Bolsonaro completa 24 horas de silêncio após derrota para Lula na eleição
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proclamou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às 19h57 e, completadas 24 horas da derrota na corrida presidencial, ainda não houve um pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) a respeito do resultado das eleições.
O silêncio nesta segunda-feira (1°) ocorre ao mesmo tempo em que caminhoneiros fecharam 236 trechos de rodovias espalhadas por 19 estados e mais o Distrito Federal. Esta postura de Bolsonaro persistiu apesar de reuniões com vários aliados ao longo do dia.
O silêncio em reconhecer o resultado nas eleições torna Bolsonaro o candidato derrotado que mais demorou para falar depois de uma derrota. Veja os horários que os derrotados se manifestaram no mesmo dia da eleição:
- 2018: Fernando Haddad (PT) - 20h19
- 2014: Aécio Neves (PSDB) - 21h36
- 2010: José Serra (PSDB) - 22h40
- 2006: Geraldo Alckmin (PSDB) - 20h22
- 2002: José Serra (PSDB) - 21h10
Salão preparado, boca fechada. Desde o começo da manhã, o salão leste do Palácio do Planalto, em Brasília, estava preparado para uma declaração. Mesmo com reuniões sendo realizadas a partir das primeiras horas do dia, não houve argumentos suficientes para convencer Bolsonaro a um pronunciamento.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, foi um dos primeiros a ser recebido e chegou ao Palácio do Alvorada às 7h35. Ao longo do dia, o presidente se encontrou com parlamentares e ministros.
Uma das reuniões mais importantes ocorreu no começo da tarde e serviria para definir o tom a ser usado quando Bolsonaro falasse aos brasileiros. Havia uma tentativa de convencê-lo a não contestar o resultado das urnas.
Participaram desta reunião ministros bastante próximos como Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Célio Faria (Secretaria de Governo).
Bolsonaro fala com ministro da Defesa. Na sequência da reunião, com os aliados mais próximos, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio, foi convocado a comparecer no Planalto. Ele chegou por volta das 15 horas e depois deste encontro, Bolsonaro seguiu em comboio de volta ao Palácio da Alvorada.
O retorno do presidente para a residência oficial não significou o fim das reuniões. Carros oficiais entraram e saíram até o começo da noite. Ainda assim, Bolsonaro continuou em silêncio. Por volta das 18 horas, a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) informou que nenhum pronunciamento era esperado para as horas seguintes.
A postura do presidente em não se manifestar contraria a informação inicial da Secom durante a apuração. Enquanto estava na frente, a previsão é de que Bolsonaro se manifestaria ao final da apuração. Quando Lula assumiu a liderança, foi comunicado que ele talvez se falasse. Mas as 22h03, as luzes do Palácio do Alvorada foram apagadas e ficou claro que não haveria pronunciamento à população.
Na noite de domingo, o isolamento voluntário de Bolsonaro chegou ao nível de não receber nem mesmo ministros. Os que foram até seu encontro, como Adolfo Sachsida, das Minas e Energia, ouviram a resposta de que o presidente estava dormindo.
Aliados de Bolsonaro reconheceram derrota. Enquanto o presidente não se pronuncia a respeito da eleição, alguns aliados mais próximos fizeram posts nas redes sociais reconhecendo a vitória de Lula.
Escolhida pelo presidente para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) fez uma publicação no Instagram admitindo a derrota.
"Perdemos uma eleição, mas não perdemos o amor pelo país. Bolsonaro deixará a Presidência da República em janeiro de cabeça erguida".
O senador eleito Sergio Moro (União-PR) também reconheceu a derrota. Ele foi aos debates com Bolsonaro no segundo turno e assumiu posição contrária a Lula.
"A democracia é assim. O resultado de uma eleição não pode superar o dever de responsabilidade que temos com o Brasil."
Bolsonarista das mais engajadas, a deputada federal Carla Zambelli também admitiu a derrota. Ela prometeu uma oposição ferrenha aos governos petista. "E lhes prometo, serei a maior oposição que Lula jamais imaginou ter."
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