Influenciador posta recibo de Pix pago por Marçal por recorte de vídeos
Um influenciador publicou hoje (21) um comprovante de Pix de uma empresa de Pablo Marçal (PRTB). O pagamento seria pela publicação de trechos de vídeos do candidato à Prefeitura de São Paulo —o que, segundo especialistas, configura propaganda irregular e, possivelmente, crime eleitoral.
O que aconteceu
Daniel Sorriso, que tem 118 mil seguidores na rede social, publicou uma foto que mostra um comprovante de pagamento de R$ 8.500. A pagadora é uma das empresas de Pablo Marçal, a Marçal Lançamento Digital. Sorriso não disse a quais vídeos ele se referia, ao revelar o pagamento. Contudo, ele posta vídeos em campanha para Marçal nas redes — no TikTok, por exemplo, ele postou cortes em que Marçal, durante o debate do Estadão/Terra/Faap, criticou Guilherme Boulos (PSOL), na semana passada.
Estratégia de remunerar internautas para publicarem vídeos do empresário em seus próprios perfis é alvo de investigação. A suspeita é de abuso de poder econômico, já que o candidato não declara os pagamentos à Justiça Eleitoral, o que pode desequilibrar a disputa.
Ministério Público Eleitoral sugeriu suspender a candidatura do ex-coach enquanto os fatos são apurados. Caso seja condenado, Marçal ficaria inelegível por oito anos.
Após a divulgação da recomendação do MPE, o empresário negou financiar os cortes, apesar da documentação provando o contrário. "Não há financiamento nenhum por trás disso, nem na pré-campanha nem na campanha. Isso é só uma tentativa desesperada do bloco da esquerda, MDB, PSB, PT e PSOL, de tentar frear quem realmente vai vencer as eleições", disse ele em nota enviada na última segunda-feira (19).
Em vídeos, o próprio Marçal admite a prática. "É um campeonato no aplicativo onde você entra e aí você se cadastra só que você tem que aprender a fazer corte. O que que é fazer corte? É assistir um pedaço de um vídeo, pegar uma mensagem, corte pode ter quinze segundos, trinta, quarenta e cinco; quem tiver mais visualizações eu pago em dinheiro", diz ele em um deles.
Outro lado: o UOL entrou em contato com Sorriso e com a campanha de Marçal (por mensagem e por ligação). Caso haja resposta, o texto será atualizado.
Violações da lei eleitoral
Se comprovada, conduta de Marçal pode ser enquadrada em ao menos três violações da lei eleitoral. Fernando Neisser, professor de direito eleitoral da FGV/SP, explica que é absolutamente proibido pagar por propaganda eleitoral em perfis que não sejam do próprio candidato.
Esses pagamentos também estão sendo feitos completamente fora da contabilidade da campanha, o que configura caixa dois.
Fernando Neisser, professor de direito eleitoral da FGV/SP
Além disso, há vídeos pagos que falam mal de outros candidatos à Prefeitura, o que é crime. "É uma situação muito grave, você tem várias regras eleitorais sendo violadas ao mesmo tempo", disse Neisser.
Comunidade Cortes do Marçal no Discord organiza campeonato de vídeos do candidato. As premiações vão de R$ 50 a R$ 4.000 para os perfis com mais visualizações. Oficialmente, o torneio desta semana é para promover Marcos Paulo, sócio de Marçal, mas o canal em que os participantes enviam seus cortes para contagem tem principalmente vídeos do ex-coach, alguns com o número de urna dele, como mostram as imagens.
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