Paes cita 'constrangimento' por ter nomeado Chiquinho Brazão em secretaria

O prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD), assumiu sentir "constrangimento" por ter nomeado para seu secretariado o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

O que aconteceu

Questionado sobre o assunto, Paes disse que seu "constrangimento é muito grande" pela nomeação do político. Chiquinho Brazão esteve à frente da Secretaria Municipal de Ação Comunitária do Rio. A declaração de Paes ocorreu durante sabatina na GloboNews, na noite de ontem (28).

Admito o erro, errei. E o meu constrangimento é ainda maior porque eu tenho o apoio da irmã, da mãe e do pai da Marielle nesta eleição. Então, meu constrangimento é muito grande.
Eduardo Paes (PSD), prefeito e candidato à reeleição no RJ

Candidato também assumiu que "faltou zelo" durante acordo político. "Na negociação com o partido Republicanos, com o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, negociamos o apoio [a Chiquinho Brazão]. Eles foram comandar uma pasta e me indicaram um deputado federal eleito pelo Rio. Mas eu devia ter tido esse zelo e não tive", admitiu Paes.

Prefeito já falou sobre bastidores da exoneração do ex-secretário. Em outra entrevista à GloboNews, no início de agosto, Paes contou sobre suposta conversa que teve com o Republicanos, então partido de Brazão, quando começaram a surgir suspeitas sobre o envolvimento do então secretário no assassinato de Marielle e Anderson.

Quando o boato começou a surgir, eu pedi que substituísse o deputado Chiquinho Brazão, que ele saísse da secretaria. (...) Falei para o partido: 'Olha, se vocês querem ficar no governo, podem, mas não quero vocês com esse nome aqui. (...) Aqui no meu governo, não vai ficar'. (...) Faço questão de não ter o apoio de parte desse grupo do Republicanos que iria fazer parte do meu governo.
Eduardo Paes, em entrevista à GloboNews no início de agosto

Deputado preso e cassado

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (28), a cassação de Chiquinho Brazão. Ele está preso desde março, quando foi deflagrada uma operação para prender os suspeitos pelo assassinato de Marielle e Anderson. Na ocasião, também foi preso o irmão dele, Domingos Brazão, conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio, e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Todos negam as acusações.

Na semana passada, Brazão foi denunciado por homicídio e organização criminosa. No dia 9, outros dois foram presos: Robson Calixto da Fonseca, ex-assessor do TCE, e o policial militar Ronald Paulo Alves Pereira, suspeito de já ter chefiado uma milícia na zona oeste do Rio.

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O homicídio foi motivado por interesse em grilar terras por milícias, segundo a PF. Conforme o relatório da Polícia Federal, Marielle estaria "atrapalhando os interesses dos irmãos" ao tentar impedir loteamentos em Jacarepaguá, reduto eleitoral dos Brazão, afirmou em delação o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor confesso dos assassinatos.

Câmara manteve prisão de Brazão. Por 277 votos favoráveis e 129 contra, os deputados referendaram a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes. Quando um deputado é preso, a Casa precisa decidir pela manutenção ou não da prisão do parlamentar.

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