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Tarcísio cita erro de interpretação de áudio e ataca uso político do caso

Do UOL, em São Paulo

25/10/2022 14h14Atualizada em 25/10/2022 17h58

A equipe de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, confirmou, hoje à tarde, a veracidade do diálogo envolvendo um integrante da campanha, que mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio em meio a um evento com a participação do político em Paraisópolis, zona sul de São Paulo. O episódio ocorreu no dia 17 deste mês e teve um suspeito morto.

O áudio foi publicado mais cedo pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmado pelo UOL Notícias. Em nota, a campanha de Tarcísio falou de "interpretação equivocada" e "grave tentativa de descontextualização" da conversa, além de criticar o que chamou de "uso desrespeitoso" do episódio citando Fernando Haddad (PT), com quem o candidato do Republicanos disputa o segundo turno da eleição.

Segundo a manifestação, o cinegrafista e outros jornalistas "em situação de risco" foram colocados em uma van da própria equipe de Tarcísio após os tiros.

"Nesse momento, foi pedido que não fossem feitas imagens internas do carro e nem na chegada da base de trabalho da equipe para que ninguém fosse exposto dada a gravidade do ocorrido", afirmou a campanha do ex-ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com a nota da campanha, o diálogo teria ocorrido após a chegada da van na base. "Um integrante da equipe perguntou ao cinegrafista se ele havia filmado aqueles que estavam no local e se seria possível não enviar essa parte do vídeo para não expor as pessoas."

"Tem que apagar." O áudio indica um integrante da equipe de Tarcísio questionando o cinegrafista sobre imagens já feitas que mostram policiais militares atirando na direção dos criminosos.

Tem que apagar. Essa imagem que você filmou aqui também. Mostra o pessoal saindo, tem que apagar essa imagem. Não pode divulgar isso, não
Áudio divulgado pela Folha de S.Paulo

A campanha nega que tenha ocorrido qualquer tipo de impedimento de captura de imagens em Paraisópolis. "Nunca houve nenhum impedimento por parte da campanha em relação a isso. Qualquer afirmação que questione isso é uma mentira."

A campanha de Tarcísio encerra a nota citando "uso desrespeitoso de parte da imprensa e da campanha de Fernando Haddad sobre esse episódio" sem apresentar provas. O PT não quis se posicionar sobre o ataque.

'Sensacionalismo', disse Tarcísio sobre vazamento de áudio

Tarcísio falou sobre o assunto hoje à tarde, depois de um comício em Osasco, na Grande São Paulo.

"Pode ser que alguém [membro da equipe], na tensão, tenha pedido para apagar alguma coisa para preservar a identidade de pessoas que fazem parte da nossa segurança. É muito ruim revelar a identidade de pessoas que acabam de se envolver em um conflito com criminosos", disse.

Em seguida, o ex-ministro da Infraestrutura fez ataques à imprensa, tendo considerado como "sensacionalismo" a cobertura do caso.

O que eu lamento é que a imprensa faça sensacionalismo com isso. Eu não estou falando mais no assunto. A imprensa, toda hora, traz esse assunto para a pauta, e querendo causar em cima disso. Não faz o menor sentido. Gente, pelo amor de Deus, vamos dar um tempo
Tarcísio de Freitas sobre vazamento de áudio de Paraisópolis

Como Tarcísio e Bolsonaro abordaram o caso

A campanha de Tarcísio disse que não exploraria politicamente o episódio, mas a equipe de Bolsonaro, candidato à Presidência da República, inseriu o caso na propaganda eleitoral gratuita na TV.

A peça publicitária cita, ao lado da ocorrência com Tarcísio, a facada que Bolsonaro sofreu durante a campanha em 2018 e o caso de um homem preso na semana passada em Fortaleza (CE), suspeito de ter atirado contra uma igreja evangélica logo antes de um culto com a participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O que se sabe sobre o caso. Segundo a Polícia Civil, dois dos suspeitos passaram filmando o veículo blindado usado por PMs à paisana, que estavam em Paraisópolis para fazer a segurança do entorno durante a agenda de Tarcísio de Freitas no local.

Os agentes perceberam que os homens na moto estavam com volume na cintura, semelhante a arma de fogo, e houve troca de tiros. Um suspeito foi morto. Segundo a polícia, havia cerca de 20 criminosos no local.

Os peritos apreenderam 88 estojos deflagrados de quatro calibres diferentes e ouviram o depoimento de cinco policiais militares que participaram da ocorrência.

Confira a íntegra da nota:

Sobre a matéria publicada na Folha de São Paulo a respeito do áudio entre um integrante da equipe e o cinegrafista da Jovem Pan, é importante esclarecer que há uma grave tentativa de descontextualização do episódio em Paraisópolis e de interpretação equivocada do áudio divulgado. Em primeiro lugar, o cinegrafista, bem como outros jornalistas que estavam em situação de risco, foram colocados na van da equipe de Tarcísio para garantir a sua segurança na saída do local. Nesse momento, foi pedido que não fossem feitas imagens internas do carro e nem na chegada da base de trabalho da equipe para que ninguém fosse exposto dada a gravidade do ocorrido.

Ao chegar na base, um integrante da equipe perguntou ao cinegrafista da Jovem Pan se ele havia filmado aqueles que estavam no local e se seria possível não enviar essa parte do vídeo para não expor as pessoas que estavam lá. O questionamento foi feito na chegada da base, após o tiroteio, em frente a todos que lá estavam, incluindo jornalistas de outras emissoras.

Durante a agenda, diversos representantes da imprensa que estavam presentes fizeram imagens da situação ocorrida e colocaram no ar. Nunca houve nenhum impedimento por parte da campanha em relação a isso. Qualquer afirmação que questione isso é uma mentira.

Em nome da campanha de Tarcísio, destacamos que toda a equipe da campanha e do instituto passaram por um episódio traumático, no qual tiveram as suas vidas em risco. O uso desrespeitoso de parte da imprensa e da campanha de Fernando Haddad sobre esse episódio é algo que extrapola qualquer limite referente a posicionamentos políticos e à própria disputa eleitoral.