Com eleitor 'racional' em MG, Zema dá dicas a Bolsonaro sobre onde crescer
Além do apoio formal para o segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu conselhos do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Um interlocutor informou ao UOL que ele disse ao presidente que o eleitor mineiro é racional e sugeriu que sejam apresentados argumentos econômicos no momento de pedir votos. Ele também indicou a Bolsonaro em quais regiões focar para tentar obter mais votos.
Em Minas Gerais, o presidente obteve, no primeiro turno, 560 mil votos a menos que o candidato do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —foram 5,23 milhões de votos contra 5,80 milhões para o adversário.
Outra orientação de Zema foi de que a defesa de pautas conservadoras não funciona no estado. Ele ainda pediu acenos ao centro para ampliar o alcance dos argumentos pragmáticos.
A avaliação é de que o presidente está seguindo as orientações nas visitas ao estado. O problema são atitudes fora de Minas Gerais.
Bolsonaro perdeu a linha em entrevista ao lado do jornalista José Luiz Datena em Brasília em 7 outubro. Em visita a Pelotas (RS) na terça-feira (11), pediu que apoiadores ficassem na área da seção eleitoral no dia da votação.
Regiões onde é possível crescer. Na conversa com o presidente, Zema fez um inventário das três regiões mineiras onde Bolsonaro pode atuar para tentar reverter a situação.
Todas são compostas por cidades onde o PT não tem histórico de dominância e mesmo assim o presidente foi derrotado em muitos municípios.
O primeiro local a atacar é o Triângulo Mineiro, local de agronegócio e que deveria estar com Bolsonaro. A esperança de êxito é grande porque Zema é natural da região, nasceu em Araxá. O otimismo se baseia na premissa de que a empatia e a identificação com o governador vão ter um peso importante na hora do eleitor decidir o voto.
O Sul de Minas Gerais foi descrito como mais conservador e aderente ao discurso de economia liberal e de segurança jurídica. Mesmo assim, não houve indicação de defender pautas de valores. A avaliação é que este eleitor já está com Bolsonaro.
A Zona da Mata foi apresentada como região com população crítica e que analisa o impacto prático das propostas dos presidenciáveis na hora de escolher o candidato. Por este motivo, o discurso racional tem ainda mais sentido no local.
Também foi dito a Bolsonaro que o Norte de Minas Gerais é o ponto mais problemático para sua candidatura. A região fica próxima na divisa com a Bahia e tem histórico de escolher nomes do PT.
Histórico de votos em direções opostas. Para convencer o presidente que o eleitorado mineiro pode eleger um governador de um campo político e um presidente do espectro oposto, foram os lembrados resultados de votações passadas. Nas eleições de 2002 e 2006, houve o voto Lulécio —Lula para presidente e Aécio Neves (PSDB) para governador.
Em 2010, foi a vez da dobradinha Dilmasia. A população escolheu Dilma Rousseff (PT) para presidente e Antonio Anastasia, na época no PSDB, para governador.
De acordo com o interlocutor de Zema que conversou com o UOL, houve 2 milhões de eleitores que votaram em Lula e Zema no primeiro turno.
Relembrando a gestão Dilma e Pimentel. Zema se manteve em cima do muro no primeiro turno e não declarou voto em Bolsonaro. Agora que subiu no palanque do presidente, ele ataca Lula usando os problemas na gestão do PT no estado, com Fernando Pimentel, entre 2015 e 2019 —até 2016, o PT também estava no Planalto, com Dilma Rousseff (PT).
Zema diz que as administrações de Pimentel e Dilma foram erráticas, quebrando o Brasil e Minas. Ele fundamenta a acusação afirmando que professores mineiros fizeram greve por não receber salário em dia e que postos de saúde foram fechados por falta de dinheiro. O governador acrescenta que repasses obrigatórios para o município não foram feitos e as prefeituras quebraram.
Voto em Lula é alusão a passado. Em seus discursos, Zema afirma que Lula terminou na frente em Minas Gerais no primeiro turno da corrida presidencial porque o eleitor tem no imaginário o governo federal de 2006, que teve crescimento econômico. Em entrevista ao UOL em 7 de outubro, o governador declarou que o período bom foi passageiro e usa um paralelo com um atleta.
"Muitas pessoas associam erroneamente o Lula a um período de prosperidade. Mas aquela prosperidade foi fictícia, como um atleta que usa anabolizante. No primeiro momento, são só maravilhas. Depois, tem problemas renais, cardíacos e hepáticos."
Prefeitos como cabos eleitorais. Nesta sexta-feira, o presidente vai a Belo Horizonte para um encontro com prefeitos e, de acordo com a campanha de Bolsonaro, 600 confirmaram presença. A intenção é reforçar a situação enfrentada pelos municípios com Pimentel no governo e pedir engajamento na campanha.
Esta é a terceira passagem de Bolsonaro por Minas Gerais em oito dias. A previsão é que ele mantenha o estado no roteiro com mais uma viagem na próxima semana e a passagem derradeira na reta final da campanha.
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