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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Bolsonaro se reúne com ministros no Planalto e avalia resposta à derrota

O presidente Jair Bolsonaro (PL) chega para votar no Rio  - MAURO PIMENTEL/AFP
O presidente Jair Bolsonaro (PL) chega para votar no Rio Imagem: MAURO PIMENTEL/AFP

Do UOL, em Brasília

31/10/2022 12h58Atualizada em 31/10/2022 19h13

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O presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado na eleição de ontem (30) pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passou a manhã desta segunda-feira (31) reunido com ministros e auxiliares no Palácio do Planalto.

Segundo apurou a coluna, participaram de reuniões pela manhã os ministros palacianos Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Célio Faria (Secretaria de Governo), além do candidato a vice derrotado, general Braga Netto.

O ministro da Defesa, Paulo Sérgio, foi chamado ao Planalto no início da tarde. Mas, por volta das 16 horas, Bolsonaro deixou o Planalto e foi para o Alvorada, residência oficial.

De acordo com um auxiliar do presidente, ainda não há uma definição do tom do discurso do presidente após a derrota. Há em estudo a possibilidade da produção de algum tipo de documento apontando "supostas irregularidades" na eleição de ontem.

Um auxiliar afirmou que, caso Bolsonaro questione o resultado, isso acontecerá por meio legais "dentro das quatro linhas da constituição".

Outra fonte afirmou que as reuniões com auxiliares próximos têm o objetivo justamente de discutir se haverá mesmo algum tipo de contestação.

Nas palavras desta fonte, eles estão discutindo "o processo como um todo."

Bolsonaro supera Serra

Bolsonaro já é o candidato que mais demorou a reconhecer o revés nas eleições ao menos desde 2002. Em 2010, o então candidato à Presidência José Serra (PSDB) admitiu a derrota para a Dilma Rousseff (PT) às 22h40, quase duas horas e meia após o anúncio do resultado, às 20h13.

O também tucano Aécio Neves fez um discurso de reconhecimento da derrota em 2014 por volta das 21h30 do dia 26 de outubro daquele ano.

Outro tucano, Geraldo Alckmin, pronunciou-se sobre o resultado das eleições por volta de 21h30 do dia 30 de outubro de 2006, na festa do "Muito Obrigado", organizada pelo PSDB em São Paulo.

Serra também foi derrotado em 2002, ano em que Lula se elegeu pela primeira vez. À época, por volta de 21h10, o tucano ligou para o adversário a fim de cumprimentá-lo pela vitória.

Moraes conversou com presidente

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, afirmou que ligou pessoalmente para Lula e Bolsonaro para cumprimentar os dois pela disputa. A ligação é praxe e serve para informar que o TSE já estava preparado para declarar o resultado das urnas.

"O presidente Bolsonaro me atendeu com extrema educação, assim como o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva", disse o ministro.

O UOL apurou com uma pessoa que teve conhecimento da ligação para Bolsonaro que o candidato do PL recebeu a chamada de forma educada, mas não conseguiu esconder que estava "abalado" com a derrota nas urnas.

Durante a coletiva, Moraes afirmou que, com o resultado das eleições, espera que cessem os ataques ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas.

Silêncio do entorno

Poucos aliados do presidente falaram sobre o resultado do pleito.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) reconheceu a derrota do presidente, e disse que será a "maior oposição" que o presidente eleito "jamais imaginou ter".

"Ainda que eu ande pelo vale das sombras, não temerei, porque Tu Senhor Deus estás comigo. O sonho de liberdade de mais de 51 milhões de brasileiros continua vivo", escreveu Zambelli. "E lhes prometo, serei a maior oposição que Lula jamais imaginou ter".

Ex-desafeto de Bolsonaro, senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) se manifestou sobre a derrota de Bolsonaro. "A democracia é assim. O resultado de uma eleição não pode superar o dever de responsabilidade que temos com o Brasil", disse o ex-ministro da Justiça.

Moro se reconciliou com o atual presidente no segundo turno da eleições e se tornou um dos principais aliados na sua tentativa de reeleição.

Arthur Lira (PP-AL), outro aliado de Bolsonaro, também reconheceu a vitória de Lula e a derrota do atual presidente. Ele defendeu que "a vontade da maioria nas urnas" deve ser respeitada e que é hora de "construir pontes". No pronunciamento, no entanto, Lira não falou o nome de Lula.

"É hora de desarmar os espíritos, estender a mão aos adversários, debater, construir pontes, propostas e práticas que tragam mais desenvolvimento, empregos, saúde, educação e marcos regulatórios eficientes. Tudo que for feito daqui para frente tem que ter um único princípio: pacificar o País e dar melhor qualidade de vida ao povo brasileiro", afirmou Lira.