Quem venceu o debate entre candidatos à Prefeitura de SP? Colunistas opinam

O primeiro debate entre os cinco principais candidatos à Prefeitura de São Paulo na Band foi marcado por muitos embates e poucas propostas para a cidade, sem um vencedor claro.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (8) mostrou Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) empatados na liderança das intenções de voto, com José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) em segundo lugar.

Veja a análise dos colunistas do UOL sobre quem venceu o debate:

Andreza Matais

Nunes mostrou equilíbrio, mesmo apanhando bastante. Isso agrada ao eleitor de classe média e média alta. Boulos se mostrou calmo, sem radicalismo, fazendo o que precisa ser feito para tentar diminuir a rejeição.

Datena começou bem, mas depois virou um desastre, extremamente confuso. Suas gaguejadas o fizeram ser chamado no Twitter de "Biden brasileiro". Tabata desestabilizou Marçal, mas, apesar de falar bem e ter boas propostas, seu discurso decorado não passa confiança.

Marçal estava absolutamente transtornado. Ou essa tática kamikaze dará muito certo, ou ele sairá como um grande meme no final do pleito.

Leonardo Sakamoto

Quem ganhou o debate foram os eleitores que foram dormir cedo sem ver a lama na qual o empresário Pablo Marçal (PRTB) tentou enfiar o encontro. Com isso, ele conseguiu gerar vídeos para suas redes sociais, esbanjando riqueza de xingamentos e ataques baixos, mas demonstrando miséria de propostas.

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Pontos altos foram duas perguntas da candidata Tabata Amaral (PSB), que expôs o histórico criminal de Pablo Marçal, perguntando se ele levaria essa experiência para a prefeitura. E resgatando o caso do boletim de ocorrência por agressão feito pela esposa do prefeito Ricardo Nunes contra ele - BO que foi confirmado pela polícia.

Raquel Landim

O campeão de ataques infundados foi Pablo Marçal (PRTB), que chegou a sugerir, sem provas, que o candidato Guilherme Boulos (PSOL) tem envolvimento com drogas.

Historicamente vence o debate quem se mantém mais calmo e mais propositivo. Eram o que apontavam as pesquisas qualitativas das campanhas de Boulos e Nunes, que comemoravam. Mas quem fará os melhores cortes nas redes sociais? Nesse jogo, Marçal, que se descontrolou várias vezes, é mestre.

Raul Juste Lores

O debate foi de uma vulgaridade e superficialidade tristes. Todos perdemos. E debate que começa às 22h30 em dia de semana é para atingir um publico que não elege ninguém. Nunes e Boulos continuam onde estavam e não tiveram nenhum momento ameaçador, Tábata foi ignorada por quase todo o debate.

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Mas os maiores perdedores foram os neófitos na política municipal. Datena gaguejou, misturou assuntos e não conseguiu sequer lembrar o termo "corredor de ônibus". Marçal foi o destaque pela baixaria ensaiada, por não ter ideia do que seja São Paulo e pelo machismo. Foi chamado de charlatão e chiliquento, nomes que podem pegar.

Thais Bilenky

Marçal é abjeto, Datena titubeou e Nunes ficou na defensiva. Boulos saiu como entrou. O tempo pareceu excessivo para todos os candidatos, que não conseguiram brilhar com propostas nem cativar com a performance.

Tabata acabou ganhando por W.O.. Ignorada pelos adversários o quanto eles puderam, a única mulher do debate foi atacada por Marçal, que usa a misoginia como plataforma. Mas desperta a repulsa de qualquer eleitor democrático, que inevitavelmente se solidariza com a vítima.

Josias de Souza

Quem ganhou, em primeiro lugar, foi quem foi dormir mais cedo que não teve o dissabor de assistir a um debate tão desqualificado. Esse definitivamente ganhou, não perdeu seu tempo.

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Agora, no que diz respeito ao desempenho dos candidatos, quis me parecer, paradoxalmente, que o que se saiu menos pior foi o Ricardo Nunes, porque ele cumpriu um script que deu a ele a possibilidade de aproveitar o fato de que foi o principal alvo do debate. Então, como principal alvo, ele dispôs de mais tempo e estava muito bem ensaiado.

Ele usou esse tempo para desconversar em relação aos temas que não conseguia explicar — corrupção, agressão à mulher — e torpedeou a agenda dele de candidato à reeleição. Aproveitou o tempo, ganhou uma aparência de protagonista, porque teve mais tempo e usou esse tempo conforme os marqueteiros recomendaram. Foi o saco de pancada do debate, se manteve vivo no ringue e não fez nada que comprometa a posição dele na primeira fila das pesquisas.

O grande derrotado foi o Datena. Há mais de três décadas na televisão, ele exagerou na autoconfiança e se comportou como peixe fora d'agua dentro do seu próprio aquário. Se enrolou na gestão do tempo, no conteúdo se revelou fraco, gaguejante. O egocentrismo no Datena só não foi superior ao do Pablo Marçal.

Tales Faria

Na minha avaliação, quem se saiu melhor foi a Tabata. Foi quem mais lucrou com o debate. Ela está em quinto lugar nas pesquisas, mas conseguiu se destacar no programa, especialmente no enfrentamento com Pablo Marçal.

Tabata surpreendeu Marçal com uma pergunta específica sobre a Operação Água Branca, um projeto urbano em São Paulo, que ele confundiu com uma operação policial. O candidato mostrou desconhecimento da cidade. Foi um nó que ela deu nele.

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Ela ganhou ainda mais pontos ao apontar que Marçal foi condenado por furto qualificado e por envolvimento com uma organização criminosa da internet. Ele disse que desistiria da candidatura se provassem que ele havia sido condenado. Aí quem fez a festa foi Boulos, Ele anunciou que colocou na internet os papéis da condenação e cobrou de Marçal que desistisse de concorrer.

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