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Lula sobre Bolsonaro contestar TSE: 'É desespero dele. Sabe que vai perder'

16.out.2022 - Lula e Janja na chegada ao debate UOL/Band - Reinaldo Canato/UOL
16.out.2022 - Lula e Janja na chegada ao debate UOL/Band Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Do UOL, em São Paulo

27/10/2022 08h36Atualizada em 27/10/2022 12h45

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou hoje que o atual chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL) "está desesperado" após ele investir na narrativa de que sua candidatura foi prejudicada por rádios que teriam omitido inserções da propaganda eleitoral. Lula participou hoje de sabatina promovida pelo Correio Braziliense, Rádio Clube FM e TV Brasília.

"Eu não sei o estado psicológico do presidente, mas essas coisas da rádio são incompetência da equipe dele. Não temos nada a ver com isso. Ele está um pouco desesperado, percebeu que tem a possibilidade de perder a eleição."

Lula se refere a duas emissoras —rádios JM FM (MG) e Viva Voz (BA) —que dizem que não receberam o material de campanha do PL, partido do presidente, para veiculação. Em discurso ontem em Brasília, Bolsonaro afirmou que a suposta omissão das rádios estaria favorecendo o adversário.

O relatório entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pela campanha de Bolsonaro ainda tem outras seis fragilidades, como a base de dados usada para monitorar as transmissões. Algumas rádios citadas também contestam o documento e dizem que exibiram as inserções do PL.

Segundo a colunista do UOL, Carla Araújo, o novo discurso de Bolsonaro para contestar o resultado das urnas está sendo construído desde segunda (24) e ganhou força na quarta (26) para substituir a narrativa anterior, que questionava a confiabilidade da urna eletrônica.

É um pouco de desespero dele. É o direito que ele tem de chorar, espernear, de quem sabe que vai perder as eleições. Bolsonaro está ciente que vai perder as eleições. Ele acompanha, estuda e encomenda pesquisa. Sabe que vai perder porque o povo quer mudança.
Ex-presidente Lula em entrevista hoje

Após o discurso do presidente em Brasília, bolsonaristas levantaram a possibilidade de a crise envolvendo as rádios ser determinante para adiar o segundo turno da eleição. No entanto, como mostrou a colunista do UOL Notícias, Carolina Brígido, o "Radiogate" não tem força suficiente para adiar ou anular o pleito marcado para domingo.

Questionado sobre a possibilidade de um adiamento do segundo turno das eleições, Lula afirmou que o assunto não pode ser levado a sério. "É um absurdo. A pessoa não tem o que falar e falou uma bobagem dessa. A gente não pode aceitar".

Ministro da Economia. Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto, descartou anunciar ministros antes do resultado da eleição.

Hoje, questionado sobre o futuro ministro da Economia, o ex-presidente citou características que procura. "Inteligência política, muito compromisso social, pensar na responsabilidade fiscal e também na social", afirmou Lula. "Quando pensar em segurar o dinheiro, tem que pensar que tem gente passando fome, criança abandonada, crianças que passaram dois anos sem estudar".

Ele também diz que fará uma "política de guerra junto com a sociedade" para recuperar o país. "Tenho quatro anos e não quero fracassar. Quero fazer um mandato exitoso".

Ontem, em entrevista à Rádio Mix FM de Manaus, ele disse que não vai "sentar na cadeira" antes da hora e se esquivou de perguntas sobre um cargo para a senadora Simone Tebet (MDB), sua aliada no segundo turno.

Lula tem sido pressionado a dar mais detalhes de seu plano econômico e agentes do mercado financeiro têm cobrado que ele anuncie quem seria seu ministro da Economia em caso de vitória, o que seria uma sinalização sobre o que pretende fazer na área econômica.

*Com informações de Reuters