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Um dia após anunciar obra em hospital, Zema leva Bolsonaro a Teófilo Otoni

Bolsonaro durante encontro com prefeitos de cidades de Minas Gerais. Na foto, ele aparece entre Braga Netto (PL), à esquerda, seu candidato a vice, e Romeu Zema (Novo), governador mineiro - 14.out.2022 - Gilson Junio/Estadão Conteúdo
Bolsonaro durante encontro com prefeitos de cidades de Minas Gerais. Na foto, ele aparece entre Braga Netto (PL), à esquerda, seu candidato a vice, e Romeu Zema (Novo), governador mineiro Imagem: 14.out.2022 - Gilson Junio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

26/10/2022 04h00

O governador mineiro Romeu Zema (Novo) tenta criar uma agenda positiva para a última passagem de Jair Bolsonaro (PL) pelo estado. Ontem à tarde, ele assinou a ordem de serviço para a reforma do Hospital Regional de Teófilo Otoni (MG). Na manhã de hoje, Zema recebe o presidente em comício na cidade.

O palanque de Bolsonaro também contará com o governador à tarde, quando a dupla participará de um comício em Uberlândia (MG). Crescer em Minas Gerais e reverter a derrota de 563 mil votos em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno é considerado crucial para o presidente ter chance de vitória na votação de domingo.

Por que Bolsonaro está em Teófilo Otoni? O discurso de Zema para tentar fazer eleitores de Lula virarem votos e escolherem Bolsonaro no segundo turno é de que o candidato petista é do mesmo partido do ex-governador Fernando Pimentel (PT), que governou Minas Gerais de 2015 a 2019. Pimentel enfrentou uma crise financeira que levou a atrasos de salários de servidores e greves.

Teófilo Otoni tem um prefeito petista, Daniel Sucupira, que encarou uma paralisação de servidores que durou 89 dias. A ideia é associação entre as duas situações. As obras do hospital, que teve a ordem de serviço assinada ontem, estavam paradas desde 2016, quando Minas Gerais era administrada por Pimentel.

Além de todos estes fatores que combinam com o discurso das dupla Zema e Bolsonaro, a escolha de Teófilo Otoni ocorreu por causa da margem reduzida de diferença de votos na cidade entre os dois candidatos no primeiro turno —Lula 48,74% e Bolsonaro 45,34%.

Por fim, Teófilo Otoni fica no Vale do Mucuri, e as cidades da região têm prefeitos alinhados com o presidente. A agenda de Bolsonaro no município começa com um encontro com eles e outras lideranças às 8h50 e termina com o comício na Praça Tiradentes.

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Obra no Hospital Regional de Teófilo Otoni foi autorizada um dia antes de visita de Bolsonaro
Imagem: Gil Leonardi/Imprensa MG

Zema aposta em região natal. Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a situação é diferente. O presidente venceu o primeiro turno —fez 46,37% dos votos contra 44,69% de Lula— e visita a cidade para ampliar a vantagem. Trata-se da segunda maior cidade de Minas Gerais e o discurso será o mesmo: vincular o adversário ao ex-governador petista que administrou o estado durante a crise financeira.

Zema também escolheu o município apostando em suas raízes. Ele nasceu em Araxá, que fica no Triângulo Mineiro, e acredita que a identificação local ajuda a angariar votos. A previsão do governador é voltar à região na sexta-feira para fechar a campanha pelo presidente.

O prefeito de Uberlândia é aliado de Bolsonaro e muitas cidades da região também. O presidente se encontra com eles e vai pedir para trabalharem para as pessoas irem votar no próximo domingo. Em um local em que tem maioria, o comparecimento substancial às urnas ajuda no esforço eleitoral

A equipe do governador acrescenta que não há garantias de uma virada, mas, no pior cenário projetado, haveria pelo menos uma redução da desvantagem em relação a Lula em Minas Gerais. Essa diferença estaria no intervalo daquilo que se chama de empate técnico.

Mostrando que o esforço em Minas Gerais é máximo, na última hora Bolsonaro incluiu Governador Valadares no giro pelo estado. A visita foi anunciada na noite do dia anterior.

Uberlândia experimenta a polarização. Uberlândia também é exemplo do quanto uma corrida presidencial tão acirrada e agressiva contamina diferentes setores da sociedade. O prefeito Odelmo Leão (PP) determinou a suspensão do empréstimo de equipamentos esportivos que haviam sido cedidos para a Olimpíada Universitária UFU (Universidade Federal de Uberlândia).

A medida ocorreu depois que surgiram vídeos nas redes sociais mostrando que os estudantes fizeram a letra "L" de Lula durante a execução do Hino Nacional na cerimônia de abertura das competições, ocorrida em 14 de outubro. A administração municipal alegou que foram desrespeitadas normas que proíbem fogos de artifício, confetes, pirotecnia, fitas e outros objetos que sujem os espaços cedidos. Não foi explicado qual material sujou as quadras.

A universidade informou que foi surpreendida com uma ligação avisando sobre a suspensão do empréstimo dos equipamentos esportivos. O telefonema ocorreu na manhã seguinte à cerimônia de abertura.