Topo

Balaio do Kotscho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Estrela da campanha do PT no 2º turno, Simone Tebet se cacifou para 2026

A deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), o ex-presidente Lula (PT) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) em ato em Teófilo Otoni (MG): a frente ampla pela democracia - Ricardo Stuckert
A deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), o ex-presidente Lula (PT) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) em ato em Teófilo Otoni (MG): a frente ampla pela democracia Imagem: Ricardo Stuckert

Colunista do UOL

26/10/2022 11h33

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Fora o candidato do PT, ninguém vestiu a camisa com tanta dedicação e enfrentou Bolsonaro com tamanho vigor nesta campanha do que a senadora Simone Tebet (MDB-MS), a terceira colocada no primeiro turno, com quase 5 milhões de votos, deixando o veterano Ciro Gomes comendo poeira.

Nos palanques, nas caminhadas, nas reuniões de articulação política, nos programas de rádio e televisão, desde o início do segundo turno, lá estava ela para virar cada voto, com seu vozeirão firme, mas sereno, disposta a convencer os indecisos e vacilantes sobre o que está em jogo nesta eleição: o futuro da democracia brasileira, na encruzilhada entre a volta à civilização e os quatro anos de barbárie bolsonarista.

Com uma trajetória política construída no campo conservador do agronegócio do Centro-Oeste, Simone ganhou projeção nacional nos embates da CPI da Covid, em que liderou a bancada feminina. Foi a última a entrar na campanha presidencial, depois de fracassarem outros nomes da terceira via. Antes, teve que vencer a resistência dos caciques do seu partido, divididos entre lulistas e bolsonaristas, que eram contrários à candidatura própria.

Na mesma noite de 2 de outubro em que foram anunciados os resultados, antes que seu partido se manifestasse, a senadora anunciou que não iria se omitir e já tinha escolhido seu lado na disputa final. Nem precisaria dizer que ficaria ao lado de Lula. Bem diferente de Ciro Gomes, que levou dias para dar um apoio envergonhado, sem citar o nome de Lula, e em seguida sumiu do mapa.

Esta postura afirmativa coloca Simone Tebet desde já num lugar de destaque no grid de largada para a campanha de 2026. Aqui no Brasil é assim: mal acaba uma campanha e os comentaristas políticos já começam a especular sobre a próxima.

Como Lula já disse várias vezes que esta é sua última campanha eleitoral e, se vencer, não será candidato à reeleição, abre-se o campo para uma nova geração, engajada na frente ampla pela democracia costurada pelo PT.

"Este nosso governo, se nós ganharmos, não será um governo do PT, mas do povo, de todas as forças que reunimos agora, como já fizemos nas gestões anteriores", deixou claro esta semana o ex e provável futuro presidente, segundo todas as pesquisas.

É neste cenário que se encaixa o nome de Simone Tebet, que certamente terá um papel de destaque no possível terceiro governo de Lula. A partir daí, tudo dependerá de mil circunstâncias, é claro, mas é certo que, como Lula já disse, a senadora em final de mandato não voltará a fazer política no Mato Grosso do Sul. Está pronta para voos maiores.

Por sua atuação nos dois turnos desta campanha, tornou-se uma nova liderança nacional, num campo ainda dominado pelos homens, embora o eleitorado seja majoritariamente feminino.

Simone sempre se coloca, acima de tudo, como mulher, mãe e professora, que tem na educação a sua prioridade máxima, e é sensível às profundas desigualdades da nossa sociedade, que nos últimos anos voltou ao Mapa da Fome.

Com uma equipe pequena, mas muito unida e coesa, ela conseguiu levar sua mensagem de esperança e fé no futuro aos quatro cantos do país. Foi a grata e única novidade desta campanha de 2022, em que apareceu até um padre fake disputando a presidência, no lugar do pistoleiro Bob Jeff, laranjas de Bolsonaro.

Assim como a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), outro destaque na campanha do PT no segundo turno, ela soube superar as diferenças e desencontros do passado em nome de uma causa maior, que é a defesa da democracia, da paz social e da vida, contra as ameaças autoritárias do atual presidente candidato à reeleição.

Agora faltam apenas 4 dias.

Vida que segue.