'A gente não aceitará condição desigual', diz campanha de Bolsonaro
O ex-secretário de comunicação Fábio Wajngarten, coordenador de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou hoje, em entrevista ao programa Pânico, que a equipe do chefe do Executivo, "não aceitará condições desiguais" ao comentar as denúncias de que Bolsonaro teve menos inserções de propaganda eleitoral em rádios no Nordeste. A campanha do presidente não apresentou provas que sustentassem essas ocorrências.
"A gente quer uma condição igualitária dentro do processo eleitoral democrático. A gente não aceitará condição desigual. Esse é o pleito da ação proposta no TSE", afirmou Wajngarten.
Em entrevista coletiva ontem à noite, Bolsonaro fez um pronunciamento para a imprensa no qual criticou duramente o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o presidente do Tribunal, Alexandre de Moraes, após o ministro barrar a ação da campanha do candidato sobre inserções em rádios nordestinas.
"Nosso jurídico deve entrar com recurso, já que foi para o STF (Supremo Tribunal Federal). Da nossa parte, iremos às últimas consequências dentro da Constituição para fazer valer o que nossas auditorias constataram: enorme desequilíbrio das inserções [de rádios], isso interfere na quantidade de votos no final da linha", afirmou.
Em sua decisão, Moraes apontou tentativa do candidato à reeleição de tumultuar a disputa ao fazer acusações com provas "extremamente genéricas".
Bolsonaro havia ecoado ontem críticas semelhantes as de Wajngarten de que a campanha estaria em desvantagem e alegou que o favorecimento ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "não é de agora".
Tudo isso temos notado, não é de agora. Em certos locais que achei que iria bem e poderia até ganhar, vimos que perdemos. As inserções fizeram ou poderiam ter feito a diferença. Não existe outro fator que podemos levar em conta nesse momento
Jair Bolsonaro
O ex-secretário, assim como o presidente ontem, relembrou o caso dos empresários investigados por mensagens a favor de golpe de Estado em caso de vitória de Lula. "O TSE investiga muita coisa por print de 'zap'", ironizou Bolsonaro.
Entenda o caso
Na segunda-feira (24), a campanha de Bolsonaro pediu ao presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, que determinasse a imediata suspensão da propaganda de rádio da coligação Brasil da Esperança, de Lula. O mandatário alegou que emissoras das regiões exibiram mais programas do petista do que de sua campanha, o que teria beneficiado o ex-presidente.
"De 7 a 21 [de outubro], a campanha do presidente Jair Bolsonaro teve a menos no Brasil 154.085 inserções de rádio", disse o ministro das Comunicações, Fábio Faria. "Isso é uma grave violação do sistema eleitoral. Esses dados já estão coletados, já fizemos dupla checagem."
Bolsonaro afirmou que contratou duas empresas para realizar essa auditoria e falou que iria contratar uma terceira para avaliar o caso. Em decisão ontem, Moraes rejeitou o pedido da campanha do presidente para investigar as supostas irregularidades em inserções de rádio.
O presidente do TSE ainda pediu uma investigação para apurar cometimento de crime eleitoral com finalidade de tumultuar o segundo turno das eleições em sua última semana. Com a manifestação de Moraes, Bolsonaro interrompeu sua agenda em Minas Gerais e no Rio de Janeiro para retornar a Brasília e fazer seu pronunciamento à imprensa ontem à noite.
"O senhor Alexandre de Moraes matou no peito o processo, encaminhou para o Supremo, para o inquérito de fake news que ele mesmo conduz. Não segue nossa Constituição e não tem respaldo do Ministério Público", afirmou. No fim do pronunciamento, anunciou: "Sabemos que está em cima, as eleições estão aí, mas meu lado foi muito prejudicado e não foi de agora. Quem tiver mais voto na urna deve assumir o cargo na data adequada".
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