Corpo de Mandela será enterrado em vilarejo na África do Sul; funeral deve durar até 12 dias
O corpo do ex-presidente da África do Sul e Nobel da Paz Nelson Mandela, morto nesta quinta-feira (5), aos 95 anos, em Johannesburgo, será enterrado em 15 de dezembro na aldeia de Qunu, em Cabo Oriental, na África do Sul, onde o líder cresceu e também estão enterrados os restos mortais de familiares, incluindo três filhos.
O velório vai acontecer no dia 10 no Estádio Nacional de Johannesburgo, capital do país, e entre os dias 11 e 13 de dezembro em Union Buildings, em Pretória, residência oficial e sede do gabinete da Presidência do país, local onde ele tomou posse após vencer as primeiras eleições democráticas depois do fim do apartheid. Cerimônias em memória do ex-presidente acontecerão em todo o país no período. O cronograma das cerimônias oficiais foi dado nesta sexta-feira (6) pelo presidente da África do Sul, Jacob Zuma, em pronunciamento oficial.
Nas primeiras horas desta sexta-feira (6), o corpo de Mandela foi transferido da casa do líder, em Johannesburgo, para um hospital militar em Pretória, segundo a emissora pública SABC. O caixão estava coberto com uma bandeira da África do Sul. O corpo do ex-líder deve ser embalsamado em um necrotério.
Simpatizantes do ex-presidente faz vigília nos arredores de sua casa, onde cantam canções tribais e o hino nacional, muitos usando trajes tradicionais das etnias zulu e xhosa. Segundo o jornal inglês "The Guardian", carros estacionam há pelo menos cinco quarteirões da casa de Mandela.
Por ordem da Presidência da África do Sul, todas as bandeiras nacionais foram reduzidas a meio mastro a partir de hoje. O país declarou luto oficial de dez dias.
O funeral de Nelson Mandela deve durar entre dez e 12 dias, entre cerimônias tradicionais e oficiais.
Funeral terá diferentes cerimônias
Nos primeiros quatro dias, segundo a tradição local, haverá a cerimônia de “fechamento dos olhos”. Nela, líderes tradicionais entram em contato com o morto e seus antepassados para explicar as fases de passagem da vida após a morte. Até o quinto dia não haverá cerimônia pública.
Nove dias depois da morte de Mandela, um avião militar com o caixão vai deixar a base área de Pretória e voar para o sul de Mthatha, a principal cidade na província de Cabo Oriental. Anciãos Thembu e membros da família Mandela estarão no voo.
Do aeroporto de Mthatha, o caixão será transportado para a aldeia de Qunu, onde o líder passou sua infância. Ao longo do caminho, o veículo deve fazer pausas para orações e permitir que sul-africanos façam suas homenagens. Já na casa da família de Mandela, os militares passarão formalmente os restos mortais de Mandela aos familiares e a bandeira da África do Sul que cobre o caixão deverá ser trocada por um cobertor xhosa tradicional, simbolizando o retorno de um dos seus.
Ao anoitecer, os líderes do ANC, chefes locais e familiares de Mandela devem se reunir para uma vigília noturna privada antes de um funeral publico no dia seguinte.
Ao meio-dia do horário local, Mandela deve ser enterrado.
Políticos, artistas e líderes espirituais vindos do mundo inteiro são esperados. Chefes de Estado, como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mas também personalidades com a apresentadora americana Oprah Winfrey, a ex-primeira-dama e secretária de Estado americano Hillary Clinton, o ex-capitão da Seleção sul-africana de rúgbi -- campeão da Copa do Mundo de 1995-- Francois Pienaar, etc.
A data de segunda-feira 16 de dezembro também tem sido mencionada por ser o "Dia da Reconciliação", um feriado na África do Sul, o que seria particularmente conveniente para enterrar o Pai da Nação sul-africana, unanimemente elogiado por dar voz a negros e brancos após séculos de segregação racial. Em 16 de dezembro também está programado para ser erguida uma estátua do ex-líder em frente ao Union Buildings.
O anúncio da morte de Mandela foi feito na noite de ontem por Jacob Zuma, em um emocionado discurso televisivo. Segundo ele, o ex-presidente faleceu "serenamente em sua casa em Johanesburgo".
"Quero recordar, com simples palavras, a sua humildade e a sua grande humanidade pela qual o mundo inteiro terá imensa gratidão para sempre", disse o mandatário.
Ainda segundo o Guardian, o evento é comparado ao funeral do papa João Paulo II em 2005, e pode começar ainda hoje, com a transferência do corpo a um mortuário, com escolta da polícia e uma possível transmissão ao vivo na televisão.
Zuma disse ontem que serão abertos "livros de condolências" em todas as representações diplomáticas do país no exterior, enquanto no quarto dia após a morte, iniciarão as visitas de "dignatários" à família de Madiba. No sexto dia, será realizada uma cerimônia comandada pelo atual presidente da África do Sul, Jacob Zuma, na presença de líderes de várias organizações, que será acompanhada por telões nas principais cidades do país, incluindo o bairro Soweto, em Johanesburgo.
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