Quando nós acertamos a questão do consignado para o pessoal do Auxílio Brasil e do BPC, foi uma maneira de tirá-los das mãos de agiotas. Podem inclusive fazer um acerto com a Caixa Econômica Federal, a Caixa compra essa dívida de vocês e vocês vão pagar um juros menor. Nós estamos tirando da inadimplência milhões de pessoas que vão recorrer, já estão recorrendo do consignado, repito, no Auxílio Brasil e também no BPC.

[Eduardo Ribeiro]: Presidente, o líder do MST, João Pedro Stédile disse recentemente que caso Lula vença as eleições deve acontecer uma retomada do Movimento Sem-Terra. Gostaria de saber, primeiro, o senhor acredita nessa possibilidade? Segundo, a que o senhor credita a queda de invasões durante o seu governo?

[Jair Bolsonaro]: Isoladamente temos notícias de que o MST está se reorganizando, eles estão tendo dificuldades, primeiro porque eu tirei dinheiro de ONGs que iam para eles. Tinham bancos oficiais nossos que de forma indireta mandavam o dinheiro por ONG para essa turma do MST. Para enriquecer João Pedro Stédile, José Rainha Júnior. Como é que nós tiramos a força do MST? Nós pegamos assentados, que eram pessoas que tinham alguns hectares com eles, no assentamento, e eles eram usados pelo MST para invadir terra dos outros. Nós titulamos essas terras. Nós já temos 420 mil títulos, que é o registro, o documento que esse pessoal outrora do MST, não tinha. E ao fazer isso, nós demos dignidades a eles.

Essas pessoas passaram a ser cidadãs de verdade, passaram a integrar de verdade a agricultura familiar, que nunca teve tanto apoio do nosso governo, de outros governos, como está tendo no nosso governo. E deixo claro, quando falo em mulher também, né, mulheres. Esses 420 mil títulos, 80% deles foram para as mulheres. Nós entendemos que esse título, essa propriedade em nome da mulher é uma garantia maior para os filhos e netos dos casais. Ou seja, tiramos a força do MST titulando terra, é isso que nós fizemos.

Agora, vale a pena alguns números aqui, no governo Fernando Henrique tínhamos uma invasão de terra por dia, em média. No Governo Lula, 20 invasões por mês. No meu governo, cinco por ano. Tanto é que há três anos e quatro meses vocês não têm notícias de invasão de terra. Levamos paz para o campo. Acabamos com a violência, em grande parte no campo, porque tratamos com dignidade aquelas pessoas que o PT dizia que ia dar uma terra para ela, e ela ia ser feliz, o que na verdade isso não aconteceu. Em nosso governo, que pese toda acusação que eles fazem contra a gente, em especial, agora pouco, como discutimos, que eu sou um cara meio bronco, meio grosso, mas nós atendemos a população de verdade. Não temos palavras bonitas, nós temos é ações concretas.

[Eduardo Ribeiro]: A próxima pergunta é feita por Cristina Lemos. Cris.

[Cristina Lemos]: Presidente, o assunto é educação pública. O setor de educação representou dificuldades na sua gestão, o senhor teve que trocar de ministro sucessivos vezes, acabou causando desgaste para o senhor, e acabou criando também um ambiente de hostilidade entre grande parte dos gestores de educação do país. Se o senhor tiver o seu mandato renovado nas urnas agora, no domingo, uma oportunidade eventualmente de fazer diferente, o senhor pretende fazer um gesto na direção desse setor? Qual será o perfil do seu Ministro da Educação? E neste caso, qual o fator, qual o setor da educação que o senhor vai privilegiar — educação básica, superior, educação média?

[Jair Bolsonaro]: É a educação base— básica. Se você não tiver o mínimo, você não evolui. Nós criamos a Secretaria de Alfabetização. Nós criamos também um programa chamado "Tempo de aprender". Mais de cinco municípios aderiram ao programa, mais de 200 mil professores foram capacitados, mais de 500 mil profissionais estão matriculados na formação continuada em práticas de alfabetização, e nós temos um aplicativo que ajuda na alfabetização. Nada substitui o professor na ponta da linha, com a aula presencial, mas esses alunos ficaram dois anos afastados contra minha vontade; a decisão coube a governadores e prefeitos. E esse aplicativo nosso é um complemento para a alfabetização, e está tendo sucesso; com esse complemento, a alfabetização, que levava em média três anos no Brasil, agora está levando seis meses. E mais ainda: quando falo em gesto para o setor, o maior reajuste na história dos professores do Brasil foi do meu governo: 33%.

Deixo claro que muitos nos procuraram para dar 10%, e como tínhamos recursos para isso, demos os 33% a eles. Também começamos a investir em escolas cívico-militares, como, por exemplo, Bagé. O prefeito de Bagé tem hoje em dia três escolas cívico-militares, e quer mais. Há uma vontade enorme dos pais em votar os seus filhos nessas escolas, porque lá tem hierarquia, tem disciplina, se cobra dever de casa, se exige respeito e responsabilidade por parte dos alunos, cantam o Hino Nacional, chamam o professor de senhor e a professora de senhora. Então, a forma como nós estamos tratando o ensino fundamental é que vai ser a marca do meu governo. E já está pronto para ser inaugurado aqui em São Paulo também a décima quarta— o décimo quarto colégio militar.

Eu espero, como havia prometido lá atrás — não consegui cumprir a promessa —, de termos um colégio militar em cada capital do Estado que não o tenha. Em São Paulo, conseguimos fazer eles a duras penas, mas tenho certeza que os colégios militares associados a escolas militarizadas também da Polícia Militar, como o exemplo que nós temos em Goiás e Estado do Amazonas, nós recuperaremos a nossa educação, e todo mundo só pode ir para frente se tiver uma boa educação de base.

[Eduardo Ribeiro]: Vamos agora ouvir a pergunta do jornalista Heródoto Barbeiro.

[Heródoto Barbeiro]: Candidato Bolsonaro, o contribuinte brasileiro paga 34% de carga tributária. Quer dizer que, para cada 100 reais que a gente ganha, 34 a gente paga de imposto. É 34% do PIB. Esse ano, segundo o Impostômetro, nós já pagamos mais de dois trilhões 230 bilhões de reais de impostos, e as pessoas dizem que o serviço não é bom. Reclamam de vários serviços, pagam e não têm um serviço de qualidade. Queria perguntar o seguinte: no seu plano de governo, como é que isso é tratado? Tem uma solução para isso? Tem uma diminuição de carga tributária aí no seu plano de governo?

[Jair Bolsonaro]: Tem. Repito: nós fomos prejudicados com a pandemia, só em 2020 gastamos 720 bilhões de reais, passamos dificuldades, a nossa folha vegetativa tem crescido, a nossa dívida externa é monstruosa, acima dos seis trilhões de reais, e são coisas que não dá para resolver de uma hora para outra. Mas esses números, esses desembolsos, esses pagamentos têm diminuído com o governo Paulo Guedes, que eu considero a economia um governo. Então, nós temos feito a nossa parte. O Paulo Guedes quer, em proposta enviada ao Congresso, por exemplo, isentar de Imposto de Renda quem ganha até cinco mil reais. Então, essas propostas são bem-vindas.

A carga tributária realmente é enorme no Brasil. Lamento. É uma herança que nós temos, e nós temos obrigação de manter esses contratos e não deixar a economia desequilibrar. Também o que o Paulo Guedes tem feito, repito, diminuindo a carga tributária, como os combustíveis, como o IPI de quatro mil produtos, entre outros. Então, nós estamos ajudando, até de forma indireta, não é? Diminuir o peso do Estado para com a população. E dizer mais: nós não abrimos quase concurso público nos nossos anos. Não é por maldade, é porque o Estado cada vez mais tem dificuldade em honrar suas folhas. A gente quer, muitas vezes, dar um bom reajuste e não consegue. Se bem que a promessa do Paulo Guedes, dar o reajuste pelo menos igual à inflação, ou melhor, dar um reajuste acima da inflação para o ano que vem. Quando eu assumi, deixo claro, cortamos 30 mil cargos em comissão. Demos exemplo, cortamos na própria carne. Outro partido tinha isso lá, não é? Quando governava o Brasil e até cobravam 30% dos comissionados para o respectivo fundo partidário. Usavam a máquina inchada para arrecadar para o fundo partidário. Nós fizemos diferente. Nunca cobrei um centavo, 1% ou 0,1% de servidor comissionado para o meu partido.

Então, esse exemplo que estamos dando, dá para resolver? Vamos resolvendo — desculpe o gerúndio, não tem outra explicação. Aos poucos, nós chegaremos lá. Temos investido muito em pesquisa e desenvolvimento com o Marcos Pontes. Um país que não desenvolve isso está condenado a ser escravo de outro país. Está olhando aqui o Edu para eu encerrar a conversa. Então, estamos buscando maneira de produzir mais, de fazer mais negócios com o mundo, como o nosso agronegócio, que é um exemplo para o mundo todo, tem feito.

[Eduardo Ribeiro]: Em nome do portal R7, a pergunta agora é do jornalista Thiago Nolasco.

[Thiago Nolasco]: Presidente, o senhor começou a falar agora sobre política externa, e esse é um assunto que não foi debatido durante a campanha. No início do governo do senhor, o senhor se uniu aos Estados Unidos, chegou a conversar com o presidente russo Vladimir Putin, e teve problemas, atritos com o presidente francês Emmanuel Macron. O que vai ser prioridade na política externa do senhor em um eventual segundo governo?

[Jair Bolsonaro]: Olha, Thiago, parte da imprensa critica dizendo que não temos política externa, que eu não sou bem recebido lá fora. Todas as viagens que fizemos, não faltaram pedidos bilaterais conosco. O tratamento dispensado ao presidente do Brasil é o melhor possível. Quando estávamos na iminência de uma guerra lá na Rússia com a Ucrânia, mesmo grande parte da imprensa me criticando, eu fui conversar com o presidente Putin, ficamos por três horas conversando. E dá pra imaginar o que dois chefes de Estado podem conversar ao longo de três horas. Tudo o que acertei com ele está sendo cumprido.

Estava eu presente, ele, o meu intérprete, duas pessoas da parte dele. Como, por exemplo, o não interrompimento do fluxo de fertilizantes aqui no Brasil. Se esse fluxo tivesse sido suspenso, com toda a certeza, estaria abalada ou condenada a nossa segurança alimentar. Os preços dos alimentos iam disparar no Brasil. A nossa balança também estaria comprometida. Por quê? Deixaríamos de exportar. Porque cairia a produtividade daquilo que o campo produz para todos nós. Ou seja, o nosso governo não tem medo de decidir. Vai aonde tiver que ir. Logicamente que conversamos sobre o possível conflito Rússia, Ucrânia, que infelizmente veio a acontecer. Lamentamos profundamente, mas eu sou o presidente do Brasil, eu não posso deixar o meu povo passando necessidade por um capricho pessoal. Não aceitei também entrar no grupo de levantar embargos contra a Rússia. Disse para quem quis que nós entrássemos nesse grupo: Resolve a situação? Tem 100% de garantia que vai se resolver? Não tem. Não vou entrar numa aventura.

Quanto ao senhor Macron, presidente da França, ele sempre nos ataca na questão ambiental, que nós concorremos nos commodities, aquilo que produzimos no campo, em parte com eles. Qualquer problema no Brasil, de incêndio que acontece, desmatamento que acontece, não na proporção que eles dizem, é motivo para nos ameaçar. Agora, há poucas semanas tivemos um incêndio de aproximadamente dois meses nas florestas da França. Eu não vi aqui a imprensa brasileira dando destaque a isso como dão quando... e sempre acontece, infelizmente, incêndios aqui no Brasil. Tratamento diferenciado, por uma questão econômica. As poucas vezes que eu conversei com o senhor Macron, me tratou muito bem, não tivemos nenhum atrito. Temos, por exemplo, o nosso acordo União Europeia/ Mercosul caminhando, o senhor Macron é um que vê com ressalva isso. E todos os países da União Europeia têm que dar seu voto favorável para que possa abrir realmente esse fato, esse negócio do lado de lá.

Agora, com a crise de alimentos da Ucrânia por causa da guerra, a Europa já vê mais que uma sombra, mais que um fantasma, vê algo de concreto no tocante ao desabastecimento em muitos países da Europa. Vão se socorrer do Brasil. E o Brasil está se preparando para aumentar ainda mais a sua produtividade sem tocar na região Amazônica. Ou seja, aqueles países que tanto nos criticam podem ter a vida da sua população salva por nós, pelo nosso agronegócio.

[Eduardo Ribeiro]: Presidente, nós estamos concluindo aqui o segundo bloco da sabatina. Sabatina com o candidato à reeleição Jair Bolsonaro do Partido Liberal. Encontro promovido pela Record TV, pela Record News e portal R7. Estava previsto, você sabe, um debate, mas o candidato do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva não aceitou o nosso convite. Nós voltamos daqui a pouco. Eleições 2022, o voto na Record.

  • Terceiro bloco:
[Eduardo Ribeiro]: Você está com a última parte da sabatina ao vivo promovida pela Record TV, pela Record News, pelo Portal R7. Essa entrevista só acontece porque o candidato Lula decidiu não comparecer ao debate que seria realizado esta noite. Candidato Bolsonaro, eu retomo aqui o com o senhor, eu gostaria de falar do ex-juiz e agora senador eleito Sergio Moro, ele que deixou seu governo fazendo uma série de acusações, inclusive falando em interferência da Polícia Federal. Agora ele declarou apoio ao senhor nesse segundo turno, foi visto inclusive com o senhor em um debate. A pergunta é simples: alguma possibilidade, alguma chance de participação do ex-juiz em um eventual segundo governo seu?
[Jair Bolsonaro]: Ele não me pediu isso e nem eu ofereci. Conversamos, sim, ele vai assumir o Senado, vai ter uma postura independente, mas estará aberto aos nossos anseios, ou seja, restabelecermos uma amizade partindo do princípio que o passado -- desculpe aqui o pleonasmo abusivo, não é? -- ficou para trás. Então é isso que acertamos com Sergio Moro.
E mais ainda: ele tem, realmente, uma memória sobre a corrupção, sobre Lava Jato, entre outras operações aqui de combate à corrupção no Brasil. Ele sabe tudo o que aconteceu. Há mais de uma centena de pessoas denunciadas. Ele participou, então, e tomou conhecimento do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, e ele não quer a volta disso, e ele claramente tem dito que, entre eu e o outro, o fujão, realmente não há base de comparação. Repito: o passado ficou para trás, nos acertamos e vamos em frente. Acima de mim, presidente, acima do Sergio Moro, senador, estão os interesses da nossa pátria. Tenho certeza que conviveremos muito bem, se Deus quiser, com uma reeleição para o bem do nosso Brasil. Ele, inclusive, tem participado por aí de vários momentos junto à imprensa brasileira mostrando de o porquê nós devemos decidir por Jair Bolsonaro 22 no próximo dia 30.
[Eduardo Ribeiro]: O assunto que tomou a semana passada e ainda repercute nessa semana que vai começar: alguns veículos de imprensa foram proibidos pelo TSE de tratar de algumas questões envolvendo o seu adversário, e a Justiça Eleitoral argumentou que havia ali notícias falsas ou um sistema de desinformação. Como é que o senhor avalia essa questão?
[Jair Bolsonaro]: Tivemos o caso Jovem Pan. Há dois anos eu lancei um slogan: Deus, pátria, família e liberdade. Pouca gente deu importância para isso, achando que a liberdade é um bem eterno. Tomaram conhecimento agora que a nossa liberdade está em risco. Agora deixo bem claro: antes de qualquer crítica ao Tribunal Superior Eleitoral, que, no meu entender, decidiu equivocadamente sobre a censura junto à Jovem Pan, o processo que foi ajuizado lá foi assinado pelo Partido dos Trabalhadores.
Ou seja, o PT está dando uma pequena demonstração de como seria um possível governo Lula no tocante à censura. E olha, Eduardo, o artigo 220 da Constituição, quando fala em liberdade de expressão, é taxativo: que nenhuma lei pode ser criada para cercear o nosso direito de defesa -- o de vocês, da imprensa, obviamente --, sob qualquer pretexto. Lamentável a decisão do TSE, mas mais lamentável ainda o PT, que provocou o TSE com essa censura em cima da TV e rádio Jovem Pan.
[Eduardo Ribeiro]: Presidente, o senhor tem tentado se descolar de qualquer ato de criação do chamado orçamento secreto. Eu gostaria de saber o seguinte: se o senhor tem essa popularidade, esse capital político numa eventual vitória no segundo turno, a minha pergunta é, o senhor está satisfeito com o orçamento secreto? Porque o senhor teria, em tese, condições inclusive de maioria no Congresso para redistribuir o controle desse dinheiro. Vai lidar como com isso?
[Jair Bolsonaro]: Eu perdi poder, para esse ano serão aproximadamente 19 bilhões de reais que quem vai distribuir pelo Brasil vai ser o relator. Ele pode achar que tem seus méritos no tocante a isso. Eu penso de maneira diferente. Não é o poder pelo poder. Creio que nós possamos melhor distribuir esses recursos. O que é secreto nele é o nome, são os nomes dos parlamentares que indicam o recurso junto ao relator, e o relator apenas notifica o respectivo ministro nosso, e ele encaminha esse dinheiro para estados e municípios.
Agora, quando falo em nomes, consegui aqui, entrego para você, se me permite, 13 nomes de petistas que usaram desse orçamento dito secreto. Eu falo "dito", que, na verdade, não tem nada de secreto. É uma lei que foi votada no Congresso, eu vetei a lei e Congresso derrubou o veto. Agora, o que nós temos que fazer é, fazer com que esses parlamentares que indicam recursos, que mandam recursos para estados e municípios, que o nome deles seja exposto para todo mundo. Até mesmo para os parlamentares. Eu fico preocupado, porque eu já fui parlamentar, e eles mesmos não sabem quem o seu colega está indicando para quem. Isso daria aproximadamente aí, 16, 17 milhões para cada um por ano. Tem parlamentar que eu sei que é dois milhões, o outro recebe 200 milhões de reais.
Não tenho poderes sobre orçamento secreto. Se eu fosse dono dele, como o PT diz... se bem que o PT, todos os parlamentares do PT votaram para derrubar o veto, eles foram favoráveis ao orçamento secreto. Usam do orçamento secreto. Se fosse para comprar votos, como eles dizem, jamais eu daria, se bem que não iria comprar voto de ninguém, mas se fosse usar o orçamento para isso, jamais daria dinheiro para quem nos ataca o tempo todo como são os parlamentares do PT, PC do B e PSOL.
[Eduardo Ribeiro]: O senhor tem nome de outros partidos também?
[Jair Bolsonaro]: Temos mais, temos mais, também, posso te passar isso aí. Não foi fácil conseguir isso, foi junto ao respectivo ministro nosso, que ele recebe o ofício do relator mandando recurso para tal estado e município. Com o trabalho em campo de cada ministro, levantar esses treze nomes de petistas para provar que o PT, o Lula que me acusa de corrupção no orçamento secreto, os seus deputados têm participação e têm mandado recursos para o estado em dessa rubrica, na verdade, chamada de RP9, apelidado de orçamento secreto.
[Eduardo Ribeiro]: Presidente, e menos de um minuto e meio para o final dessa minha oportunidade de perguntar ao senhor, o senhor, um mês atrás, falou como a Justiça Eleitoral teria criado dificuldades para a participação das Forças Armadas na apuração, na totalização dos votos. Minha pergunta é simples: O senhor teve ou não acesso às conclusões das Forças Armadas sobre esse relatório?
[Jair Bolsonaro]: Desconheço qualquer relatório por parte das Forças Armadas. Eles continuam trabalhando na busca de possíveis fraudes, por que não dizer isso? E o trabalho deles é louvável. De vez em quando eu converso com outro militar, ou melhor, basicamente com o Ministro da Defesa sobre essa questão. Eles preparam um relatório. E esse relatório será apresentado no momento oportuno. Digo, nós não temos poderes de fazer auditoria nas urnas eletrônicas. Há aproximadamente três anos, a Polícia Federal concluiu dois inquéritos que foram pela linha da impossibilidade de auditar as urnas eletrônicas.
Peço a Deus que tudo corra normalmente. Mas deixo claro, as Forças Armadas têm um trabalho louvável no tocante a isso. Tiveram dificuldade de colocar as nossas equipes técnicas das Forças Armadas com a equipe técnica do Tribunal Superior Eleitoral, e esperamos que tudo corra dentro da normalidade e que o vencedor realmente tenha os votos que as urnas apresentam.
[Eduardo Ribeiro]: Candidato, eu quero agradecer e muito a sua presença essa noite aqui, no palco desse debate, dessa sabatina. E agora o senhor tem, como previsto nas regras, três minutos para fazer as suas considerações finais.
[Jair Bolsonaro]: É muito importante. Deus, pátria, família e liberdade. Quando eu falava em liberdade, eu pregava no deserto. Pouca gente dava atenção a isso, e eu sempre falei que a liberdade é algo mais importante que a própria vida, porque um homem, uma mulher sem liberdade não têm vida. Agora vimos, então, uma ação do PT, provocada pelo Partido dos Trabalhadores, o partido do Presidente Lula, buscando e -- atingiu o alvo -- censurando a Jovem Pan. A mídia como um todo tem reagido contrário a isso. Ainda dá tempo. Não podemos permitir que a censura avance no Brasil. É péssimo para todos nós.
Sempre tenho dito: a imprensa, mesmo errando como erra, é melhor funcionando do que fechada. E tenho dito que o meu controle sobre a mídia é a liberdade total de expressão: mídia livre, mídia produzindo matérias. E se essas matérias não forem boas, não forem realmente úteis, o próprio povo acaba deixando de lado aquele órgão de imprensa. Liberdade acima de tudo. No mais, como sempre falo, vivemos em um país de 90% de cristãos. Nós não queremos a liberação das drogas, como o PT quer, como o Lula já falou que quer. Nós não queremos a ideologia de gênero. Nós respeitamos as crianças em sala de aula. Nenhum pai, uma mãe quer que sua filha de seis, sete anos vá no mesmo banheiro da molecada de 14, 15 anos. Escola é lugar de aprender. A educação vem em casa. Nós também não admitimos a questão do aborto. Nós respeitamos a vida desde a sua concepção. Também a propriedade privada para nós é sagrada. Não podemos aceitar a volta ao passado onde o MST invadia propriedades.
Dinheiro nosso, do Brasil, do BNDES, é para ser aplicado no Brasil, e não fazendo metrô lá em Caracas, capital da Venezuela, ou porto em Mariel, ou começar a fazer uma hidrelétrica lá na Nicarágua. Dinheiro nosso é para nós aqui no Brasil. O que nós não queremos também é a volta ao passado da corrupção deslavada, cujo chefe da quadrilha, o fujão que não está aqui agora, obviamente ele tem é que agir dessa maneira porque não tem como se explicar. No mais, no próximo dia 30, todos vamos votar! Vamos levar, convencer o amigo, um parente que votou em branco, se ausentou, votou do outro lado, vá votar conosco para que nós possamos realmente continuar o caminho de sucesso que o Brasil se encontra no momento. Muito obrigado a todos, boa noite.
[Eduardo Ribeiro]: Obrigado ao senhor, Presidente, pelo respeito ao tempo. Essa foi a entrevista com o candidato à reeleição Jair Bolsonaro, do Partido Liberal. Eu quero agradecer não apenas a ele, mas a sua companhia, e fazer um convite: para que você acompanhe, no domingo que vem, aqui na Record TV, na Record News e no Portal R7, todas as informações sobre o dia da eleição e sobre a apuração dos votos. Fique agora com A Fazenda. Eleições 2022: o voto na Record.