Sakamoto: Abraço de Nunes e Boulos não foi de paz, mas para quebrar tensão
O abraço entre Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) no debate realizado pela Band ontem não selou a paz entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, mas ajudou a romper o clima tenso da disputa eleitoral, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta terça (15).
Sakamoto comparou a cena ao debate UOL/Folha/Cultura/Band no segundo turno da eleição presidencial de 2022, quando Jair Bolsonaro encostou a mão em Lula e o petista a tirou de seu ombro. Para o colunista, o gesto entre Nunes e Boulos teve uma carga bem menos explosiva.
Não é um abraço de paz, mas para quebrar a tensão. Também não é um abraço para subjugar. Quando Bolsonaro toca em Lula no debate de 2022, gera uma situação em que ele queria subjugá-lo. Bolsonaro é mais alto e encorpado do que Lula, que é menor. No debate seguinte, alertado pelos marqueteiros, Lula diz 'não toque em mim'.
Nunes estava realmente incomodado porque Boulos falava olhando para ele e chegava perto, mas não sentido de uma intimidação física. Isso deixa mais nervosa a pessoa que está falando. [O abraço] Foi uma ferramenta que Nunes usou naquele momento para quebrar a tensão, até por que ninguém sabia que Boulos ficaria perto.
Naquele momento, os dois desarmam; Boulos retribui o abraço e dá risada, e Nunes fala que é do Parque Santo Antônio. Ele colocou isso, mas não vi planejamento. Assisti a um momento de quebra de tensão, o que foi positivo para Nunes naquele momento. Ele estava sentindo aquela pressão. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Sakamoto destacou o contraste entre o clima de cordialidade no debate de ontem e tensão crescente nos encontros do primeiro turno, sobretudo por conta da presença de Pablo Marçal (PRTB). Para o colunista, isso pode servir de aprendizado para as próximas eleições.
Do ponto de vista final, acaba passando isso para o público: no primeiro turno houve cadeirada, dedo no olho, soco e gritaria; no segundo, houve um abraço, ainda que sendo de distensão e não planejado. O candidato se sente incomodado, mas não joga uma cadeira, soca, xinga. Ele faz uma ação e o outro retribui.
Este debate, deste jeito e de uma forma civilizada, mostra o quanto Pablo Marçal era o efeito tóxico dos debates em São Paulo e o quanto foi ruim, mesmo não sendo necessário, convidá-lo. Essa diferenciação da qualidade do debate do primeiro para o do segundo turno pode servir para a mídia repensar a estrutura desses encontros. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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