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Líder do governo na Câmara reconhece vitória de Lula e critica pesquisas

Do UOL, em São Paulo

30/10/2022 23h12Atualizada em 30/10/2022 23h31

O deputado federal e vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP), reconheceu hoje, durante o UOL Eleições 2022, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o novo presidente do Brasil. Apesar do breve reconhecimento, o aliado de Jair Bolsonaro (PL) criticou as pesquisas eleitorais mais uma vez e declarou que os levantamentos atrapalharam o pleito deste ano.

"Estou aqui falando como parlamentar, o governo não se manifestou ainda, a apuração dos votos está encerrada, por isso estou dizendo que esse resultado foi influenciado [pelas pesquisas]. Nós não estamos questionando o resultado, mas nós temos que impedir que as pesquisas continuem interferindo no resultado das eleições."

E continuou: "Sim, o resultado das eleições será proclamado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que, aliás, foi o cabo eleitoral aberto do presidente Lula e tomou medidas descaradamente visando favorecer o petista, mas também é democrático".

Apesar das críticas do político, as pesquisas não têm como objetivo acertar o resultado do dia da votação, mas representam o pensamento das pessoas em um determinado período. Entenda nesta reportagem.

Barros continuou questionando as pesquisas eleitorais afirmando que "se os levantamentos não tem obrigação de acertar, para quê servem?".

"Se a informação tivesse correta, não teria nenhum problema, mas os próprios institutos quando eu propus o projeto para criminalizar, eles falaram 'não, mas a pesquisa não tem obrigação de acertar'. Se não tem a obrigação de acertar, para quê serve? Do que adiantou o eleitor receber a informação de uma pesquisa que não confere o resultado da urna?"

Segundo o político, ele mandou fazer uma pesquisa questionando se os eleitores mudam de voto se uma pesquisa indicar, na véspera da eleição, que o seu candidato não irá ganhar.

Barros afirmou que 3% do eleitorado entrevistado muda e vota em quem é indicado que ganhará a disputa. O parlamentar não apresentou a origem da pesquisa e nem deu mais informações sobre o levantamento. "[O resultado] pode ser ter sido decidido pelas pesquisas que, insistentemente, mostravam grande vantagem do Lula sobre o Bolsonaro."

"[O resultado] reforça a minha tese de que as pesquisas eleitorais precisam ser revistas porque elas influenciam o eleitor. É uma eleição muito apertada. As pesquisas dando Bolsonaro atrás de Lula, em uma delas com muita margem, em outra com o empate técnico com segurança, mas isso demonstra que nós temos algo a corrigir, de fato, nesse processo das pesquisas eleitorais."

O apresentador Diego Sarza afirmou que as pesquisas acertaram todas as vitórias agora no segundo turno, bem como a eleição presidencial. Barros, porém, voltou a reforçar a tese contra os levantamentos. "Acertaram a volta do presidente Lula, mas não no percentual que elas colocaram. Nenhuma delas. Então, eu estou falando das pesquisas que influenciam o eleitor. Pesquisa em si não faz mal nenhum a ninguém, mas a divulgação maciça [,sim]".

"Uma eleição onde o presidente fez mais de 49% dos votos, não é uma eleição em que ele foi mal julgado, mas eu tenho que reafirmar, nós não estamos discutindo o resultado, estamos discutindo as coisas que afetaram o resultado e as pesquisas foram uma das coisas que afetaram o resultado. (...) O fato é que elas [pesquisas] erram, e elas erram e influenciam os eleitores", concluiu.

Carla Araújo: Bolsonaro decide não falar à imprensa no dia da derrota

A colunista do UOL Carla Araújo confirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não vai falar com a imprensa após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se tornou o novo presidente do Brasil neste domingo.

"Bolsonaro não vai falar. Eu consegui confirmar essa informação agora há pouco com três auxiliares diretos do presidente. Decidiu não falar. Há cerca de meia hora, mais ou menos, as luzes do Palácio da Alvorada se apagaram. Tem gente falando que ainda tem algumas outras reuniões de governo rolando, eles estão conversando entre eles, mas o fato agora é que três assessores bem próximos do presidente disseram que ele não se pronunciará hoje sobre as eleições."

Toledo: Brasil ficou a 2 milhões de votos de entrar numa autocracia

O colunista do UOL José Roberto de Toledo analisou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais. Ele afirmou que a derrota de Jair Bolsonaro (PL) evitou uma autocracia, regime em que as leis e decisões giram em torno de uma única pessoa.

"A gente passou hoje pela maior prova da democracia brasileira desde o fim da ditadura. Ficamos muito perto, somente 2 milhões de votos, de entrar em uma autocracia. É o destino dos países que reelegeram um populista de extrema-direita, como é o Bolsonaro. Caso ele se reelegesse hoje, estaríamos a caminho de uma fossa. Quando eu falo fossa, é uma latrina mesmo."

Durante o UOL Eleições 2022, Toledo apontou ser um momento histórico para o Brasil por representar um "alívio" diante do cenário político evitado com o fim do governo Bolsonaro.

Assista à íntegra do programa especial do UOL nas eleições: