Conteúdo publicado há 21 dias

Sakamoto: Marçal joga com Justiça Eleitoral, que parece ou não quer notar

Pablo Marçal (PRTB) demonstra despreocupação com as decisões da Justiça Eleitoral e as utiliza dentro de sua estratégia de autopromoção, algo ignorado pelo órgão, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta (22).

O TRE-SP [Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo] suspendeu três direitos de resposta concedidos a Guilherme Boulos (PSOL) nas redes sociais de Marçal. A Justiça Eleitoral acolheu o pedido do empresário, que chamou adversário na disputa pela Prefeitura de São Paulo de "aspirador de pó".

Marçal está jogando contra o sistema eleitoral, que não percebeu ou não quer perceber. Se a Justiça Eleitoral seguir com esse comportamento, com uma análise que parece voltada para o século passado, teremos problemas.

O TSE [Tribunal Superior Eleitoral] já opera olhando para o século 21, tanto que introduz normativas, fala de inteligência artificial e de manipulação de discurso através do meio digital, que é o caso.

Já o TRE opera em uma decisão que pode estar dentro da lei, mas não considera a pintura maior da história: neste momento, há uma ação sistemática da campanha de Marçal para rebaixar e atacar a imagem dos seus concorrentes, e ele pouco se importa com as decisões judiciais. Ele usa as respostas destas decisões para ganhar voto, sendo que não há uma concordância da Justiça no mérito com Marçal. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Para Sakamoto, Marçal tira proveito das punições brandas e da lentidão da Justiça Eleitoral para produzir novos conteúdos para suas redes sociais e favorecer sua imagem.

Marçal tenta operar com o duplo sentido, sendo que todos sabem o que ele quis dizer. Isso é grave. Ele faz isso, a Justiça manda tirar, e ele faz de novo porque sabe que só pagará multa ou, no máximo, dará espaço em suas redes sociais para uma publicação do Boulos, que na verdade não causaria tanto impacto.

Marçal moveu uma ação contra os vídeos [de direito de resposta de Boulos] não pelo impacto, mas levantar essa lebre do TRE ele agora pode dizer 'até a Justiça está do meu lado contra o Boulos'. Ele quer transformar todo esse processo judicial em um circo midiático, para produzir novos recortes em vídeo que circularão pelas redes sociais.

Tudo o que Marçal está fazendo é para transformar isso em produção de conteúdo para favorecer a imagem dele. O que me admira é a Justiça Eleitoral não perceber ou olhar de forma convencional para o que está acontecendo. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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Análise: Se Pix for comprovado, Marçal pode ser cassado e ficar inelegível

Pablo Marçal (PRTB) pode se tornar inelegível por oito anos e ser cassado caso se comprove que uma empresa em seu nome pagou um influenciador para recortar vídeos usados em sua campanha à prefeitura de São Paulo, explicou o advogado eleitoral Renato Ribeiro de Almeida

Esse tipo de comportamento, embora seja novo, é uma prática comum sobre a qual a Justiça Eleitoral já se debruçou milhares de vezes, que é o abuso de poder econômico, principalmente quando empresas financiam a participação de determinadas candidaturas. Desde 2015, é proibido qualquer financiamento empresarial de campanhas.

Se ficar comprovado que uma empresa associada a um empresário que é candidato está promovendo uma espécie de caixa dois, que é justamente disso que se trata, fica mais do que comprovado o abuso de poder econômico porque está vindo de uma fonte vedada.

As empresas não têm título de eleitor. Não faz sentido uma empresa, ainda que seja de propriedade do próprio candidato, participar das eleições e mover recursos para influenciadores. Isso não vai para a contabilidade oficial, e nem poderia porque é absolutamente ilegal.

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Comprovado todo esse contexto fático, levaria à cassação do registro ou do diploma e também à inelegibilidade por oito anos. É uma coisa bastante séria e grave, que não se pode tolerar na política porque tiro a paridade das armas em uma situação como essa. Renato Ribeiro de Almeida, advogado eleitoral

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