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Coreia do Norte ameaça atacar Japão; Coreia do Sul e EUA elevam nível de alerta

Do UOL, em São Paulo

10/04/2013 11h36

A Coreia do Norte ameaçou nesta quarta-feira (10) transformar o Japão em um "campo de batalha", com possíveis ataques a suas principais cidades, entre elas Tóquio, Osaka e Kioto, caso os japoneses produzam movimentos que provoquem o início de um conflito armado. O Japão, por sua vez, anunciou que se encontra em "estado de alerta" para interceptar qualquer míssil que ameace o arquipélago.

O arsenal norte-coreano

  • A quantidade exata de armas nucleares na Coreia do Norte é uma incógnita, uma vez que o país não é signatário de tratados para controle de tecnologias para destruição em massa.

    No entanto, estima-se que o arsenal do país inclui alguns foguetes que poderiam atingir não só Seul, mas capitais como Tóquio e até mesmo bases norte-americanas no Pacífico.

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Na terça-feira (9), baterias antimísseis foram instaladas no centro de Tóquio e ao redor da capital já que a Coreia do Norte já vem sinalizando que pretende atacar a vizinha Coreia do Sul e mesmo os Estados Unidos.

Editorial publicado hoje pelo jornal "Rodong Sinmundo", pertencente ao partido único norte-coreano, afirmou que o regime norte-coreano pode causar a "destruição" do Japão se esse país agir politicamente contra o país.

"O Japão está perto do nosso território e, portanto, não poderá fugir dos nossos ataques", detalha o editorial, que cita cinco cidades japonesas, nas quais se encontra um terço dos 127 milhões de japoneses, como possíveis alvos militares.

Número de ogivas por país

  • Estima-se que existam mais de 17 mil ogivas nucleares no mundo, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos. Do total, cerca de 4.300 são consideradas operacionais.

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Pyongyang também reitera sua ameaça contra as bases militares dos Estados Unidos em território japonês. "O Exército da Coreia do Norte é absolutamente capaz de fazer saltar pelos ares as bases militares não só no Japão como em outras áreas da região Ásia-Pacífico".

Coreia do Sul e EUA estão em alerta

Diante desse quadro,  Coreia do Sul e Estados Unidos elevaram hoje  o nível de alerta ante o que chamaram de "ameaça vital" representada pela Coreia do Norte, que estaria a ponto de executar um ou vários lançamentos de mísseis a qualquer momento, de acordo com a aproximação do aniversário da data de nascimento do fundador do país, 15 de abril.

O comando integrado das forças americanas e sul-coreanas alterou de  três para dois o nível de alerta - o nível um é sinônimo de guerra, o quatro equivale a tempos de paz -, informou uma fonte militar à agência sul-coreana Yonhap.

Ainda nesta quarta-feira, as autoridades sul-coreanas responsabilizaram a Coreia do Norte por ataques cibernéticos direcionados a milhares de computadores e servidores do país, no mês passado, comprometendo por até cinco dias o trabalho de bancos e grandes emissoras de TV.
O secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, pediu a redução das tensões, que considera "muito perigosas".

Como países devem reagir a ataque da Coreia do Norte

NaçãoResposta
Coreia do Sul"Um ataque simples com armas convencionais contra forças sul-coreanas levaria a uma resposta militar por parte da Coreia do Sul. Por sua vez, esta ação forçaria o aumento da escalada de agressões que, se não for parada, poderia resultar em uma guerra de grandes proporções com o uso de armas nucleares e químicas", segundo o diretor do programa de não proliferação de armas no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres, Mark Fitzpatrick
Estados UnidosAfirmaram na terça-feira (9) que têm capacidade para interceptar um míssil norte-coreano, mas que só vai fazer isso se a trajetória projetada for perigosa. O país não especificou o limite do que seria “perigoso”, mas isso com certeza incluiria um ataque ao seu território: Guam ou o Estado do Alaska, por exemplo
JapãoPosicionou nesta terça-feira (9) uma bateria de mísseis Patriot no centro de Tóquio para enfrentar qualquer disparo que ameace o país. Outras baterias antimísseis também serão instaladas na ilha de Okinawa, no sul do país
ChinaÉ aliada da Coreia do Norte. O presidente chinês, Xi Jinping, disse no domingo (6) que nenhum país "deve ter permissão para jogar uma região e mesmo o mundo inteiro no caos para ganho próprio", sem citar o aliado
União EuropeiaPlaneja enviar na quarta-feira uma nota diplomática à chancelaria norte-coreana dizendo que o país está errado ao proclamar que uma guerra é iminente. Também adotará em breve as sanções da Organização das Nações Unidas aprovadas em março, após o teste nuclear
BrasilO país está longe do alcance norte-coreano. O embaixador brasileiro na Coreia do Norte, Roberto Colin, diz que “os únicos cidadãos brasileiros que vivem na Coreia do Norte hoje são a mulher do embaixador da Palestina e sua filha caçula. (...) Não existe um plano de evacuação definido, mas, em situação de emergência, a embaixada seria evacuada para Dandong, China”

Outras autoridades em Seul disseram que a vigilância sobre as atividades da Coreia do Norte foi reforçada. Transportadores de mísseis foram vistos na província de Hamgyong do Sul, ao longo da costa leste da Coreia do Norte -- um possível local de lançamento.

Em Washington, o almirante Samuel Locklear, comandante das forças dos Estados Unidos na região do Pacífico, também disse que o Exército dos EUA acredita que a Coreia do Norte deslocou um número não especificado de mísseis Musudan para sua costa leste.

O Musudan pode alcançar alvos a uma distância de 3,5 mil km ou mais, de acordo com a Coreia do Sul, o que colocaria o Japão ao alcance e pode até ameaçar a ilha de Guam, sede de bases militares norte-americanas. A Coreia do Sul pode ser alcançada pelo mísseis Scud de curto alcance.

O lançamento pode ainda coincidir com a visita a Seul do secretário de Estado americano, John Kerry, e do comandante da Otan, Anerd Fogh Rasmussen, que chegarão à capital sul-coreana na sexta-feira (12).

Entenda

O regime de Pyongyang, irritado com as novas sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU depois do teste nuclear de fevereiro e das atuais manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, multiplicou nas últimas semanas as declarações bélicas e as ameaças.
Pyongyang advertiu os países que têm representação diplomática na Coreia do Norte que não poderia garantir a segurança das missões a partir desta quarta-feira. Na terça-feira (9), o governo retirou 53 mil funcionários norte-coreanos que trabalhavam no polo industrial de Kaesong. O acesso ao local está proibido aos sul-coreanos desde 3 de abril.

Segundo uma fonte do governo citada pela agência Yonhap, o Norte poderia lançar vários mísseis, pois foram detectados deslocamentos de veículos lançadores que transportavam Scuds - com um alcance de centenas de quilômetros - e Rodongs, capazes de viajar pouco mais de mil quilômetros.

Nesta quarta, o mais importante posto de fronteira da China com a Coreia do Norte, em Dandong, estava fechado para os turistas, mas permanecia aberto para os negócios, segundo um funcionário da alfândega na cidade.

A Coreia do Sul e seus aliados ocidentais questionam as verdadeiras intenções do jovem dirigente norte-coreano Kim Jong-Un, que ainda não completou 30 anos e sucedeu o pai, Kim Jong-Il, morto em dezembro de 2011.

Ministros das Relações exteriores do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia) vão debater o impasse entre as Coreias nesta quarta-feira em Londres.