Além de elo com PCC, ex-líder do PRTB é acusado de golpe e de agredir ex
Acusado de trocar carros de luxo por drogas para o PCC, o ex-presidente estadual (SP) do PRTB Tarcísio Escobar também já foi acusado de estelionato em porta de banco e de violência contra a ex-mulher.
O que aconteceu
Escobar comandou o PRTB por três dias em março deste ano. Ele foi substituído pelo advogado Joaquim Pereira de Paulo Neto, que admitiu em vídeo que o presidente de fato continuava sendo Escobar, que nos meses seguintes negociou apoios eleitorais no estado em nome do PRTB.
Ele foi indicado para a presidência estadual da sigla por Leonardo Avalanche. O presidente nacional do PRTB também é o fiador de Marçal para a disputa municipal deste ano em São Paulo.
Violência, estelionato e despejo
A ex-mulher de Escobar pediu ajuda à polícia em agosto de 2022. Tamires da Silva, 32, já estava separada do marido quando pediu uma medida protetiva contra Escobar, com quem foi casada por seis anos e com quem teve um filho, hoje com 11 anos.
Ela disse no inquérito que vinha sendo ameaçada pelo ex. "Ele ligou falando que iria me bater, me agredir da forma que fazia quando eu era casada porque coloquei meu filho de castigo", afirmou na época. "Ele tem arma na casa dele, não tem porte de nada. Então já me separei porque fui anos agredida e quero medida protetiva."
O caso chegou à Justiça. Escobar, que não indicou advogado para defendê-lo, nunca foi encontrado para receber a intimação judicial.
A juíza do caso concedeu a medida protetiva ainda em agosto. Ele foi proibido de chegar a 300 metros da ex e de seus familiares, de manter qualquer tipo de contato por qualquer meio de comunicação e de frequentar os mesmos lugares que Tamires, "mesmo que tenha chegado anteriormente ao local", escreveu a juíza Ana Luiza Madeiro Cruz Eserian.
[Ele] diz ser muito importante em Suzano, onde mora. Que anda com pessoas importantes e nada acontece com ele.
Tamires da Silva, ex-mulher de Escobar
Golpe de R$ 300 em porta de banco
Escobar foi preso em flagrante em 2012. Em fevereiro daquele ano, ele se passou por funcionário de uma agência do Bradesco em Barueri, na Grande São Paulo.
A vítima, Maria do Socorro, precisava depositar um envelope com R$ 300 em um caixa eletrônico. "Oportunidade que o acusado pegou o envelope com a quantia de R$ 300 em dinheiro", diz a investigação. "O indiciado não efetuou o depósito do envelope, mas sim outro envelope vazio, que o acusado simulou inserir na máquina."
Ao desconfiar do golpe, Socorro pediu ajuda à Guarda Civil Metropolitana. Os agentes enquadraram Escobar e, com ele, encontraram o envelope de Socorro, um outro com mais R$ 300 e alguns envelopes vazios do Bradesco e Caixa Econômica Federal, "concluindo que os meliantes aplicaram outros 'golpes' semelhantes", diz o inquérito. O dono do segundo envelope foi encontrado e reconheceu Escobar em uma foto.
Presos em flagrante, Escobar e um comparsa foram soltos no dia seguinte. O ex-dirigente do PRTB pagou R$ 1.000 e nunca mais foi encontrado pela Justiça para ser intimado. Ele também não constituiu advogado para defendê-lo.
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Quero receberPara não prescrever, o processo foi suspenso de 2015 a 2023. Em 15 de agosto último, a Justiça tentou intimar Escobar, mas novamente não conseguiu encontrá-lo.
Pedido de despejo
O caso mais recente é um processo pedindo seu despejo. Vidal Canon alugou para Escobar um apartamento em Poá (Grande São Paulo) em junho do ano passado. Em maio deste ano, Canon pediu o imóvel de volta porque o inquilino acumularia irregularidades.
Aluguel atrasado, conta de luz sem pagar. Segundo o proprietário, Escobar não pagava o aluguel havia dois meses e soube que a luz do imóvel seria cortada por falta de pagamento. Como o inquilino não passou a conta para seu nome, Canon teve o nome incluído em um órgão de proteção ao crédito. Além disso, a portaria do prédio informou que o apartamento estava vazio porque Escobar não aparecia havia meses.
Mesmo assim, a Justiça negou o despejo. O juiz considerou a vigência do aluguel, até 27 de julho de 2025. "Ainda não se encerrou o prazo do contrato, sendo, portanto, incabível a retomada do bem para uso próprio neste momento", escreveu o juiz Eduardo Messias Altemani.
A polícia já abriu sete inquéritos contra Escobar, segundo sua Folha de Antecedentes. Quatro foram por estelionato —incluindo o golpe bancário— em 2008, 2011 e 2012; outro foi por lesão corporal culposa (sem intenção) no transito e por dirigir sem habilitação, em 2009. Os mais graves foram em 2020 e 2023. Esses inquéritos investigam sua suposta associação ao crime organizado.
No mais recente, a Polícia Civil diz que Escobar trocou carros de luxo por drogas para o PCC. Ele financiaria o tráfico e dividiria os lucros com seu antigo sócio, Júlio César Pereira, o Gordão. As investigações continuam.
Nas redes sociais, disse que não pede "certidão negativa de ninguém". "Já tirei 20 mil fotos nessa campanha", disse ele sobre sua foto com Escobar. Antes do debate na TV Bandeirantes, ele disse que era Avalanche quem devia explicações.
Procurado, Avalanche não respondeu. Sobre o caso, o PRTB divulgou nota afirmando que "Tarcísio Escobar não faz parte do diretório estadual do PRTB de São Paulo".
Embora tenha atuado na gestão anterior, ele foi mantido no posto provisoriamente por apenas três dias, enquanto ainda estávamos reformulando a nova equipe da atual direção.
Nota do PRTB sobre Tarcísio Escobar
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