Presidente da França anuncia apoio militar a rebeldes da Síria
O presidente da França, François Hollande, anunciou o apoio do Exército de seu país aos rebeldes que lutam contra o presidente da Síria, Bashar Assad. Segundo ele, "todas as evidências indicam que o governo sírio está por trás do massacre de inocentes, e isso precisa ser punido".
"A guerra civil na Síria ameaça a paz mundial. O conflito já chegou ao Líbano e ao Iraque. É uma preocupação internacional", afirmou Hollande nesta terça-feira (27), em um discurso. Segundo o mandatário, porém, "uma solução diplomática não impede uma militar" no caso da crise no país árabe.
A França se junta assim às potências ocidentais que avisaram a oposição síria para esperar um ataque contra o regime Assad em alguns dias, segundo fontes ouvidas por agências de notícias.
"A oposição foi avisada em termos claros que uma ação para impedir futuro uso de armas química pelo regime Assad pode acontecer nos próximos dias, e eles ainda devem se preparar para as conversas de paz em Genebra", disse à Reuters uma das fontes presentes ao encontro de segunda-feira (27).
Em entrevista à BBC, o secretário americano de Defesa, Chuck Hagel disse que as Forças Armadas dos Estados Unidos estão prontas para um ataque à Síria.
Segundo o secretário, equipamento militar necessário a um ataque já está posicionado caso o presidente ordene o ataque.
Jornais americanos publicaram, nesta terça, que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estuda a possibilidade de um ataque "breve e limitado" à Síria.
Este ataque em represália à "inegável utilização de armas químicas", segundo o secretário de Estado John Kerry, não deve durar mais de dois dias e evitará um envolvimento maior dos Estados Unidos na guerra civil que a Síria vive desde março de 2011, destaca o jornal "Washington Post", que cita fontes do governo que pediram anonimato.
O "New York Times" também afirma que Obama deve ordenar provavelmente uma operação militar limitada.
Washington poderia ordenar um ataque com mísseis de cruzeiro a partir de centros americanos no Mediterrâneo contra alvos militares sírios, informa o jornal, que também cita fontes do governo.
A intervenção seria pontual e não buscaria a derrubada do presidente Bashar Assad nem a mudança de curso da guerra civil na Síria, completa o "NYT".
Nos próximos dias, autoridades da inteligência americana devem revelar informações que respaldariam a acusação de que o governo sírio seria o responsável pelo ataque com armas químicas de 21 de agosto, que - segundo a oposição - teria provocado 1.300 mortes.
Reino Unido prepara debate
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, convocou o Parlamento para debater uma possível ação militar na Síria em resposta ao suposto uso de armas químicas. Uma reunião será realizada na quinta-feira (29).
Um porta-voz de Cameron disse que as Forças Armadas britânicas estão se certificando de que estão em posição de responder militarmente se forem solicitadas a fazê-lo.
"É razoável assumir que nossas forças estão fazendo planos de contingência", disse o porta-voz a jornalistas, ressaltando que ainda não foi tomada nenhuma decisão sobre uso da força e que eventual escolha seria baseada em evidências de "uma série de fontes".
EUA conversam com aliados
O governo dos Estados Unidos está em conversações com os aliados ocidentais, ante a pouca esperança de obter autorização para um ataque do Conselho de Segurança da ONU, já que a Rússia, principal aliado da Síria, bloquearia a medida.
A Rússia pediu nesta terça-feira "prudência" aos Estados Unidos e à comunidade internacional e destacou que uma intervenção militar teria consequências "catastróficas" para os países do Oriente Médio e do norte da África.
Também pediu a Washington e à comunidade internacional "prudência e respeito estrito ao direito internacional, baseado sobretudo nos princípios fundamentais da Carta da ONU".
Síria diz que irá responder
O governo sírio, acusado pela comunidade internacional de ter bombardeado com armas químicas uma área controlada por rebeldes, prometeu nesta terça-feira defender-se de um eventual ataque ocidental.
"Temos duas opções: rendição ou defesa com os meios que temos. A segunda alternativa é a melhor: nos defenderemos", declarou o ministro das Relações Exteriores do país, Walid Muallem.
"Atacar a Síria não é um assunto fácil. Dispomos de meios defensivos que surpreenderão os demais", disse Muallem.
O ministro afirmou que um ataque ocidental não afetaria a campanha militar de Damasco contra os rebeldes.
"Se acreditam que assim poderão impedir a vitória de nossas Forças Armadas, se enganam", afirmou em entrevista coletiva em Damasco. (Com agências internacionais)
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